Um laboratório argentino começará a testar em humanos um soro feito à base do plasma de cavalos infectados com o coronavírus Sars-Cov-2 para o tratamento da Covid-19. A agência de vigilância sanitária da Argentina aprovou na sexta-feira (24) a fase de ensaios clínicos (em humanos) da pesquisa.
Pesquisadores desenvolvem soro contra a Covid-19 com a ajuda de cavalos — Foto: Rede Globo
A Administração Nacional de Medicamentos, Alimentos e Tecnologia Médica (ANMAT) aprovou o protocolo clínico do soro hiperimune contra a Covid-19. O medicamento é apontado como uma possibilidade para o tratamento da infecção pelo coronavírus.
Não há até o momento nenhum tratamento ou vacina aprovados para a Covid-19. Os testes em humanos permitirão avaliar a segurança e eficácia desta substância no organismo. O soro hiperimune foi desenvolvido por pesquisadores da Universidade Nacional de San Martín em parceria com a empresa de biotecnologia Inmunova.
Teste em hospitais
O estudo clínico começará em quatro hospitais de Buenos Aires e os testes poderão ser ampliados para outros dez centros de saúde da região metropolitana, onde se concentram 90% dos casos de coronavírus do país.
Raquel Benitez coloca equipamento de segurança para atender paciente com Covid-19 no Hospital Eurnekian Ezeiza, nas proximidades de Buenos Aires, na Argentina, em foto de 14 de julho — Foto: AP Photo/Natacha Pisarenko
O pesquisador Fernando Goldbaum explicou à agência France Presse que o tratamento consiste em dar esses anticorpos, produzidos pelos cavalos, aos pacientes com Covid-19. Segundo ele, a solução tem a capacidade de frear e neutralizar o vírus, impedindo o desenvolvimento da doença.
Nos ensaios "in vitro", em laboratório, o soro se mostrou capaz de neutralizar o vírus até 50 vezes mais do que em testes feitos com o plasma retirado de pacientes recuperados.
'Fábrica de anticorpos'
O soro é uma imunoterapia baseada em anticorpos policlonais equinos. Eles são obtidos após a injeção de uma proteína do coronavírus Sars-CoV-2 em cavalos, ela não se desenvolve nesses animais, mas provoca a geração de grandes quantidades de anticorpos neutralizantes.
"O cavalo é uma biofábrica. Com poucos cavalos é possível obter muito soro" – Fernando Goldbaum, pesquisador
Após a extração do plasma, os anticorpos são purificados e processados para obter uma parte deles com alta pureza e bom perfil de segurança.
Pesquisa no Brasil
Uma tecnologia parecida com a Argentina é também estudada no Brasil. Um estudo do Instituto Vital Brazil, no Rio de Janeiro, desenvolve um soro com a ajuda de cavalos que promete trazer bons resultados no tratamento da Covid-19.
O soro contra a Covid deve ser uma forma de tratamento para quem já está doente, não uma vacina. A estimativa é que o produto esteja disponível nos primeiros meses de 2021.
A ideia é usar o plasma do cavalo – que é a parte líquida do sangue – para estimular a produção de anticorpos capazes de combater o novo coronavírus em humanos. Isso se daria por duas maneiras:
Uma delas pega a proteína que o coronavírus usa para se ligar à célula humana e injeta no cavalo. A ideia é que o animal produza anticorpos capazes de impedir que o vírus consiga infectar essa célula.
A outra utiliza o vírus inteiro, mas inativado. Assim, o cavalo produz anticorpos que permitem que o organismo humano destrua esse vírus.
Fonte: G1
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