Deputado Gustavo Schmidt mantém escritório para pré-candidato a prefeito de Nilópolis com dinheiro público

O deputado Gustavo Schmidt (PSL) mantém com dinheiro público um gabinete de apoio fora da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro para o pré-candidato à prefeitura de Nilópolis Wander Oliveira (sem partido), conforme mostrou o RJ2 nesta quinta-feira (16). Funcionários do pré-candidato correram para esconder computadores quando perceberam a presença da reportagem.

A casa que Wander Oliveira mostra funcionar como seu escritório em uma postagem nas redes sociais é alugada ao custo de R$ 1,5 mil por mês.

O valor é pago pelas verbas de gabinete da Alerj destinados ao deputado estadual Gustavo Schmidt, como mostrou um recibo obtido pela reportagem. O documento atesta Gustavo como inquilino e o comprovante constata que o dinheiro saiu da conta da Alerj.

Desde 2019, os deputados da Alerj têm direito a quase R$27 mil mensais para gastar em seus gabinetes. Eles podem usar essa verba para alugar equipamentos, fazer divulgação dos seus mandatos, comprar passagens aéreas e, inclusive, alugar imóveis, desde que esses espaços sirvam como gabinetes avançados que fiquem próximos aos eleitores.

Mas as regras são claras: toda a verba deve ser usada pelo próprio parlamentar para o mandato que ele exerce e não para benefício de terceiros e aliados políticos.

Promessa de mandato sério

Gustavo Schmidt está em seu primeiro mandato de deputado pelo PSL. Em sua campanha, prometeu um mandato sério e usou frases como “Para fazer a boa política dentro da Alerj”, “Contamos com vocês, vamos renovar essa política” e "Eu estou cansado dos políticos profissionais que não ligam para dinheiro público”.

Recentemente, Gustavo se tornou presidente do Diretório Municipal do PSL em Niterói. Apesar de a maior parte dos votos de Gustavo terem vindo de Niterói e de São Gonçalo, o deputado escolheu Nilópolis, cidade em que o aliado Wander Oliveira, com quem aparece em fotos, é candidato, para o escritório.

Inconsistências entre redes sociais e explicação dada por pré-candidato

Em suas redes sociais, o pré-candidato Wander Oliveira mostra uma agenda típica de um pré-candidato: são reuniões, encontros e compromissos. Ele se refere à casa como seu escritório em postagens.

Na terça-feira (14), havia uma grande movimentação de pessoas no local, e um carro com um adesivo com as inscrições "Vai dar W.O.", como Wander Oliveira é conhecido. Na quarta-feira (15), a equipe esteve no local e, com uma câmera escondida, registrou um dos funcionários de Wander confirmando que, desde setembro de 2019, funciona ali o escritório do pré-candidato à prefeitura de Nilópolis.

Mas, nesta quinta-feira (16), diante das câmeras, o discurso foi diferente. Quando questionado pela reportagem sobre fazer uso de um escritório pago com dinheiro público, Wander negou que trabalhe no local.

"Na verdade eu tenho uma reunião marcada aqui hoje com o André, do escritório, aqui é, na verdade, é o escritório avançado do deputado Gustavo Schmidt. Não é meu escritório", afirmou, desmentindo as imagens publicadas em suas próprias redes sociais.

Enquanto Wander Oliveira era entrevistado, outra câmera do RJ2 flagrou funcionários que estavam dentro da casa correndo com computadores no fundo da casa.

Depois da entrevista, Wander Oliveira alterou postagens em suas redes sociais em que afirmava que a casa era "seu escritório".

O deputado Gustavo Schmidt foi procurado pela equipe do RJ2 para prestar explicações sobre o escritório que aluga com dinheiro público para o aliado. Ele não foi encontrado em nenhum dos endereços e as ligações para o seu número foram recusadas.

A assessoria de Gustavo Schmidt afirmou que o escritório é do deputado e que o espaço é usado para atender à população local e afirmou desconhecer a utilização do espaço para outros fins.

Com relação ao Sr. Wander, a assessoria afirma que se trata de um cidadão comum que costuma levar demandas da comunidade local aos servidores do gabinete, para que o deputado, cumprindo seu papel de parlamentar, possa auxiliar na busca das soluções possíveis.

A assessoria afirma que "sobre uma possível candidatura, não houve sequer convenções para que alguém possa se colocar como candidato ao que quer que seja".

Fonte: G1