Cientistas das farmacêuticas Pfizer e BioNTech afirmam que a vacina contra a Covid-19 desenvolvida por eles conseguiu neutralizar uma mutação do coronavírus em laboratório. Os resultados dos testes foram divulgados na terça-feira (19) em versão prévia, sem revisão por outros pesquisadores e nem publicação em revista científica.
Reprodução em 3D do modelo do novo coronavírus (Sars-CoV-2) criada pela Visual Science. Dentro do verde mais claro, as bolinhas vermelhas representam o 'centro' do vírus, o genoma de RNA; as bolinhas verdes são proteínas 'especiais', que protegem esse material genético. Ao redor do verde, o vermelho mais fraco é a 'casca', feita de uma membrana retirada da célula hospedeira. O vermelho mais vivo são as proteínas 'matrizes' codificadas pelo vírus. As 'pontas' que saem do vírus são as 'lanças de proteínas', que o vírus usa para se conectar às células hospedeiras e infectá-las. — Foto: Reprodução/Visual Science
Segundo o estudo, a vacina neutralizou a variante B.1.1.7 do vírus, que foi detectada pela primeira vez no Reino Unido.
Para descobrir se a vacina era capaz de combater a variante do vírus, os cientistas usaram soros de 16 participantes dos ensaios clínicos. Os soros conseguiram neutralizar tanto a B.1.1.7 quanto a versão "de referência" do vírus – de Wuhan, na China, onde os primeiros casos de Covid-19 no mundo foram detectados.
"Os soros imunes tinham títulos [concentrações] neutralizantes equivalentes para ambas as variantes", disseram os pesquisadores.
Para os cientistas, esses dados, junto com a imunidade gerada pela vacina, "tornam improvável que a linhagem B.1.1.7 escape da proteção" induzida por ela.
A vacina também já havia se mostrado eficaz contra outras mutações do vírus, em um estudo divulgado há duas semanas. A pesquisa também não foi publicada em revista científica.
A vacina da Pfizer, apesar de ter sido uma das quatro que foram testadas no Brasil, não está disponível no país. Até agora, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) concedeu aprovação de uso emergencial a duas vacinas: a CoronaVac e a de Oxford. A primeira, desenvolvida na China, já está sendo aplicada; a segunda, entretanto, tem previsão de chegada apenas em março.
Resultados
A vacina da Pfizer teve os resultados preliminares de fase 3 dos testes publicados em dezembro. Segundo os ensaios, a vacina teve 95% de eficácia.
Se uma vacina tem 95% de eficácia, isso significa que, nos testes, ela conseguiu reduzir em 95% a quantidade de casos que ocorreriam se as pessoas não tivessem sido vacinadas.
A vacina usa a tecnologia de mRNA, o RNA mensageiro, para induzir a imunidade ao coronavírus.
O imunizante já foi aprovado e está sendo aplicado no Reino Unido, na União Europeia, nos Estados Unidos, no Canadá e em outros países.
Mais contagiosa
Quando a B.1.1.7 surgiu, cientistas logo levantaram a possibilidade de que ela fosse mais contagiosa do que as anteriores. Até agora, ela já foi detectada em 60 países, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). Um desses países é o Brasil.
Não há ainda, entretanto, prova de que ela cause uma doença pior do que as outras variantes do vírus.
Para evitar um aumento nos casos, vários países europeus decretaram medidas mais rígidas para combater a pandemia: a Alemanha estendeu o bloqueio total ("lockdown"), que iria até o fim de janeiro, para 14 de fevereiro.
A Holanda deve implementar, nesta quarta (20), o primeiro toque de recolher desde a Segunda Guerra Mundial para conter as mutações do coronavírus, segundo o jornal "The Guardian". Com as novas regras, que passam a valer na sexta-feira (22), apenas pessoas com necessidades urgentes poderão sair de casa das 20h30 às 4h30.
Escolas e lojas não essenciais já estão fechadas desde meados de dezembro, e bares e restaurantes, desde outubro. Os bloqueios devem valer até, pelo menos, 9 de fevereiro.
Na terça-feira (19), a primeira-ministra da Dinamarca, Mette Frederiksen, também anunciou que o país deve precisar estender o bloqueio total para além do início de fevereiro. O governo dinamarquês já havia estendido o bloqueio por mais três semanas na semana passada.
A expectativa é que a B.1.1.7 seja a dominante no país até meados de fevereiro.
“Se não contivermos a pressão, podemos correr o risco de um aumento exponencial nas infecções”, declarou Frederiksen. Restaurantes, bares e lojas não essenciais estão fechados na Dinamarca, e as reuniões públicas são limitadas a cinco pessoas.
Na França, um toque de recolher às 18h continua vigorando. Na Espanha, a Galícia proibiu todas as viagens não essenciais nas sete maiores cidades, ordenou que os bares e restaurantes fechassem às 16h e antecipou o toque de recolher para as 22h. La Rioja fechou negócios não essenciais às 17h e limitou reuniões a quatro pessoas, enquanto as lojas na Cantábria foram proibidas de abrir nos fins de semana.
Fonte: G1
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