O presidente do comitê organizador dos Jogos Olímpicos de Tóquio, Yoshiro Mori, pediu desculpas "a todos que se sentiram ofendidos" pelos comentários sexistas feitos na quarta-feira (3), mas descartou a possibilidade de renunciar ao cargo após uma onda de críticas.
O presidente do Comitê Organizador Local dos Jogos Olímpicos de Tóquio, Yoshiro Mori, fala coma imprensa durante videoconferência com o presidente do COI, Thomas Bach, em 28 de janeiro de 2021 — Foto: Takashi Aoyama/Pool via AP
"As declarações vão contra o espírito dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos e portanto são "inapropriadas", afirmou Mori em uma entrevista coletiva em Tóquio nesta quinta-feira (4). "Gostaria de retirar tudo o que disse".
"Mas não tenho a intenção de renunciar", afirmou o chefe da Olimpíada de Tóquio, de 83 anos, ressaltando seu "sacrifício pessoal durante sete anos" para a organização do evento.
A Olimpíada foi adiada em um ano em 2020, devido à pandemia de Covid-19, e agora está prevista para ocorrer entre 23 de julho a 8 de agosto. Mas muitos japoneses defendem que os Jogos sejam cancelados.
Ex-primeiro-ministro do Japão entre 2000 e 2001, Yoshiro Mori disse ontem que mulheres "têm dificuldades" em ser concisas e "têm o espírito de competição". "Se uma levanta a mão [para falar], as outras acham que também devem se expressar. É por isso que todas acabam falando".
"Se você aumenta o número de membros executivos do sexo feminino, e se seu tempo de palavra não estiver limitado em certa medida, terão dificuldade para terminar, o que é irritante", afirmou Mori, ao reclamar que "os conselhos de administração com muitas mulheres levam muito tempo".
O chefe da Olimpíada ainda agradeceu porque, segundo ele, as mulheres do comitê organizador "sabem ficar em seu lugar".
O Japão ocupa o 121º lugar entre 153 países no ranking de igualdade entre homens e mulheres e o 131º na proporção de mulheres em postos de direção nas empresas, na política e no governo.
Reação
A polêmica atingiu o primeiro-ministro japonês, Yoshihide Suga, que foi vaiado pela oposição no Parlamento nesta quinta-feira (4) ao dizer que não estava a par dos detalhes do caso.
A ministra japonesa dos Jogos Olímpicos, Seiko Hashimoto, disse que gostaria de ter uma "conversa honesta" com Mori e que a igualdade entre homens e mulheres é um princípio no coração do espírito olímpico.
Um porta-voz do Comitê Olímpico Internacional (COI) considerou que "o caso está encerrado" porque Mori "pediu desculpas".
Ao ser questionado por um jornalista se pensa que, de maneira geral, as mulheres falam muito, Mori respondeu: "É o que escuto com frequência".
"Não sei de nada, não falo com frequência com mulheres ultimamente", afirmou. "Vocês me fazem todas essas perguntas porque querem escrever histórias engraçadas, certo?".
Mulheres em conselho
Mori afirmou ao jornal Mainichi que falou "sem pensar" e que recebeu broncas da esposa e da filha. "Estava tentando dizer que questionava a opinião geral de que devemos aumentar o números de mulheres em cargos executivos, mas não queria menosprezar as mulheres".
O declaração na quarta-feira foi feita para membros do Comitê Olímpico Japonês, que anunciou no ano passado a intenção de ter um conselho de administração integrado por 40% de mulheres, contra 20% atualmente.
Fonte: G1
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