O papa Francisco recordou, na quarta-feira (12), ao término da audiência geral no Vaticano, o atentado contra João Paulo II cometido 40 anos atrás.
Imagem do papa João Paulo II — Foto: A12
"Nos torna conscientes de que nossa vida e a história do mundo estão nas mãos de Deus", disse o pontífice, ao se referir à tentativa de assassinato do primeiro papa polonês da história, em 13 de maio de 1981, em plena praça de São Pedro.
Naquele dia, havia uma multidão de 20 mil fiéis na praça. João Paulo II caiu dentro de seu veículo aberto, vítima de uma tentativa de assassinato por um extremista turco, cujas motivações continuam sendo misteriosas.
Karol Wojtyla tinha 60 anos. Ele foi transferido imediatamente para o hospital Gemelli com ferimentos no abdômen, mão esquerda e braço direito.
Duas mulheres também ficaram feridas.
A notícia da detenção do autor do atentado, Mehmet Ali Agca, um turco muçulmano de 23 anos, foi rapidamente confirmada. Aos investigadores, Ali Agca declarou: "Não me importa morrer".
Seu suposto cúmplice, Oral Celik, fugiu e foi detido vários anos mais tarde, na França, por tráfico de drogas, antes de ser extraditado para a Itália.
Receio pela vida do papa
Após o anúncio do atentado, os fiéis de todo mundo começaram a rezar pelo "fenômeno Wojtyla", o primeiro papa eslavo da história, que havia sido eleito em 16 de outubro de 1978.
Carismático, em dois anos e meio de pontificado ele tinha multiplicado as viagens, que foram transformadas em eventos midiáticos.
João Paulo II mantinha contato direto com a multidão, abraçando crianças e permitindo que as pessoas o tocassem, o que dificultava a missão para garantir sua segurança.
Na praça de São Pedro, depois do tiro, o ambiente mudou rapidamente. Peregrinos pensavam que o papa havia morrido.
No hospital Gemelli, João Paulo II passou por uma cirurgia. Nenhum órgão vital foi atingido. Depois de seis horas na sala de operação, ele começou a se recuperar.
Vigília em Roma
Uma vigília de oração foi organizada em Roma. Durante a manhã, rosas foram depositadas no local do ataque.
Na sexta-feira e sábado, foram divulgadas notícias tranquilizadoras do hospital Gemelli.
Na manhã de domingo, João Paulo II falou aos peregrinos de sua cama do hospital - pela primeira vez na história para um papa - em um discurso gravado.
Em Roma, as pessoas saíam dos ônibus, cafés, lojas de recordações para ouvir a voz fraca mas tranquilizadora do sumo pontífice.
"Eu agradeço a vocês com emoção por suas orações e abençoo a todos. Rezo pelo irmão que me atacou, a quem perdoei sinceramente", declarou João Paulo II.
Em 3 de junho, o papa está novamente de pé, mais popular que nunca.
Visita à prisão
Até sua morte em 2005, João Paulo II dedicou uma especial devoção à Virgem de Fátima, convencido de que ela salvou sua vida naquele dia, data do 64º aniversário de sua suposta aparição a crianças em Portugal.
Um ano depois do atentado, ele oferece ao santuário de Fátima uma das balas que o atingiu, hoje incrustada na coroa da estátua da Virgem.
Em 27 de dezembro de 1983, o pontífice visita Mehmet Ali Agca na prisão. Após o encontro, João Paulo o presenteia com um rosário e afirma que Ali Agca se arrependeu de seu ato e renova seu perdão.
O muçulmano, integrante do grupo ultranacionalista "Lobos Cinzentos", foi liberado de uma prisão de Ancara em 2010, depois de passar quase 30 anos em penitenciárias da Itália e Turquia por esta tentativa de assassinato, além de outros crimes cometidos em território turco.
Mehmet Ali Agca apresentou diversas versões para explicar seu ato, cuja motivação permanece desconhecida apesar de dezenas de investigações.
Em seu último livro, "Memória e identidade", publicado em 22 de fevereiro de 2005, João Paulo II afirmou que estava convencido de que alguém encomendou o atentado.
Entre as pistas frequentemente citadas, nunca foi comprovado o possível envolvimento da União Soviética e da então Bulgária comunista, pelo apoio de João Paulo II ao jovem movimento dissidente Solidariedade na Polônia.
Fonte: France Presse
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