terça-feira, março 14, 2023

França expôs programa de passagem barata em reunião, mas o divulgou sem aval da Casa Civil

A proposta do ministro de Portos e Aeroportos, Márcio França (PSB), de formatar um programa que permitiria a venda de passagens aéreas a R$ 200 foi apresentada para o governo na sexta-feira (10) e foi questionada da pelo ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), na ocasião. Ainda assim França se antecipou e divulgou o tema, sem o aval formal da Casa Civil, no dia seguinte, o que foi mal recebido pelo Planalto.


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O ministro Márcio França, em foto de 2022 — Foto: Tom Zé Fonseca/Futura Press/Estadão Conteúdo


Na reunião ministerial de sexta-feira, a proposta foi exposta por França para os seus pares. A ideia era fazer algo que tivesse um impacto social importante, com mais pessoas de baixa renda voando, o que nos governos anteriores de Lula levou seus críticos a dizerem que "o aeroporto tinha virado uma rodoviária".



Lula sempre viu a declaração como um ativo político – não uma crítica –, e França usou o argumento para expor Programa Voa Brasil, que operaria com ajuda da Caixa. Durante a reunião de sexta-feira, França chegou a dizer que fevereiro era um dos períodos de maior ociosidade dos voos, e Costa o questionou alegando que a época era de Carnaval. Durante a apresentação do programa, Costa e Marcio até entraram numa conversa sobre compra de passagens a R$ 200, com o ministro da Casa Civil falando que se o valor fosse esse compraria antecipadamente para Salvador – e França dizendo que ele não comprava a R$ 200 porque demorava para comprar.


Apesar da conversa, não houve o sinal verde da Casa Civil sobre o tema, mas ainda assim França divulgou a proposta. A divulgação, via redes sociais e entrevistas, ocorreu nos últimos dias. Na segunda, falou sobre a ociosidade nos voos e disse no Twitter: "A ideia do presidente @LulaOficial é que isso mude. Tem um monte de gente que mora distante da família e não consegue visitá-la, por conta dos altos preços. E, por outro lado, tem avião decolando com cadeira vazia. Ruim para a população e para as empresas aéreas."



A iniciativa caiu mal no governo. Sem citar França, Lula criticou esse tipo de postura nesta terça-feira (14). "Todo e qualquer posição, qualquer genialidade que alguém possa ter, é importante que antes de anunciar faça uma reunião com a Casa Civil. Para que a Casa Civil discuta com a Presidência da República e que a gente possa chamar o autor da genialidade e a gente então anuncie publicamente como se fosse uma coisa do governo", afirmou Lula.


Não é a primeira vez que ministros dão entrevistas divulgando propostas que não foram avalizadas pela Presidência. Os ministros da Previdência e do Trabalho, Carlos Lupi (PDT) e Luiz Marinho (PT), respectivamente, já tiveram de recuar de anúncios que fizeram por conta própria. Na ocasião, Lula chegou a reclamar. E hoje teve de voltar ao tema.


Fonte: Blog da Júlia Duailibi

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