O Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente (Idema) propôs a reserva de uma área para criação de uma unidade de conservação da caatinga e das cabeceiras da bacia hidrográfica do Rio Potengi, no Rio Grande do Norte.
Uma portaria foi publicada na última quarta-feira (23), no Diário Oficial do Estado (DOE), com proposta de reserva de 12.356 hectares, entre os municípios de Cerro Corá, São Tomé e Currais Novos.
A futura unidade de conservação deverá ser chamada Refúgio da Vida Silvestre, segundo o órgão.
"Devido à elevada diversidade biológica presente na região, o espaço é apontado pelo Ministério do Meio Ambiente como uma das Áreas Prioritárias para Conservação da Caatinga, o bioma de maior extensão no território potiguar", informou o Idema em comunicado à imprensa.
De acordo com o diretor-geral do Idema, Leon Aguiar, a caatinga é o bioma menos protegido do Rio Grande do Norte, o que aumenta a importância de alinhar políticas públicas para conservação da biodiversidade com os desafios das mudanças climáticas e da sustentabilidade.
“Também consideramos na escolha da área a importância da preservação dos recursos hídricos e o combate à desertificação na região semiárida como mecanismo de mitigação dos efeitos do aquecimento global e garantia da segurança hídrica”, disse.
A escolha da área contou com a participação de diversos pesquisadores e representantes da sociedade. Estudos técnicos subsidiaram a proposta de criação da unidade de refúgio da vida silvestre.
Segundo o Idema, a iniciativa foi motivada pela ocorrência das espécies emblemáticas de aves na região. Conforme a legislação federal, refúgios são unidades de conservação de proteção integral, que tem como objetivo proteger ambientes naturais onde se asseguram condições para a existência ou reprodução de espécies ou comunidades da flora local e da fauna residente ou migratória.
Coordenador do Núcleo de Unidades de Conservação (NUC) do Idema, Ilton Soares afirma que esta é a primeira unidade de conservação desta categoria no estado, dando ênfase à proteção da biodiversidade.
“Esta categoria permite a presença de comunidades humanas, uma oportunidade para atividades sustentáveis, como ecoturismo e manejo do solo”, explicou o coordenador.
Para o professor do Departamento de Botânica e Zoologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Mauro Pichorim, a região representa a porção mais preservada de Caatinga do Seridó com cerca de 230 espécies de aves, sendo várias exclusivas do bioma (endêmicas) e outras ameaçadas de extinção ou raras.
“Além disso, a área é predominantemente composta por encostas de serras, ambiente que mantém a melhor representatividade da biodiversidade local quando comparado aos platôs mais altos e às áreas baixas de planície. Até o momento, essa região é o único local conhecido de ocorrência de arara-maracanã (Primolius maracana) e papagaio-verdadeiro (Amazona aestiva) no RN”, esclareceu o professor.
Para o Idema, a proteção das serras e encostas que fazem parte da área proposta para criação da Unidade de Conservação é fundamental para garantir as condições adequadas dos ambientes naturais onde essas espécies existem e para sua reprodução.
Após a publicação da portaria, o Idema dará continuidade ao processo de criação do Refúgio da Vida Silvestre com a publicação dos estudos técnicos e encaminhamento da proposta para discussão da sociedade e órgãos públicos, através de consulta e audiência públicas.
Fonte: g1
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