Um microveículo aéreo não tripulado que pode ser usado em missões militares, reconhecimento de locais de difícil acesso, monitoramento de fronteiras, entre outras ações, foi desenvolvido na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e o registro de propriedade intelectual definitivo em novembro.
O equipamento denominado Microvant tem o diferencial de possuir uma grande autonomia, apesar do tamanho reduzido.
“Uma das principais preocupações no projeto foi fazer com que ele possuísse grande autonomia de voo e fosse capaz de levar uma carga para realizar missões autônomas, trazendo informações ao usuário”, pontua Alysson Nascimento de Lucena, um dos inventores do equipamento.
Na época da invenção, aluno do doutorado do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica e de Computação, Alysson acrescenta que o Microvant possui baixo risco durante a operação e simplicidade no uso, diminuindo a burocracia e facilitando sua aplicação em áreas povoadas.
Orientador da tese que resultou na patente, Luiz Marcos Garcia Gonçalves, explica que a invenção também apresenta baixo custo de produção e manutenção, com decolagem por lançamento manual e pouso sem necessidade de pistas apropriadas, além de baixa resposta a radar, tornando-a útil em aplicações militares.
“A aeronave é pouco perceptível visualmente devido às suas dimensões reduzidas, o que também facilita a sua camuflagem após o uso. A presente invenção teria vantagem em comparação com os demais Veículos Aéreos Não Tripulados (Vants) em operação em vários aspectos. Um deles é que, pelo mesmo custo de um Vant, pode-se ter uma frota de Microvants varrendo uma área muito maior em uma missão ou operando durante um período de tempo maior”, ressalta o professor do Departamento de Engenharia de Computação e Automação da UFRN.
Pesquisador vinculado ao laboratório NatalNet, Gonçalves frisa que, durante o período em que estavam elaborando o pedido para patentear a tecnologia, no ano de 2016, entre os modelos Vant com depósitos de patente existentes e outros utilizados em sistemas comerciais sem patentes, verificou-se que nenhum deles combina as características apresentadas pelo novo equipamento.
São aspectos como peso, risco de operação às pessoas e instalações físicas e custo de produção e manutenção baixos, que diferenciam o veículo. Além disso, ele requerer um número reduzido de pessoas para operá-lo, com decolagem por lançamento manual e pouso sem necessidade de pistas apropriadas.
Entre os tipos de aeronave mais utilizados, segundo ele, estão os multirrotores, tais como tricóptero, quadricóptero, hexacóptero e seus derivados. Essas aeronaves são mais usadas por possuírem um processo de manuseio e controle relativamente mais simples do que o de veículos aéreos do tipo aeroplanadores, por exemplo. Além desses fatores, o projeto de aeroplanadores em menor escala requer maior esforço.
Nesse cenário, surgem as aeronaves genéricas, desenvolvidas para uso em aplicações diversas, como o caso do projeto desenvolvido pelos cientistas da UFRN, com custo de produção e manutenção irrisório quando comparado ao de outras aeronaves em operação.
Os pesquisadores comparam: em 2014, a Força Aérea Brasileira (FAB) adquiriu o modelo Hermes 900, fabricado pela Elbit Systems para monitoramento dos estádios da Copa do Mundo FIFA 2014. O contrato custou US$ 8 milhões. Para operar o sistema, são necessárias 10 pessoas. No caso do Microvant patenteado, ele tem o custo dos seus materiais inferior a US$ 500 para uma unidade e uma única pessoa é capaz de operar todo o sistema, da decolagem ao pouso.
“Esse projeto foi uma encomenda Finep. Eles nos propuseram um desafio de fazer um avião com menos de 250 gramas, que conseguisse viajar por ao menos uma hora e cumprisse dez quilômetros de distância. O nosso protótipo final tem cerca de 160 gramas e foi testado aqui em Natal, um lugar com sérias condições de vento, então ele é bem resistente e está pronto para ir em multimissões. Foram 20 protótipos antes de chegarmos a esse resultado”, destaca Luiz Gonçalves.
Outro inventor envolvido, Raimundo Carlos Silvério Freire Júnior, salienta que o Microvant pode ser usado em regiões povoadas, já que possui uma massa reduzida e não oferece perigo nem ao seu operador nem a humanos que estejam na área de operação.
Ele ressalta que a invenção pode servir para vários tipos de aplicações “dependendo do tipo de sensor que será instalado, como câmeras e outros tipos de sensores, desde que sejam de pequena massa”.
“Tentamos responder a uma indagação de quais os limites que um Vant pode ter de peso, largura e comprimento e ainda possuir utilidade prática”, afirmou Raimundo Júnior.
Além dos três citados, participaram do estudo Luiz Eduardo Cunha Leite e Júlio César Paulino de Melo.
Fonte: g1
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