Corpos de doze pessoas — possivelmente estrangeiras — foram encontrados decapitados na cidade de Palma, no norte de Moçambique, após o ataque do mês passado reivindicado por militantes ligados ao Estado Islâmico. Uma equipe forense foi enviada para identificar as vítimas.
Mulheres são abrigadas em centro de esportes após ataque armado em Palma. Foto de 24 de Março — Foto: Alfredo Zuniga / AFP
Os corpos foram encontrados após uma operação jihadista na cidade moçambicana de Palma em 24 de março, espalhados em frente a um hotel onde dezenas de pessoas buscaram proteção, segundo informações vindas de fontes do exército e da segurança privada do local na sexta-feira (9).
Um comandante da polícia local disse a jornalistas que as vítimas eram brancas e foram amarradas debaixo de uma árvore. Chongo Vidigal, chefe das operações para recuperar o controle de Palma, disse que uma equipe forense seria enviada para desenterrar e identificar as vítimas.
A notícia acontece no momento em que conversas sobre a crise foram realizadas por líderes da África Austral na capital Maputo. Numa declaração conjunta, a Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC) disse estar preocupada com “atos de terrorismo perpetrados contra civis, mulheres e crianças inocentes”.
MAPA - Extremismo no norte de Moçambique — Foto: G1 Mundo
Piora da violência
Perto de 200 pessoas, principalmente funcionários públicos e estrangeiros que trabalhavam em um projeto de gás nas proximidades, estavam hospedados no Hotel Amarula Palma, à beira-mar, durante vários dias. Durante a operação, os extremistas impediram que helicópteros resgatassem o grupo do Amarula, atirando para o céu enquanto tentavam pousar.
Em 27 de março, eles fizeram uma emboscada para um comboio de caminhões militares que havia conseguido evacuar cerca de 80 pessoas do hotel, matando pelo menos sete. Dez dos 17 veículos do comboio ainda estão desaparecidos. Os que permaneceram no hotel foram para o quartel militar próximo na praia e foram transportados em barcos.
Dezenas foram mortos no ataque, de acordo com relatórios provisórios do governo, incluindo um britânico e um sul-africano. As autoridades afirmam que a cidade voltou ao controle do governo e permitiram que alguns meios de comunicação noticiassem as consequências.
Insurgência de longa duração
Os jihadistas por trás dos ataques pertencem a um grupo conhecido como al-Shabaab, embora não tenham ligações com os militantes somalis de mesmo nome. Eles juraram lealdade ao grupo Estado Islâmico em 2018, com o objetivo de estabelecer um califado e tornaram-se cada vez mais ativos na província de Cabo Delgado, no norte, onde Palma está localizada.
As Nações Unidas afirmam que milhares de pessoas foram mortas e cerca de 670.000 deslocadas nos últimos anos na região. A instituição de caridade infantil Save the Children relatou que crianças de 11 anos estavam sendo decapitadas.
A cúpula da crise de quinta-feira (8), com a presença dos presidentes de Botswana, Malawi, África do Sul, Zimbábue e Moçambique, teve como objetivo encontrar soluções para a insurgência. Analistas de segurança descreveram a reunião como "decepcionante" e "frustrante", informou a redação portuguesa da RFI.
Uma equipe de especialistas e técnicos da ONU será enviada ao norte de Moçambique para avaliar a situação.
Fonte: RFI
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