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domingo, abril 11, 2021

Forças de segurança de Mianmar matam mais de 80 manifestantes e ONU é convocada a interferir

Mais de 80 pessoas morreram em uma cidade próxima a Yangon na sexta-feira (9) em uma nova demonstração de violência e repressão do Exército de Mianmar durante protestos contra o golpe militar de 1º de fevereiro no país.


O embaixador do país na ONU, Kyaw Moe Tun, demitido pela junta militar, mas que permanece no cargo, pediu ao Conselho de Segurança da ONU para agir.


"Por favor, por favor, interfiram", pediu o embaixador, que também pede uma "área de exclusão aérea" para contra-atacar as agressões do regime contra as minorias, sanções contra a junta e um embargo de armas.


Desde o golpe militar de 1º de fevereiro que derrubou o governo civil de Aung San Suu Kyi, Mianmar está afetada por protestos diários nos quais morreram ao menos 618 civis, segundo a Associação de Ajuda aos Presos Políticos (AAPP).


A junta classifica as vítimas como "terroristas violentos" e contabilizou 248 mortos desde 1º de fevereiro, disse um porta-voz na sexta-feira (9).



Apesar do banho de sangue, os protestos e as greves continuam. Os manifestantes tentam frustrar a repressão com meios de ação alternativos.


Neste sábado (10), jogaram tinta vermelha nas ruas do centro de Yangon, perto da Pagoda Shwedagon, como parte de uma iniciativa chamada "Movimento Vermelho".


"Vamos nos unir e mostrar com valentia em vermelho que não permitiremos que o regime ditatorial nos governe", disse um estudante no Facebook.


Panfletos que diziam "Não nos governarão" foram espalhados em várias partes de Yangon. Em Mandalay (centro), foram colados na estátua do general Aung San, pai de Aung San Suu Kyi e herói da independência birmanesa.


A ex-líder civil Aung San Suu Kyi, que ganhou o Prêmio Nobel da Paz em 1991, está incomunicável desde o golpe e é alvo de várias acusações judiciais.


As restrições da junta militar ao acesso à internet dificultam a circulação e a verificação das informações.


Apesar disso, neste sábado surgiram detalhes de um dia de violência em Bago (65 km ao nordeste de Yangon) que fez com que os moradores fugissem para as cidades próximas.


A AAPP confirmou que "mais de 80 manifestantes antigolpistas foram assassiandos pelas forças de segurança em Bago na sexta-feira".



Imagens gravadas na sexta-feira e verificadas pela AFP mostram os manifestantes escondidos atrás de barricadas de sacos de areia, armados com armas caseiras.


As autoridades se negaram a deixar que socorristas se aproximassem dos corpos, segundo um morador. "Empilharam todos os corpos, colocaram em seu caminhão militar e os levaram embora", disse à AFP.


O crescente derramamento de sangue também irritou alguns dos cerca de 20 grupos étnicos armados de Mianmar, que controlam partes do território, principalmente nas regiões de fronteira.


Houve confrontos no norte do Estado de Shan, quando o Exército de Libertação Nacional Ta'ang (TNLA), um grupo étnico rebelde, deu início a um ataque antes do amanhecer a uma base policial, informou o Brigadeiro-General da TNLA, Tar Bhone Kyaw.


A imprensa local noticiou a morte de mais de uma dezena de policiais, enquanto a TNLA afirmou que os militares responderam com ataques aéreos contra suas tropas, matando ao menos um soldado rebelde.


Outros confrontos ocorreram na cidade de Tamu, no noroeste, perto da fronteira com a Índia, quando soldados se direcionaram para desmontar as barricadas.


Ao menos dois manifestantes foram baleados, segundo uma testemunha. Os manifestantes responderam lançando um dispositivo explosivo em um caminhão do exército e matando uma dúzia de soldados, de acordo com a mesma fonte.


China e Rússia têm poder de veto no Conselho de Segurança e geralmente se opõem a sanções internacionais. Mas a China — o principal aliado dos militares em Mianmar — expressou crescente preocupação com a instabilidade, informando estar dialogando com "todas as partes".


Fonte: France Presse

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