O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou em uma rede social neste domingo (10) que dispensa o apoio de quem "pratica a violência contra opositores". Na postagem, que, segundo Bolsonaro, é uma republicação de mensagem de 2018, o presidente também faz críticas à esquerda.
A publicação do presidente da República ocorre horas depois do assassinato de Marcelo Aloizio de Arruda, guarda municipal e tesoureiro do PT em Foz do Iguaçu (PR), na própria festa de aniversário do petista. Na postagem, no entanto, Bolsonaro não menciona o crime.
"Independente das apurações, republico essa mensagem de 2018: dispensamos qualquer tipo de apoio de quem pratica violência contra opositores. A esse tipo de gente, peço que por coerência mude de lado e apoie a esquerda, que acumula um histórico inegável de episódios violentos", afirmou Bolsonaro no Twitter.
Na publicação, o presidente diz esperar uma apuração séria. "Que as autoridades apurem seriamente o ocorrido e tomem todas as providências cabíveis, assim como contra caluniadores que agem como urubus para tentar nos prejudicar 24 hora por dia", declarou.
Marcelo Aloizio de Arruda foi morto pelo policial penal Jorge da Rocha Guaranho. Já ferido, Arruda reagiu e atirou contra Guaranho. Boletim de ocorrência cita que Guaranho chegou ao local da festa, que tinha temática petista e do pré-candidato Luiz Inácio Lula da Silva, gritando "aqui é Bolsonaro!".
Até a última atualização desta reportagem, não havia uma informação precisa sobre o estado de saúde de Jorge Guaranho, que, nas redes sociais, apresenta-se como cristão, conservador e apoiador do governo Bolsonaro.
À RPC, o secretário de Segurança Pública de Foz do Iguaçu, Marcos Antonio Jahnke, afirmou que os indícios são de que o crime foi motivado por "intolerância política".
Filho do presidente, o senador Flavio Bolsonaro (PL-RJ) comentou o episódio em uma rede social e relembrou a facada sofrida pelo pai na campanha presidencial de 2018.
"Repudio o atentado contra a vida do guarda municipal de Foz do Iguaçu. Um ato isolado e irresponsável, que absolutamente nada tem a ver com as pautas que defendemos para o Brasil. Não somos assim, não precisamos de mais 'Adélios', não podemos e não vamos nos igualar à esquerda", disse Flavio, em referência a Adélio Bispo de Oliveira, autor da facada em Jair Bolsonaro.
Ao longo do domingo, várias autoridades e políticos repercutiram o assassinato de Marcelo Aloizio de Arruda.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pré-candidato do PT ao Palácio do Planalto, lamentou o crime motivado, na avaliação do petista, por "intolerância" e por um "discurso de ódio" estimulado por "um presidente irresponsável [Jair Bolsonaro]".
Ao longo de sua trajetória política, Bolsonaro acumula frases e gestos de apologia à violência. Durante a campanha presidencial de 2018, por exemplo, o então candidato ao Palácio do Planalto disse em um evento em Rio Branco (AC) que fuzilaria "a petralhada toda" do Acre.
Presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) disse que o assassinato, durante a comemoração de um aniversário com a temática do PT e de Lula, é "a materialização da intolerância política que permeia o Brasil atual". "Nos mostra, da pior forma possível, como é viver na barbárie", afirmou Pacheco.
Presidente do PT, a deputada Gleisi Hoffmann (PR) cobrou das autoridades "medidas efetivas" de prevenção e combate à violência política. "Alertamos ao Tribunal Superior Eleitoral e ao Supremo Tribunal Federal para que coíbam firmemente toda e qualquer situação que alimente um clima de disputa violenta fora dos marcos da democracia e da civilidade", declarou a parlamentar.
Em nota, o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Beto Simonetti afirmou que o episódio "reforça a necessidade de unidade das instituições, inclusive dos partidos, em torno da civilidade".
"Cabe aos líderes políticos darem exemplos de paz e tolerância para que o ambiente eleitoral seja pacífico, alinhado aos pilares da democracia e nos conduza às soluções de que a sociedade precisa", declarou Simonetti.
Fonte: g1
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