O ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), rejeitou nesta quarta-feira (18) o pedido apresentado pelo presidente Jair Bolsonaro de investigação do ministro Alexandre de Moraes, também do STF, por suposto abuso de autoridade.
A notícia-crime foi apresentada por Bolsonaro nesta terça (17). O presidente da República argumentou que o chamado inquérito das fake news, no qual é investigado, não se justifica.
"Considerando-se que os fatos narrados na inicial evidentemente não constituem crime e que não há justa causa para o prosseguimento do feito, nego seguimento", escreveu Toffoli na decisão.
Dias Toffoli também deixou claro na decisão que não há crime na conduta de Alexandre de Moraes e que o fato de o ministro ser o relator do inquérito das fake news "não é motivo para concluir que teria algum interesse específico, tratando-se do regular exercício da jurisdição".
O ministro afirmou também que o estado democrático de direito impõe a todos deveres e obrigações e que um juiz não pode ser transformado em réu "pelo simples fato de ser juiz".
Toffoli afirmou, ainda, que a maioria das alegações de Bolsonaro é matéria de defesa, isto é, deve ser apresentada nos inquéritos aos quais o presidente responde.
Além disso, declarou que os "recursos contra atos praticados por ministros da Suprema Corte nos inquéritos ou nas ações penais são apreciados pelo Colegiado, que, inclusive, já teve a oportunidade de se debruçar sobre algumas das questões aqui ventiladas".
'Vigília permanente'
Presidente do STF, o ministro Luiz Fux defendeu Alexandre de Moraes nesta quarta-feira ao discursar em um evento no qual o Supremo e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) anunciaram uma parceria para promover ações de combate às fake news. Moraes é o relator do inquérito das fake news.
"Aqui no STF, estamos em vigília permanente contra esses movimentos. Desde 2019, nas gestões que já se passaram. O ministro Dias Toffoli, para enfrentar não só a desinformação, mas verdadeiros ataques ao STF, instaurou o inquérito, que está em ótimas mãos, do ministro Alexandre de Moraes, que tem conduzido com extrema seriedade e competência”, afirmou.
"Muitos talvez não saibam, mas é importante que se tenha a exata noção de como o trabalho no inquérito foi importante, no qual veio a público notícias de atos preparatórios de terrorismos contra o Supremo. Daí a necessidade de ter sido um processo sigiloso. E que com esses atos se trata de impelir o Supremo de se despojar de sua maior característica que é a independência", completou Fux.
O ministro Edson Fachin também elogiou Moraes. Afirmou que o ministro é “como devem ser os juízes intimoratos [destemidos] frente a quaisquer atos ou ataques”.
Reação nos bastidores
Dois ministros do STF ouvidos na noite desta terça-feira pelo blog da jornalista Ana Flor classificaram a ação de Bolsonaro como "factóide" e "diversionismo dos problemas reais".
"Como o discurso contra as urnas vem perdendo gás, cria-se uma nova notícia para ocupar espaço e mobilizar a base", declarou um deles.
O colunista do g1 Gerson Camarotti informou que ministros do STF viram a ação de Bolsonaro como uma "jogada político-eleitoral"
Além disso, informou o colunista do g1 Valdo Cruz, integrantes do Supremo avaliaram que, ao apresentar a notícia-crime contra Alexandre de Moraes, o presidente Jair Bolsonaro buscou criar um fato político para seguir com a estratégia de difundir a ideia de que sofre perseguição política de uma ala do tribunal.
O Blog da Andréia Sadi também informou que, entre os próprios aliados de Bolsonaro, não havia expectativa de vitória na ação e que, segundo essas fontes, o objetivo de presidente foi criar clima de suspeição.
Fonte: g1
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