Páginas

quinta-feira, julho 11, 2024

Abin foi usada para produzir prova a favor de Renan Bolsonaro em investigação por tráfico de influência, diz PF

Jair Renan Bolsonaro em imagem do dia 9 de julho de 2022, em Brasília — Foto: Adriano Machado/Reuters/Arquivo


O suposto esquema de espionagem ilegal na Agência Brasileira de Inteligência (Abin) na gestão de Jair Bolsonaro (PL) foi utilizado para produzir provas a favor do filho do ex-presidente Jair Renan Bolsonaro, que em 2021 era investigado por tráfico de influência, de acordo com a Polícia Federal.


A investigação da corporação indica que o então ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Alexandre Ramagem ordenou que policiais federais utilizassem "das ferramentas e serviços da Abin para serviços e contrainteligência ilícitos e para interferir em diversas investigações da Polícia Federal", entre elas a aberta contra Jair Renan Bolsonaro.


Os investigadores identificaram que a origem da ação, no entanto, veio a partir de pedido do Gabinete de Segurança Institucional, o GSI, comandado à época pelo general Augusto Heleno.



Dentro do trabalho para ajudar Jair Renan na investigação de tráfico de influência, indica a PF, os agentes associados à Abin paralela teriam espionado duas pessoas ligadas à empresa do filho de Bolsonaro e, portanto, à investigação sobre tráfico de influência:


Allan Lucena, sócio de Jair Renan na época;

Luís Felipe Belmonte, empresário que pagou os custos de reforma na empresa de Jair Renan, mas que negou ter recebido qualquer contrapartida ou ter fechado acordo com o poder público por conta da doação.

Entre os suspeitos da espionagem ilegal estão o policial federal Marcelo Araújo Bormevet e o militar Giancarlo Gomes Rodrigues, presos nesta quinta-feira (11). As mensagens interceptadas entre eles dizem que o pedido de espionagem teria partido do "01" e têm sugestões de "sequestrar" ou "extorquir" Belmonte.


Veja o trecho de conversa entre eles, obtido pela investigação:


Bormevet: "Precisamos achar podres";

Bormevet: "Matérias normais eu já tenho";

Giancarlo: "Vamos sequestrar isso sim. Ou achando podres vamos extorquir".

Segundo a PF, um dos agentes envolvidos tentou produzir provas de que um carro era de posse do sócio de Jair Renan. No entanto, o policial federal foi flagrado filmando Allan Lucena, que registrou boletim de ocorrência por ameaça, diz o documento.


"Noutros termos, o presente evento corrobora a instrumentalização da Abin para proveito pessoal. Neste caso o intento era fazer prova em benefício ao investigado Renan Bolsonaro", afirma a PF.


Filhos de Bolsonaro

A estrutura da Abin também foi usada para espionar fiscais da Receita Federal responsáveis pelos relatórios que deram início às investigações de "rachadinha" no gabinete de Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).


Em 2022, a investigação de tráfico de influência foi encerrada, porque os policiais não viram indícios mínimos de que Jair Renan teria atuado para favorecer junto ao governo federal uma empresa de mineração que depois beneficiaria sua própria empresa.


Neste ano, no entanto, Jair Renan virou réu na Justiça, acusado pelos crimes de lavagem de dinheiro, falsidade ideológica e uso de documento falso.


O filho do ex-presidente é acusado de fraudar documentos de uma empresa para conseguir empréstimos bancários. A dívida passa de R$ 360 mil. Segundo as investigações, ele também usou um laranja para ocultar valores obtidos de forma ilegal.


Fonte: g1

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Sua opinião é muito importante para nós, comente essa matéria!