O Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros (Cisam), conhecido como Maternidade da Encruzilhada, na Zona Norte do Recife, está com um surto de Covid-19, segundo a direção da unidade. Nesta terça-feira (8), havia, ao menos, sete bebês e uma mãe com diagnóstico da doença no local, que não dispõe de um isolamento ideal por causa da superlotação.
O centro é referência no atendimento de gestantes de alto risco no estado. Diretora-executiva da maternidade, Benita Spinelli relatou que a unidade foi surpreendida pelo surto e precisou restringir, desde o domingo (6), as visitas para evitar a transmissão da doença.
"A gente tem pedido um apoio incondicional [da regulação de leitos] para dar uma folga para o Cisam, para que a gente possa atender a essa demanda que chegou de uma forma tão inesperada. Conseguimos o mínimo de estruturação interna para isolar, [...] mas ainda não é o ideal", disse Benita.
A gerente da unidade neonatal, Manuela Nóbrega, afirmou que os setores não são adequados para isolar pacientes e que há pessoas com e sem Covid compartilhando o mesmo espaço, por falta de estrutura.
"É um cenário que preocupa muito a gente porque todos os setores de alto risco do hospital estão com pacientes com Covid. [...] A gente tenta deixar os positivos em um local isolado. Porém, não tem banheiro que não seja compartilhado. Tem local superlotado, e a gente não consegue deixar o paciente a dois metros de distância do outro", contou Manuela.
O hospital informou que pediu ao governo do estado para restringir o plantão, ou seja, para que não fossem enviados mais pacientes, a fim de que seja possível fazer o isolamento e diminuir a superlotação da maternidade. Em alguns locais, onde deveria haver 15 leitos, estão mais de 20, segundo os profissionais de saúde.
"A gente fica um pouco de mãos atadas para controlar o surto porque, a todo instante, estão nascendo mais bebês", declarou Manuela.
A Secretaria de Saúde de Pernambuco informou que está em contato com a direção do Cisam para encontrar medidas que favoreçam a segurança dos pacientes, mas não informou que medidas são essas nem se vai continuar enviando novas pacientes para a unidade de saúde.
O Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe) disse que que não recebeu nenhuma denúncia oficial, mas que ao tomar conhecimento da situação entrou em contato, imediatamente, com a diretoria da unidade e solicitou as medidas que serão tomadas para resolver a situação.
Segundo o conselho, a direção informou, ainda, que a equipe da Secretaria Estadual de Saúde já estiveram no Cisam para analisar as medidas efetivas e que já havia sido solicitada restrição à central de regulação de leitos do estado do recebimento de novos pacientes.
Além disso, a autarquia enviará equipe de fiscalização do Cremepe que fará uma vistoria, na maternidade, para verificar a situação de atendimento aos pacientes e de segurança aos profissionais de saúde do setor.
Medidas de prevenção
Devido ao surto da Covid-19, a entrada de acompanhantes está restrita e, dependendo da quantidade de pessoas dentro do hospital, é preciso esperar a vez. Só as mães dos bebês internados têm livre acesso e precisam fazer teste de Covid antes de subir, o que não era mais obrigatório.
Além disso, o Cisam informou que tem feito campanhas para pedir que as pessoas evitem circular por dentro do hospital e usem máscara o tempo todo.
A Unidade de Cuidados Intermediários (UCI) tem capacidade para 15 bebês, mas abriga atualmente 22, sendo três deles com Covid-19. A solução para fazer o isolamento foi colocar uma cortina para separá-los dos outros. Segundo os profissionais, o ideal seria um ambiente exclusivo para eles.
A situação deixa as mães angustiadas. As mulheres que não estão com a doença ficam preocupadas de acabar contraindo no local.
"Pensei que ia ser um lugar mais seguro. Pela superlotação, já era difícil. Com essa questão do Covid, a preocupação ficou ainda maior", disse a dona de casa Bruna Alves, mãe da recém-nascida Eloá.
Sentimento semelhante tem a dona de casa Aline Cristina Carnaíba, que aguarda ansiosa para que a filha Lorena tenha alta e siga para casa.
“Tinham mães tossindo, uma com febre já há dias. Dois filhos dessas mães foram para UTI, e um deles teve Covid. Foi aí que testaram todo mundo. [...] É angustiante, a gente fica junta em um alojamento. Eu mesma estou com medo de que ela venha a testar positivo”, disse.
Fonte: g1
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