A Justiça estadual aceitou a denúncia do Ministério Público de Roraima e tornou réus o ex-deputado Jalser Renier, oito policiais militares e um ex-servidor da Assembleia Legislativa pelo sequestro e tortura do jornalista Romano do Anjos. O crime foi em outubro de 2020.
A ação tramita na 1ª Vara Criminal e foi aceita nessa quarta-feira (8) pelo juiz Cláudio Roberto Barbosa de Araújo, sete meses depois de o MP protocolar a acusação.
Com a decisão, todos os 10 acusados passam a responder criminalmente por sete crimes: sequestro qualificado, tortura qualificada, constituição de milícia privada, dano qualificado, roubo majorado, cárcere privado e violação de domicílio qualificado.
"Quaisquer mudanças de endereço deverão ser informadas a este Juízo, para fins de adequada intimação e comunicação oficial, sob pena de ser considerado revel", determinou o juiz aos réus.
Os 10 réus são:
Jalser Renier Padilha (ex-deputado)
Moisés Granjeiro De Carvalho (coronel)
Natanael Felipe De Oliveira Junior (coronel)
Paulo Cezar De Lima Gomes (tenente-Coronel)
Vilson Carlos Pereira Araújo (major)
Nadson José Carvalho Nunes (subtenente)
Clovis Romero Magalhães Souza (subtenente)
Gregory Thomaz Brashe Junior (sargento)
Thiago De Oliveira Cavalcante Teles (soldado)
Luciano Benedito Valério (ex-servidor)
O g1 tenta contato com as defesas dos citados.
À época do crime, Jalser Renier era presidente da Assembleia Legislativa de Roraima. Na investigação, o MP apontou que ele usou do poder que tinha para cometer o crime com a ajuda dos policiais, a maioria oficiais da Polícia Militar. Por conta da investigação, ele respondeu a processo na Casa por quebra de decoro e foi cassado e perdeu o mandato de deputado após 27 anos no poder.
Jalser chegou a ser preso e algemado por conta do crime. Mas, depois ganhou liberdade. Atualmente, ele cobra na Justiça que o estado o indenize em meio milhão por ter sido algemado.
O sequestro do jornalista Romano dos Anjos, de 40 anos, ocorreu na noite do dia 26 de outubro de 2020. Ele foi levado de casa no próprio carro. O veículo foi encontrado pela polícia queimado cerca de uma hora depois.
O ex-deputado estadual Jalser Renier é apontado como o mandante do crime. Os policiais acusados de executarem o crime são ligados a ele, segundo denúncia do MP.
O MP atua no processo pela 1ª Promotoria de Justiça Criminal com o apoio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado. Durante as investigações foram deflagradas duas fases da Operação Pulitzer - o nome da operação faz referência ao prêmio internacional Pulitzer, que é concedido a pessoas que realizam trabalhos de excelência na área de jornalismo.
Policiais mantidos presos
Na mesma decisão que aceitou a denúncia contra os acusados, o juiz manteve presos oito policiais militares. Eles estão presos preventivamente desde setembro e outubro do ano passado.
Os policiais são: coronel Natanael Felipe de Oliveira Júnior, coronel Moisés Granjeiro de Carvalho, tenente-coronel Paulo Cezar de Lima Gomes, major Vilson Carlos Pereira Araújo, subtenente Clóvis Romero Magalhães Souza, subtenente Nadson José Carvalho Nunes, sargento Gregory Thomas Brashe Júnior e soldado Thiago de Oliveira Cavalcante Teles.
Na decisão, o magistrado citou que "os fatos narrados na denúncia são de extrema gravidade concreta e denotam a necessidade da manutenção da segregação cautelar dos acusados".
O juiz também explicou que os militares estão presos há oito meses, mas isso não demonstra um excesso de prazo na persecução penal, pois o requisito deve ser analisado de forma ampla, acobertando todas as peculiaridades do caso concreto.
Fonte: g1
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