O faturamento de bares e restaurantes de Natal caiu, na última quinta-feira (06), após a circulação de áudios supostamente de uma facção criminosa alertando para uma onda de crimes na capital. Em alguns deles, segundo a Abrasel, a redução chegou a 50%. A Secretaria de Segurança Pública do Estado diz que as informações disparadas são falsas em sua grande maioria e que não há, dentro da curva de ocorrências, “nenhuma variação para cima”. A pasta se reuniu com entidades representativas do comércio na tarde desta sexta-feira (7) para esclarecer sobre as ameaças divulgadas.
De acordo com a Abrasel, o disparo em massa das notícias sobre crimes na cidade acarretou em um baixo movimento nos estabelecimentos, o que provocou a queda no faturamento da maioria deles. Max Fonseca, diretor nacional da entidade, afirmou que os serviços foram afetados também pela escassez de moto entregadores. “Houve aumento do delivery ao mesmo tempo em que houve um boato de ataques a motoboys e isso causou apreensão. Foram fatores que nos afetaram. Temos relatos de queda de até 50% em alguns estabelecimentos”, relata Max Fonseca.
Segundo ele, não há expectativa de que o cenário se repita, porque a própria Abrasel atuou junto aos estabelecimentos para que o disparo de notícias falsas seja evitado. “Pelo trabalho que fizemos e pelo apoio que temos da segurança, acredito que isso não irá se repetir”, disse. Na tarde desta sexta, a Sesed convocou as entidades locais do comércio para que o assunto fosse debatido. Além da Abrasel, a Fecomercio, a Secretaria Estadual de Turismo e o Sindicato das Empresas de Turismo do RN participaram do encontro.
A pasta informou que haverá uma integração dos trabalhos entre o Centro Integrado de Operações em Segurança Pública (Ciosp) e a Assessoria de Comunicação (Assecom) do Governo para a checagem de notícias sobre ocorrências no RN, com divulgação nas mídias digitais do Estado. Daniel Cabral, secretário de Comunicação do Rio Grande do Norte disse que, ao receber uma notícia, um jornalista irá verificar junto ao comando de polícia se ela é ou não verdadeira.
“O que nós queremos fazer é: se houver alguma ocorrência, que ela chegue de forma correta para a população, a fim de evitar um pânico maior”, explicou Cabral. Segundo a Abrasel, no encontro, a Sesed afirmou que não houve aumento nos registros de criminalidade no Estado na quinta-feira. Segundo a entidade, informações da pasta indicam que houve “23% menos ocorrências [na quinta-feira]” do que no mesmo dia da semana anterior e que, “na última quinzena, o único dia fora da curva (para baixo) foi o domingo de eleições, com 15% de ligações para o Ciosp”.
A TRIBUNA DO NORTE questionou a Sesed sobre o número de ocorrências confirmadas esta semana, mas a pasta não respondeu. Afirmou somente que não houve oscilações fora da curva “para cima”. A Secretaria esclareceu que convocou as entidades do comércio para uma reunião face à preocupação com os impactos das notícias para a economia.
“Em situações como esta, o comércio é o primeiro setor atingido diretamente, especialmente bares e restaurantes, porque as pessoas evitam sair de casa”, frisa Daniel Cabral. Sobre o trabalho de integração para checagem de boatos, o diretor executivo da Fecomércio RN, Laumir Barrêto, reforçou a importância da manutenção de um canal de comunicação eficiente, além de reforço do monitoramento e policiamento nos próximos dias.
“Desde as primeiras horas de ontem [quinta-feira], procuramos a Sesed, a fim de obter informações sobre a veracidade das informações compartilhadas em redes sociais com ameaças à segurança, o que gerou receio junto aos empresários e à população como um todo. Fomos prontamente atendidos pela Secretaria desde o primeiro momento e entendemos como salutar essa reunião para esclarecer as medidas que estão em andamento”, afirmou Barrêto.
Sesed não comenta sobre suposto “salve”
A quinta-feira (6) foi de tensão, com diversas informações sobre arrastões e assaltos em Natal. Um latrocínio foi confirmado. Na quarta-feira (5) uma mensagem de texto intitulada “Salve Geral”, supostamente de uma facção criminosa, havia viralizado e já contribuía para o aumento do medo na capital. O texto começou a ser divulgado aparentemente na segunda-feira (3), um dia após as eleições, informando que a partir dessa data os membros da facção estavam liberados para cometer assaltos de todos os tipos, exceto dentro das “quebradas” onde o próprio grupo domina.
Esses locais, segundo o aviso, poderão ser usados para armazenar veículos e produtos de roubo. Questionada sobre a veracidade da mensagem, a Sesed informou que não comentará o caso. A pasta informou que aumentou o reforço policial nas ruas apenas para garantir uma sensação de tranquilidade à população. Ainda assim, as notícias e confirmações de crimes deixaram o natalense em alerta.
Na quarta-feira (5), no bairro de Mãe Luiza, na zona Leste de Natal, duas mulheres foram assaltadas por três suspeitos que foram pegos pela polícia. Os pertences das vítimas foram recuperados. Na quinta pela manhã um registro de assalto em frente à Maternidade Januário Cicco foi confirmado pela polícia. A vítima teve o celular levado e, apesar de uma viatura policial ter ido ao local, ninguém foi preso.
Na zona Norte um ônibus da linha Natal/Extremoz foi praticamente seqüestrado quando quatro criminosos, um deles armado, desviaram a rota do veículo, na altura da Avenida das Seringueiras, no bairro Nossa Senhora da Apresentação. Ao chegar num local menos movimentado, eles renderam o motorista e os passageiros levando pertences e cerca de R$ 500. Os suspeitos fugiram. Em Lagoa Seca, na zona Leste, por volta do meio dia da quinta, o empresário Jean-Pierre Roumilhac, de 73 anos, dono de uma pousada em Pipa, município de Tibau do Sul, saía de um estabelecimento comercial em Lagoa Seca, quando foi morto e teve o carro tomado de assalto.
Nesta sexta-feira, mas notícias deixaram os moradores da Grande Natal apreensivos. Um arrastão teria ocorrido na Unidade Básica de Saúde (UBS) João Dias Costa, em Nova Parnamirim, na Grande Natal. Em razão da ocorrência, a Prefeitura de Parnamirim formalizou um pedido para que todas as UBS fechassem duas horas mais cedo na sexta-feira. O expediente, que se encerra às 14h, portanto, acabou ao meio dia. A Sesed informou que não houve arrastão, mas um assalto na rua e que as pessoas procuraram se proteger na unidade.
Fonte: Tribuna do Norte
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