O advogado do presidente Jair Bolsonaro (PL), Frederick Wassef, afirmou nesta sexta-feira (24) que o presidente e o ex-ministro da educação Milton Ribeiro não têm contato.
O advogado deu a declaração em uma entrevista a jornalistas dentro do Palácio do Planalto. Nesta sexta (24), uma conversa entre Ribeiro e sua filha foi divulgada. Na gravação, o ex-ministro diz que recebeu uma ligação de Bolsonaro e que o presidente dizia temer uma investigação da Polícia Federal.
A ligação ocorreu em 9 de junho. Nesta quarta-feira (22) Ribeiro foi alvo de uma operação da PF e chegou a ser preso. Ele é investigado por corrupção passiva, prevaricação, advocacia administrativa e tráfico de influência por suposto envolvimento em um esquema para liberação de verbas do MEC.
“Não existe nada entre o presidente e o ex-ministro. Eles não têm contato. Eles não se falam. O presidente cuida do Brasil. Ele não é advogado e nada tem a ver com o ex-ministro e investigações contra o seu ex-ministro”, disse Wassef.
Ao ser questionado se Bolsonaro teve acesso privilegiado à investigação da PF, Wassef negou e afirmou que estão dando “uso político à máquina pública”.
“É uma acusação fake, falsa, criminosa, infundada que o presidente Bolsonaro interferiu na Polícia Federal. Se ele tivesse o poder ou se ele tivesse interferido, os senhores acham que o ministro teria sido preso?”, disse.
O advogado afirmou ainda que "se o ex-ministro usou o nome do presidente Bolsonaro, usou sem seu conhecimento, sem sua autorização" e que Ribeiro deveria responder por isso.
"Se o ex-ministro usou o nome do presidente Bolsonaro, usou sem seu conhecimento, sem sua autorização ele que responda, compete ao ex-ministro se explicar sobre o que não existem judicial e também acabou não depondo, nem ele, nem os outros presos", disse Wassef.
O presidente Jair Bolsonaro não estava em Brasília no momento da conversa. Ele cumpre agenda, nesta sexta (24), em Campina Grande, na Paraíba.
Investigação
O inquérito foi aberto após o jornal "O Estado de S. Paulo" revelar, em março, a existência de um 'gabinete paralelo' dentro do MEC controlado por pastores. Dias depois, o jornal "Folha de S.Paulo" divulgou um áudio de uma reunião em que Ribeiro afirmou que, a pedido de Bolsonaro, repassava verbas para municípios por indicação dos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura.
Após a revelação do áudio, Ribeiro deixou o comando do Ministério da Educação.
Operação acesso pago
Nesta quarta-feira (22), a Polícia Federal (PF) prendeu Milton Ribeiro e outras quatro pessoas no âmbito de uma operação, batizada de Acesso Pago, que investiga a prática de tráfico de influência e corrupção na liberação de verbas do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), órgão ligado ao Ministério da Educação.
A investigação envolve o áudio no qual o ex-ministro dizia liberar verbas da pasta por indicação de dois pastores, Gilmar Santos e Arilton Moura, a pedido de Bolsonaro.
Alguns prefeitos também denunciaram pedidos de propina – em dinheiro e em ouro – em troca da liberação de recursos para os municípios. Milton Ribeiro disse que pediu apuração dessas denúncias à Controladoria-Geral da União (CGU).
O ex-ministro já havia prestado depoimento à PF no final de março, quando confirmou que recebeu o pastor Gilmar a pedido de Bolsonaro. No entanto, ele negou que tenha ocorrido qualquer tipo favorecimento.
Decisões
A decisão que determinou a prisão de Ribeiro e outras quatro pessoas foi proferida pelo juiz do Renato Borelli, da 15ª Vara Federal de Brasília. O magistrado afirmou que, soltos, eles poderiam causar riscos às investigações sobre o escândalo do MEC.
No entanto, nesta quinta-feira (23), o desembargador Ney Bello derrubou a decisão sob o argumento de que Milton Ribeiro não integra mais o governo e que os fatos investigados não são atuais, portanto, para ele, não se justifica a prisão. Por isso, o desembargador determinou que a prisão deveria ser convertida em uma medida cautelar.
Pedido do MPF
O Ministério Público Federal (MPF) pediu para a Justiça que a investigação sobre o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro seja enviada para o Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo o MPF, a medida é necessária porque há indício de que o presidente Jair Bolsonaro pode ter interferido na investigação.
O MPF justifica o pedido com base em interceptações telefônicas de Milton Ribeiro que indicam a possibilidade de vazamento das apurações do caso. De acordo com o Ministério Público, há indícios de que houve vazamento da operação policial e possível interferência ilícita por parte do Bolsonaro.
O juiz Renato Boreli, da 15ª Vara de Justiça Federal de Brasília atendeu ao pedido do MPF. No STF, a relatora será a ministra Cármen Lúcia.
O g1 e a TV Globo perguntaram à Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom) se o Palácio do Planalto pretende se manifestar e aguardava resposta até a última atualização desta reportagem.
Fonte: g1
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