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quinta-feira, agosto 27, 2020

Justiça determina que GDF volte a divulgar mortes por coronavírus como fazia no início da pandemia

O Tribunal de Justiça do Distrito Federal concedeu uma liminar, nesta quinta-feira (27), para que a Secretaria de Saúde retome o modelo de divulgação original das mortes causadas pela Covid-19, na capital. Desde 19 de agosto, a Secretaria de Saúde informa somente os óbitos das últimas 24 horas.


Cemitérios no DF  — Foto: Toninho Tavares/Agência Brasília
Cemitérios no DF — Foto: Toninho Tavares/Agência Brasília


A decisão dá prazo de 10 dias para que o governo preste informações. Questionada pelo G1, a Secretaria de Saúde informou que ainda não foi notificada da decisão.


A decisão desta quinta foi assinada pela desembargadora Diva Lucy de Faria Pereira. A magistrada afirmou que os dados devem ser divulgados "em sua integralidade", inclusive no site da Secretaria de Saúde, com todos as informações e com a mesma metodologia usada até o dia 17 de agosto pelo governo.


No entendimento da desembargadora, a mudança no critério com pretexto de reduzir o "desassossego da população" com os impactos causados pelas notícias dos óbitos de pessoas infectadas com coronavírus, é um engano porque "oculta a real situação da pandemia no âmbito distrital".


Mudança de divulgação


Secretário de Saúde do Distrito Federal, Francisco Araújo, em coletiva de imprensa realizada em julho de 2020 — Foto: Renato Alves/Agência Brasília
Secretário de Saúde do Distrito Federal, Francisco Araújo, em coletiva de imprensa realizada em julho de 2020 — Foto: Renato Alves/Agência Brasília


Ao anunciar a mudança de divulgação no DF, no dia 19 de agosto, o então secretário de saúde Francisco Araújo disse que o método anterior, adotado na capital e seguido pelo restante do país e pelo mundo, "não estava funcionando".


"Nós vamos fugir dessa metodologia que o país inteiro está utilizando porque ela não está funcionando. Nem tudo que o Ministério [da Saúde] preconiza precisa ser seguido. Cada estado precisa rever a sua metodologia, como nós estamos revendo a nossa aqui, para que não haja uma intranquilidade na população, de uma informação que ela não é real", afirmou.


A decisão do governo local ocorreu na semana em que a capital registrou recorde de mortes pelo novo coronavírus em um dia: foram 66, no dia 17 de agosto. Dessas, cinco ocorreram entre junho e julho e o restante, nos 16 primeiros dias de agosto.


"Não é só você pegar o boletim e divulgar o montante de óbitos que teve ali. Por que eu falo isso? Porque a nossa letalidade, a letalidade do Distrito Federal é uma das menores do país, e a gente precisa divulgar isso. Então quando jogamos para a sociedade 66 óbitos na segunda-feira, onde aconteceu só um, de certa forma isso é desassossegador para a população", afirmou o secretário.



O que dizem especialistas

Após a mudança na divulgação dos dados, especialistas da área de saúde criticaram a medida do governo. Segundo a infectologista Joana D'arc, a medida dificulta a análise da real situação epidemiológica na capital e ainda dar uma "falsa sensação de segurança à população". "Mudando o método de divulgação, o DF perde o parâmetro de comparação com outros estados e com o mundo", afirmou a médica.


"O que a gente precisa é de um planejamento adequado, e não de números tranquilizadores."

"A situação epidemiológica de um lugar é avaliada com números, indicadores que geram estatísticas para que seja possível ter previsões", afirma a médica. "Se eu mudo os parâmetros, dificulto a análise e as tomadas de decisão com relação ao que precisa ser feito nesse local."


Fonte: G1

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