quarta-feira, novembro 30, 2022

RN lidera taxa de incidência de casos de Zika; número é 25 vezes maior que média nacional

O Rio Grande do Norte é o líder, entre todos os estados brasileiro, com a maior taxa de incidência de casos de Zika, doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypt, com 118,9 casos, para cada 100 mil habitantes. O número está acima da média nacional de 4,6. Ainda, neste ano, dos dez municípios com as maiores incidências de casos prováveis de Zika, oito são do estado potiguar. 


No comparativo ao ano de 2019, a média nacional representa um aumento de 5,9% dos casos do país


Liderando o ranking do Rio Grande do Norte, Parazinho aparece com 3.523,6 casos para cada 100 mil habitantes. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a cidade apresenta uma população estimada em 5.307 pessoas. Na sequência, aparecem com as maiores taxas os municípios de Baía Formosa (2.197,8), Arês  (1.342,4)  e Touros (1.023,3). Dentre os estados do Nordeste, o Rio Grande do Norte também é o com maior incidência de dengue. 


Os dados são do Boletim Epidemiológico, que detalha o monitoramento dos casos de arboviroses, lançado pelo Ministério da Saúde, e correspondem ao período de 2 de fevereiro a 15 de outubro. No comparativo ao ano de 2019, a média nacional representa um aumento de 5,9% dos casos do país. Já em relação ao ano de 2021, observa-se um crescimento de 66,6% no número de casos.


Em entrevista à TRIBUNA DO NORTE, o médico epidemiologista Ion de Andrade defende a hipótese de que a maior incidência no estado pode ser explicada pelo desequilíbrio de casos locais entre as três principais arboviroses (dengue, zika e chikungunya), dando maior peso para a zika. “Não acredito que o Rio Grande do Norte tenha condições tão piores quanto outros estados do Nordeste do ponto de vista do acúmulo de água em ambientes propícios ao desenvolvimento do Aedes aegypti”, disse.   


No caso da dengue, explica o epidemiologista, as incidências também estão associadas às más condições de vida que atingem pessoas em situação de vulnerabilidade social. Isso porque ambientes como lixões, residências que não apresentam caixa d'água tampada, locais em que a água precisa ser acumulada em barris e tonéis, além de espaços com condições sanitárias precárias, favorecem a proliferação das arboviroses.  


“É uma doença [dengue] da pobreza e do subdesenvolvimento e é preciso que isso também seja enfrentado para que possamos viver em condições mais seguras do ponto de vista sanitário. Uma parte pode ser controlada pelas pessoas, a outra parte é das injustiças sociais e da pobreza” , explicou.


Apesar das altas taxas de incidência, conforme pontua o Boletim, não foram notificados óbitos por Zika no período monitorado. De acordo com Ion de Andrade, isso pode ser alterado na medida em que ocorrem aumentos no número de casos, pois tudo é uma questão proporcional. Por outro lado, destaca que o cenário também deve fomentar a busca por respostas à seguinte pergunta: por que na situação atual não se produziu os casos de microcefalia que vimos no primeiro ciclo do Zika no Estado? 


“A Zika está implicada na microcefalia. Durante o primeiro ciclo do Zika vírus, em que tivemos muitos casos de microcefalia, alguns pesquisadores apontaram para a possibilidade de que tivessem cofatores operando no sentido de produzir microcefalia, não apenas o zika vírus”, esclarece o epidemiologista.


Dinara Alves, coordenadora do programa de combate às arboviroses da Sesap, explica que a pasta tem reforçado a importância da notificação das arboviroses no Rio Grande do Norte. “Outros estados também têm índices elevados de notificações de Zika aqui no nordeste, como Pernambuco e Ceará, e pode estar associado a vários fatores. A gente tem a presença do vírus circulando no estado, além das questões ambientais, de clima e pessoas suscetíveis. É preciso esses fatores para que ocorra transmissão”, concluiu.


Ainda, no que se refere a notificação, ela adverte que muitos casos não são confirmados, o que compromete a precisão das notificações. A confirmação pode ser realizada por meio de exame laboratorial RTPCR - realizado por biologia molecular -  sorologia, ou vínculo clínico epidemiológico.


Fonte: Tribuna do Norte

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