A fala do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, classificando como “bobagem” a autonomia por lei do Banco Central e criticando a meta de inflação, gerou preocupação entre empresários e economistas aliados do petista.
Comentando reservadamente as declarações de Lula, eles dizem compartilhar do foco social do presidente, mas avaliam que o caminho sinalizado na economia pode comprometer as propostas do governo.
Em entrevista à comentarista Natuza Nery, Lula sugeriu que a meta de inflação de 3,7%, na verdade é de 3,25%, prejudica o crescimento da economia e faz o Banco Central subir mais os juros.
O presidente defendeu uma meta de 4,5%, como foi nos seus governos, indicando que pode defender a mudança da meta para o próximo ano para esse patamar.
Um economista disse ao blog que Lula está no rumo certo ao focar na área social, mas erra ao defender um discurso velho do PT de criticar o pagamento de juros da dívida pública.
Ele destacou que o pagamento de juros, criticado pelo presidente, é elevado porque o governo federal sempre gasta mais do que arrecada e precisa se endividar para bancar seus gastos.
O caminho, destaca um empresário, é exatamente controlar as contas públicas, reduzir os gastos, para reduzir o pagamento de juros e ter mais recursos para investir na área social.
Ele teme que Lula insista nesse discurso, abrindo mão se for necessário do ajuste fiscal para bancar seus programas sociais. O resultado será, no médio prazo, mais inflação e menos crescimento.
Ontem, o mercado já havia reagido mal às declarações de Lula após reunião com sindicalistas, quando ele falou em garantir uma faixa de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil.
A medida foi uma promessa de campanha, só que ela representa uma perda de receita R$ 110 bilhões por ano para o governo.
Economistas questionam de onde o governo vai tirar tanto dinheiro para financiar a medida, que social e politicamente está correta, mas dificilmente seria viável economicamente.
Nesta quinta (19), o mercado deve seguir de mau humor em relação às falas de Lula, já que a entrevista foi divulgada depois do fechamento dos negócios, na quarta (18).
O principal temor dos economistas é o presidente tirar toda a credibilidade da equipe econômica comandada por Fernando Haddad. Um economista disse que, neste momento, enquanto Haddad tenta ganhar credibilidade, Lula parece jogar contra seu ministro da Fazenda.
Fonte: Blog do Valdo Cruz
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