Um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) publicado nesta terça-feira (9) alerta que um terço das mulheres no mundo, o equivalente a 736 milhões de vítimas, sofrem violência física ou sexual ao longo da vida. O documenta ressalta, contudo, que a estimativa não reflete o impacto negativo da pandemia de Covid-19 sobre a população feminina.
Mulher usa máscara de proteção contra a Covid-19 em um parque de Tóquio nesta foto de 4 de dezembro de 2020 — Foto: Kim Kyung-Hoon/Reuters
Segundo a OMS, a violência começa cedo na vida das mulheres: 1 em cada 4 adolescentes e jovens, entre 15 anos e 24 anos, que esteve em um relacionamento, já sofreu violência de um parceiro íntimo.
"Isso é preocupante porque a adolescência e o início da vida adulta são períodos importantes para a saúde e o desenvolvimento e também para a construção de bases para relacionamentos saudáveis", explica a médica da OMS Claudia Garcia-Moreno.
O parceiro íntimo, aliás, é o principal agressor quando se fala em violência contra as mulheres: das 736 milhões de vítimas que sofrem com o problema, 641 milhões delas são agredidas e violentadas pelo próprio marido, namorado ou companheiro.
No que diz respeito à violência sexual, 6% das mulheres a nível global relatam ter sido abusadas sexualmente por alguém que não seja parceiro íntimo. Por causa os altos níveis de estigma e subnotificação de abuso sexual, a OMS ressalta que o o número real provavelmente é "significativamente mais alto".
"A violência contra as mulheres é endêmica em todos os países e culturas e prejudica milhões de mulheres e suas famílias", disse Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS. Ele afirmou ser de responsabilidade dos governos e comunidades melhorar o acesso a oportunidades e serviços para mulheres e meninas.
Apesar de "dados alarmantes", o relatório destaca que analisou o período entre 2000 e 2018, não incluindo os anos da pandemia.
"A OMS e parceiros alertam que a pandemia da Covid-19 aumentou ainda mais a exposição das mulheres à violência", afirmou a organização, explicando que os lockdowns aumentaram a exposição das mulheres ao seus agressores dentro de casa e a crise gerada pela pandemia afetou serviços de proteção e acolhimento das vítimas.
O documento também afirma que as dificuldades financeiras, o estresse de ter os filhos em casa, o aumento do trabalho doméstico e outros problemas criados pela pandemia, podem levar ao aumento da violência.
Diferenças regionais
Embora o nível de violência contra a adolescentes e mulheres "seja muito alto em todos os lugares" do mundo, dados da OMS mostram que os países pobres tendem a experimentar níveis mais elevados de violência do que os países mais ricos.
Entre os continentes, a Oceania é a região mais afetada pela violência contra a mulher: 51% das mulheres com entre 15 e 49 anos são vítimas deste tipo de abuso. Já o sul da Europa apresenta a menor taxa, com 16% de vítimas neste mesmo grupo etário.
"Isso [diferenças entre os países ricos e pobres] pode ocorrer porque as mulheres têm mais oportunidades de sair de relacionamentos abusivos, com maior acesso aos serviços e maior proteção jurídica", afirma Garcia-Moreno.
Fonte: G1
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