O presidente da França, Emmanuel Macron, fez um longo discurso nesta quarta-feira (19) no Parlamento Europeu, em Estrasburgo, e criticou o Mercosul — e principalmente o Brasil — pelo não respeito ao Acordo do Clima de Paris (veja mais abaixo).
A declaração foi feita ao ser questionado sobre o engajamento ambiental da França, que atualmente ocupa a presidência da União Europeia.
Foi o primeiro discurso de Macron no Parlamento Europeu desde o início da presidência rotativa da França, que começou no dia 1°. Ele também defendeu a soberania europeia e saudou a eficiência do bloco diante da pandemia de Covid-19.
O chefe de Estado francês também dedicou parte de sua fala às relações da União Europeia com a Rússia, principalmente diante das tensões na fronteira com a Ucrânia e a queda de braço entre a Rússia e a Aliança Atlântica.
O líder francês disse que é preciso criar uma "nova ordem de segurança" na Otan contra o país e pediu um "diálogo franco" com o governo russo.
Críticas ao Brasil
Após o discurso, alguns eurodeputados se pronunciaram. O líder francês do grupo ecologista, Yannick Jadot, atacou severamente Macron sobre a postura do chefe de Estado diante da China e a defesa dos Direitos Humanos, criticou a política migratória da França e contestou a estratégia ambiental do país.
“O senhor entrará para a história como o presidente da falta de ação sobre o clima”, disse Jadot. “O senhor prefere protelar, como Meryl Streep no filme 'Don't look up', invés de dar o alarme para uma mobilização geral”, afirmou Jadot em referência ao filme no qual a atriz americana interpreta uma presidente dos Estados Unidos diante de uma catástrofe iminente.
Macron respondeu às críticas e foi particularmente enfático sobre a questão climática, apontando o Brasil como exemplo.
"A França é o país que mais se opôs à assinatura de novos acordos e que denunciou o Mercosul, levando em conta justamente o não respeito do Acordo de Paris pelo Brasil", afirmou o chefe de Estado francês.
Ele faz referência à sua conhecida oposição ao acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul. Em agosto de 2019, em meio à crise das queimadas na Amazônia, Macron ameaçou pela primeira vez se opor ao tratado, acusando o presidente brasileiro Jair Bolsonaro de desrespeitar o Acordo do Clima de Paris.
Desde então, o líder francês fez várias declarações criticando a política ambiental do Brasil e assinalando possíveis boicotes comerciais.
Em Estrasburgo, Macron disse que pretende manter essa postura durante a presidência rotativa da União Europeia. O líder francês insistiu que “a Europa não deve assinar contratos com potências que não respeitam o Acordo de Paris”.
Fonte: RFI
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