Ex-ajudante de ordens e atual assessor do ex-presidente Jair Bolsonaro, o primeiro-tenente Osmar Crivelatti movimentou quase R$ 2,7 milhões em suas contas correntes entre 2021 e junho de 2023.
A cifra consta no relatório da e-Financeira da Receita Federal, recebido pela CPI dos Atos Golpistas e obtido pelo g1.
A CPI chegou a agendar um depoimento de Osmar Crivelatti para a sessão desta terça-feira (19). A pedido da defesa, no entanto, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) André Mendonça definiu que o comparecimento não é obrigatório.
O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) já havia apontado, no relatório de inteligência financeira (RIF), que "não foram encontradas justificativas para a movimentação financeira" e que havia "indícios do crime de lavagem de dinheiro".
De acordo com o Portal da Transparência, o militar, que ainda trabalha como servidor de apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro, recebe em média, R$ 12.826,58 líquidos no serviço militar e mais R$ 2.246,00 pela função de apoio.
Mesmo assim, só entre janeiro e junho de 2023, Crivelatti movimentou R$ 894.861,12 entre débitos e créditos em suas contas correntes.
O valor corresponde a 59 meses de rendimentos mensais do militar. É como se, em seis meses, ele tivesse recebido o salário correspondente a cinco anos de trabalho.
A defesa afirmou ao blog que não teve acesso aos relatórios enviados à CPI, já que os documentos tramitam em sigilo.
"O que podemos afirmar é que, enquanto servidor público federal, todos os rendimentos do Sr. Osmar Crivelatti estão disponíveis no Portal da Transparência", dizem os advogados.
Joias sauditas
Crivelatti se envolveu no caso da tentativa de venda de um relógio de luxo recebido por Jair Bolsonaro em uma viagem oficial à Arábia Saudita, em 30 de outubro de 2019.
O presente, foi dado pelo rei da Arábia Saudita, Salman bin Abdul-Aziz, e era composto por um relógio Rolex modelo Oyster Perpetual Day-Date em ouro branco cravejado em diamantes e com mostrador em madrepérola branca, também com diamantes.
Além de uma caneta, um par de abotoaduras, um anel e um rosário islâmico.
Foi o ex-ajudante de ordem quem assinou, em 6 de junho de 2022, a retirada do Rolex, do acervo de presentes oficiais do gabinete-adjunto de Documentação Histórica do Palácio do Planalto.
Depósitos para Michelle Bolsonaro
Crivelatti também é um dos ex-ajudantes de ordem que tinham em seus e-mails comprovantes de depósitos em dinheiro feitos à ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro. Ao todo, foram identificados R$ 60 mil em 45 comprovantes.
Os depósitos foram realizados com dinheiro vivo, em envelopes, o que dificulta a identificação da origem dos recursos.
Eles faziam as transferências, escaneavam os comprovantes e enviavam para os próprios e-mails funcionais. Oito desses e-mails estavam na pasta de mensagens excluídas.
Em todos os casos em que os valores foram fracionados, os depósitos foram feitos com diferenças de minutos. Ou seja, ao invés de fazer um único depósito de R$ 7,7 mil, por exemplo, quem quer que tenha feito o depósito preferiu dividir o valor em oito depósitos de valores que variavam entre R$ 800 e R$ 900.
Em investigações anteriores, este modelo de depósitos foi tratado pela PF como indício de tentativa de burlar possíveis investigações e sinal de que o dinheiro pode ter origem irregular.
Fonte: Blog da Camila Bomfim
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