segunda-feira, maio 29, 2023

Maduro diz que comissão vai apurar valor da dívida da Venezuela com BNDES e retomada dos pagamentos

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, afirmou nesta segunda-feira (29) que uma comissão bilateral "vai estabelecer a verdade" após ser questionado sobre a dívida venezuelana com o Brasil.


O presidente da Venezuela, Nicólas Maduro, ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Palácio do Itamaraty, em Brasília, nesta segunda-feira (29). — Foto: Reprodução/TV Globo


Maduro e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foram questionados sobre o tema por jornalistas ao fim de um almoço no Palácio do Itamaraty, sede do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, em Brasília.


Lula afirmou não saber e questionou Maduro: "Você sabe qual é o tamanho da dívida [da Venezuela com o Brasil]?".


"Vai ser estabelecida uma comissão para estabelecer esse tamanho [da dívida] e retomar os pagamentos", respondeu o presidente venezuelano.


Indagado novamente se não havia um valor da dívida, Maduro disse: "A comissão vai estabelecer a verdade [sobre o total da dívida]". E complementou que analisariam a retomada dos pagamentos.


Uma parte da dívida da Venezuela com o Brasil diz respeito a financiamentos via Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).


Nesse tipo de operação — chamada de exportação de serviços — o banco desembolsa recursos no Brasil, em reais, para uma empresa brasileira responsável pela obra ou pela exportação de bens e serviços ao país estrangeiro.


Quem paga o financiamento, com juros em dólares, é o país que ganhou o empréstimo. A Venezuela recebeu dinheiro para construir uma usina, um estaleiro e o metrô de Caracas, por exemplo.


Segundo o portal do BNDES, até março de 2023, a Venezuela acumulou 722 milhões de dólares em parcelas atrasadas. Outros parcelas ainda estão por vencer. No total, o banco desembolsou 1,5 bilhão de dólares no país.


Em fevereiro, durante a cerimônia de posse de Aloizio Mercadante como presidente da instituição, o presidente Lula disse ter "certeza" que a Venezuela quitaria as dívidas com o BNDES durante o seu governo.


"Eu tenho certeza que, no nosso governo, esses países vão pagar, porque são todos países amigos do Brasil e certamente pagarão a dívida que têm com o BNDES", disse.


'Momento histórico', diz Lula

Maduro não visitava o Brasil desde 2015, quando esteve na posse do segundo mandato de Dilma Rousseff.


O presidente venezuelano veio ao Brasil para participar da reunião dos presidentes dos países sul-americanos em Brasília, que acontecerá na terça-feira (30).


Mais cedo, nesta segunda, ele participou de um encontro com Lula no Palácio do Planalto, classificado pelo presidente brasileiro como um "momento histórico".


"Penso que esse novo tempo que estamos marcando agora não vai superar todos os obstáculos que você tem sofrido ao longo desses anos", disse.


Lula também defendeu uma "integração plena" entre os países. "Sabemos da dívida da Venezuela, e sabemos que tudo isso faz parte, e vai fazer parte de um acordo que a gente faça para que a nossa integração seja plena", afirmou.



Fim das sanções

Ainda no Planalto, Maduro afirmou que vai pedir aos países da América do Sul que reforcem aos Estados Unidos a solicitação para retirada das sanções econômicas contra o país caribenho.


Maduro afirmou que apresentará a proposta nesta terça-feira (30) durante cúpula de líderes da América do Sul.


"Com relação à reunião de amanhã, nós em todas as reuniões, em todos esses fóruns, buscamos trazer luz à verdade, à realidade dos nossos países", disse Maduro.


"Nós temos levado a proposta de que, como região, os governos solicitem aos Estados Unidos da América a suspensão de todas as sanções e todas as medidas coercitivas contra a Venezuela e contra os países que sofrem esse tipo de sanção em nossa América", afirmou.


O presidente Lula não se manifestou diretamente sobre o pedido durante entrevista à imprensa após reunião bilateral com Maduro, mas criticou as sanções.


"É inexplicável um país ter 900 sanções porque outro país não gosta dele."


"Acho que está nas suas mãos, companheiro [Maduro], construir a sua narrativa e virar esse jogo para a Venezuela voltar a ser um povo soberano, onde somente seu povo, através de votação livre, diga quem vai governar o país", disse Lula. "E nossos adversários vão ter que pedir desculpas pelo estrago que eles fizeram na Venezuela", concluiu.


Fonte: g1

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