Os deputados responsáveis pelo processo de impeachment nos Estados Unidos apresentaram nesta terça-feira (2) um documento de 80 páginas em que pedem a condenação do ex-presidente Donald Trump por incitar a insurreição. O julgamento do republicano no Senado começa na próxima semana.
O presidente dos EUA, Donald Trump, discursa para apoiadores enquanto o Congresso se reúne para certificar a vitória de Biden — Foto: Evan Vucci/AP Photo
No texto, os parlamentares que atuam como promotores no processo alegam que Trump cometeu uma "traição sem precedentes históricos" ao discursar para os apoiadores em 6 de janeiro, enquanto o Congresso formalizava a vitória de Joe Biden nas eleições presidenciais de 2020. Após o discurso, extremistas pró-Trump invadiram o Capitólio, em um episódio que terminou com cinco mortes.
"O único caminho honroso naquele momento era o [então] presidente Trump aceitar o resultado e admitir a derrota eleitoral. Em vez disso, ele convocou uma multidão até Washington, incitou o grupo a uma agitação, e apontou os manifestantes pela Avenida Pensilvânia como um canhão carregado", diz o documento de acusação.
O deputado Jamie Raskin, líder dos gerentes do impeachment na Câmara, lê artigo do processo contra o ex-presidente Donald Trump no Senado, na segunda-feira (25) — Foto: Senate Television via AP
Além disso, o documento menciona as ameaças a parlamentares e ao então vice-presidente Mike Pence, que presidia a sessão que ratificou a vitória de Biden. "Ao invadirem o Capitólio, a multidão gritou: 'O presidente Trump nos mandou aqui', 'Enforquem Mike Pence' e 'Traidor, Traidor, Traidor'", relata o texto.
"Se provocar um motim insurrecional contra uma sessão conjunta do Congresso depois de perder uma eleição não é um crime imputável, é difícil imaginar o que seria", afirma o documento.
"O fracasso na condenação encorajaria futuros líderes a tentarem reter o poder por todos os meios - e sugeriria que não há linha que um presidente não possa cruzar", alegaram, acrescentando que o povo americano deve ser protegido "contra um presidente que provoca violência para subverter nossa democracia".
Defesa de Trump rebate acusação
Antes mesmo da divulgação das alegações contra o republicano, os advogados de Trump rechaçaram a acusação apresentada pelos democratas para o impeachment. "É o ato legislativo mais insensato que já vi na minha vida", criticou David Schoen, advogado do ex-presidente, em entrevista na segunda-feira.
"[O impeachment] É a arma que eles têm tentado usar contra Trump", emendou.
Para que Trump seja condenado, são necessários votos favoráveis ao impeachment de 67 dos 100 senadores. O Senado, neste momento, está dividido entre 50 parlamentares republicanos e 50 democratas ou aliados dos democratas — o voto de minerva, que não será o caso neste julgamento, é da vice-presidente Kamala Harris.
Isso significa que 17 senadores do Partido Republicano, o mesmo de Trump, teriam de ser favoráveis à condenação do ex-presidente para que o impeachment passasse também no Senado. Embora alguns correligionários do magnata tenham apoiado a destituição, é pouco provável que Trump seja condenado: uma moção para suspender o julgamento foi rejeitada por apenas 55 votos a 45, indicando que há poucos republicanos dispostos a votar pela cassação.
Fonte: G1
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