segunda-feira, março 09, 2020

'Ruas vazias, é triste ver a cidade assim', diz potiguar que vive em região de quarentena contra coronavírus na Itália

Ruas vazias e comércio praticamente fechado, além de hospitais cheios. Essa é a situação atual de Milão, na Itália, por causa do novo coronavírus, segundo a potiguar Dea Maria de Macedo, de 52 anos. Ela mora na cidade há 18 anos e relata que nos últimos dias tem saído pouco de casa, apenas para trabalhar ou comprar algo que precise. Apesar disso, diz estar tranquila com a situação. “Estou tranquila. Só é triste ver a cidade assim, parada. Mas acho que se cumprir o que tem no decreto não vou contrair o vírus”.

A potiguar Dea, a filha e o marido, que moram em Milão — Foto: Cedida
A potiguar Dea, a filha e o marido, que moram em Milão — Foto: Cedida

Dea se refere ao decreto do governo italiano que, no fim de semana, colocou em quarentena toda a região da Lombardia, onde está situada Milão, que é a capital econômica do país. As medidas afetam 16 milhões de pessoas e ao menos 16 províncias vizinhas. A determinação orienta a população da localidade sobre como proceder no dia a dia, para evitar o contágio.

De acordo com Dea Macedo, as pessoas que deixarem as cidades em que estão na Lombardia serão multadas pelo governo. Transitar de uma para a outra está proibido. As autoridades afirmaram que será preciso dar uma permissão específica para sair das áreas em isolamento para emergências familiares ou de trabalho. A polícia vai parar os viajantes para verificar se eles têm motivo para atravessar os bloqueios.


Dea trabalha em uma loja de preparação de casamentos e batizados em Milão. Ela conta que os funcionários têm se revesado no estabelecimento para entregar os serviços dos contratos que já haviam sido estabelecidos, para os próximos meses. “Eu só estou trabalhando aos sábados e domingos”. Isso porque quase não há demanda de novos pedidos, segundo ela.

Potiguar Dea Maria de Macedo mora em Milão há 18 anos — Foto: Cedida
Potiguar Dea Maria de Macedo mora em Milão há 18 anos — Foto: Cedida

A potiguar afirma que várias cerimônias têm sido canceladas, até porque as igrejas da região também estão fechadas. Nas ruas, segundo Dea, há pouca gente circulando e o governo disponibilizou no Centro recipientes com álcool em gel para o uso da população.

Não falta comida
Dea Maria de Macedo diz que não falta produtos no supermercado, porque o abastecimento foi mantido. Por outro lado, existe um controle de pessoas que entram e saem desses estabelecimentos, para evitar grandes aglomerações.

Além disso, nas filas é necessário que haja uma distância de, pelo menos, um metro e meio de um cliente para o outro. É assim em qualquer lugar. Segundo Dea, nos cafés de Milão está proibido servir o público nos balcões, é preciso sentar-se às mesas. E essas mesas, ainda de acordo com ela, estão distantes um metro de meio uma da outra.

A preocupação com pessoas idosas é maior. Dea relata que elas não podem sair de casa, mesmo que seja para comprar comida. O governo está solicitando que voluntários façam esse serviço e levem as compras nas residências dos idosos, e que deixem o material comprado do lado de fora da porta.

Farmácias e supermercados estão abertos e, no comércio, uma loja ou outra ainda está fazendo atendimentos. De acordo com Dea de Macedo, a orientação é para que os funcionários usem luvas e máscaras hospitalares. Os clientes, se forem pagar no cartão, também precisam usar luvas para digitar a senha na maquineta.

Tranquila e cumprindo o que determinou o governo
Dea de Macedo afirma que está “triste” por ver a situação da região e as ruas esvaziadas. “Vou entrar no elevador e ninguém quer entrar comigo. Eu também não entro com eles. E é assim que devemos fazer, mesmo”, relata.

Para ela, se a população seguir as orientações vai evitar o contágio e a Itália conseguir sair dessa situação. Dea mora há 18 anos com o marido, que é italiano, em Milão. Recentemente, os dois tiveram uma gripe, mas a hipótese de Covid-19 foi descartada. Uma filha de Dea, que vive na cidade, contraiu também o resfriado. “Nessa época, na mudança da estação, que agora está indo do inverno para a primavera, é comum essas gripes. Então as pessoas ficam assustadas”.

Quem fez o atendimento foi o médico da família. Há uma orientação para que as pessoas não procurem os hospitais, que estão lotados, porque elas podem acabar contraindo o novo coronavírus nas unidades. O governo pede que as famílias acionem seus médicos de base, para que recebam atendimento em casa.

Na Itália, esses profissionais, os “medico di base”, são a porta de entrada para o sistema de saúde, o primeiro atendimento. Dea conta que, mesmo se esses médicos detectarem o vírus nos pacientes, estes só são levados para hospitais se o Covid-19 se manifestar em nível considerado grave. Caso não, permanecem se tratando em suas residências, em quarentena.

“Mas eu não tenho medo. Se você seguir as regras estabelecidas no decreto, evita o contágio. Não é um mosquito que pica e você contrai a doença. Depende muito mais da gente”.


Entre o sábado (7) e o domingo (8), a Itália registrou mais 36 mortes por causa do novo coronavírus, o que aumentou para 233 o total de óbitos. O número de casos no país chega a 5.883, um crescimento de mais de 1.200 pacientes.

fonte: G1

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