quinta-feira, julho 09, 2020

Presidente da CPI das Fake News propõe pedir ao Facebook dados sobre contas removidas

O presidente da CPI das fake news, senador Angelo Coronel (PSD- BA), apresentou um requerimento nesta quinta-feira (9) para pedir ao Facebook os dados das contas ligadas ao PSL e a gabinetes da família Bolsonaro removidas de redes sociais pela empresa. O requerimento precisa ser aprovado pela CPI.

Presidente da CPI das Fake News propõe pedir ao Facebook dados ...
Relatora diz que investigação do Facebook comprova análise de CPMI

A remoção ocorreu na quarta (8). Foram tiradas do ar 35 contas, 14 páginas e 1 grupo no Facebook, além de 38 contas no Instagram. O Facebook, responsável pelas duas redes sociais, afirmou que foram identificados perfis falsos e com "comportamento inautêntico" — quando um grupo de páginas e pessoas atuam em conjunto para enganar outros usuários sobre quem são e o que estão fazendo.

No requerimento, Angelo Coronel explicou que as informações do Facebook vão ajudar a CPI a aprimorar as investigações.

"É importante para o bom andamento dos trabalhos deste colegiado que seja compartilhado o acesso às informações aqui solicitadas, além das razões que levaram à decisão de derrubar tais contas, páginas e grupo", afirmou o senador.

Depois, em vídeo, ele disse que o objetivo do combate às fakes news é "a proteção da sociedade brasileira". "O importante é deixarmos que as redes sociais fiquem limpas e que as pessoas não se influenciem por postagens mentirosas", completou.

A relatora da CPI, deputada Lídice da Mata (PSB-BA), disse em entrevista à GloboNews que defende que a comissão investigue "seja quem for".

"Nós não vamos poder fingir que não estamos vendo. Eu acho que a CPI precisa investigar seja quem for. Se é nossa obrigação investigar campanha de ódio, fake news, ou seja, noticias fraudulentas que são criadas com o interesse de causar prejuízo, que são feitas de modo organizado, com utilização de uma rede de tecnologia para disseminação em massa, tudo isso tem que ser investigado seja quem estiver cometendo esta, no mínimo, irregularidade, esta no mínimo, uma fraude ao usuário da rede", disse a deputada.

Ação do Facebook
Mesmo com os responsáveis tentando ocultar suas identidades, as investigações da rede social encontraram ligações de pessoas associadas ao PSL e a alguns dos funcionários nos gabinetes do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos -RJ), do presidente Jair Bolsonaro, e também de Anderson Moraes e Alana Passos, ambos deputados estaduais pelo PSL no Rio de Janeiro.

A rede social não divulgou a relação dos perfis e do grupo removidos, mas, em imagens usadas pelo Facebook como exemplo dos conteúdos derrubados, é possível ver as páginas "Jogo Político" e "Bolsonaro News", no Facebook.

O Facebook afirmou que chegou ao grupo a partir de notícias na imprensa e por meio de referências durante audiência no Congresso brasileiro.

"A atividade incluiu a criação de pessoas fictícias fingindo ser repórteres, publicação de conteúdo e gerenciamento de páginas fingindo ser veículos de notícias", disse o Facebook em comunicado.

Segundo a empresa, os conteúdos publicados eram sobre notícias e eventos locais, incluindo política e eleições; meme políticos; críticas à oposição; organizações de mídia e jornalistas; e também sobre a pandemia do novo coronavírus.

Ainda de acordo com a rede social, o grupo usava uma combinação de contas duplicadas e contas falsas para evitar a aplicação de políticas da plataforma.

O Facebook afirmou que quando investiga e remove esse tipo de operação se concentra mais "no comportamento, e não no conteúdo – independentemente de quem esteja por trás dessas redes, qual conteúdo elas compartilhem, ou se elas são estrangeiras ou domésticas."

Alguns dos conteúdos publicados por essa rede foram removidos automaticamente por terem violado a política interna da rede social, inclusive por discurso de ódio.

O Facebook, o Instagram e também o Twitter já removeram vídeos e mensagens do presidente Bolsonaro e seus filhos, alegando que elas violavam a política das redes, contra a disseminação de informações danosas à saúde pública e de ódio.

Outro lado
O G1 procurou as assessorias dos parlamentares citados pelo Facebook e a Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom), órgão da Presidência da República. Veja abaixo as respostas recebidas até a última atualização desta reportagem.

Nota do PSL

"A respeito da informação que trata da suspensão de contas do Facebook de alguns políticos no Brasil, não é verdadeira a informação de que sejam contas relacionadas a assessores do PSL, e sim de assessores parlamentares dos respectivos gabinetes, sob responsabilidade direta de cada parlamentar, não havendo qualquer relação com o partido.

Ainda, o partido esclarece que os políticos citados, na prática, já se afastaram do PSL há alguns meses com a intenção de criar um outro partido, inclusive, tendo muitos deles sido suspensos por infidelidade partidária. Ainda, tem sido o próprio PSL um dos principais alvos de fake news proferidos por este grupo."

Nota da assessoria do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos -RJ)

"O governo Bolsonaro foi eleito com forte apoio popular nas ruas e nas redes sociais e, por isso, é possível encontrar milhares de perfis de apoio. Até onde se sabe, todos eles são livres e independentes.

Pelo relatório do Facebook, é impossível avaliar que tipo de perfil foi banido e se a plataforma ultrapassou ou não os limites da censura.

Julgamentos que não permitem o contraditório e a ampla defesa não condizem com a nossa democracia, são armas que podem destruir reputações e vidas."

Nota da assessoria da deputada Alana Passos (PSL-RJ)

"Em nenhum momento fui notificada pelo Facebook sobre qualquer irregularidade ou violação de regras das minhas contas, que são verificadas e uso para divulgar minha atuação como parlamentar e posições políticas. Quanto a perfis de pessoas que trabalharam no meu gabinete, não posso responder pelo conteúdo publicado. Nenhum funcionário teve a rede bloqueada por qualquer suposta irregularidade. Estou à disposição para prestar qualquer esclarecimento, pois nunca orientei sobre criação de perfil falso e nunca incentivei a disseminação de discursos de ódio".

Nota da assessoria do deputado Anderson Moraes (PSL-RJ)

"Tenho um perfil verificado, que não sofreu bloqueio ou qualquer aviso de ter violado qualquer regra da rede. Mas excluíram a conta de uma pessoa que trabalha no gabinete, uma pessoa com perfil real, não é falsa. A remoção da conta foi absurda e arbitrária, porque postava de acordo com ideologia e aquilo que acreditava.

O Facebook em nenhum momento apontou o que estava em desacordo com as regras. Qual motivo excluíram? Falam em disseminação de ódio, mas será que também vão deletar perfis de quem desejou a morte do presidente?

O governo Bolsonaro foi eleito com forte apoio nas redes sociais, perfis livres. Querem tolher a principal ferramenta da direita de fazer política. Estão atentando contra a liberdade de expressão e isso contraria princípios democráticos."

Fonte: G1

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Sua opinião é muito importante para nós, comente essa matéria!