Policiais federais prenderam, na tarde desta quinta-feira (16), no Centro do Rio, o ex-subsecretário de saúde estadual do Rio César Romero. Ele foi delator da Operação Fatura Exposta, desdobramento da Lava Jato que apurou um esquema de corrupção na pasta durante a gestão de Sérgio Côrtes.
Segundo as investigações, César descumpriu o acordo de delação ao proteger um empresário em troca de dinheiro na Operação Calvário, da Paraíba. Gravações entre os dois teriam revelado o esquema e foram reveladas pelo próprio empresário, que se tornou delator.
A prisão aconteceu em um escritório na Rua México. No local, foram apreendidos celulares e computador, que serão encaminhados para a perícia. Cesar tinha uma viagem programada para os Estados Unidos ainda nesta quinta.
A defesa do ex-subsecretário afirmou que não teve acesso aos autos e que ainda não vai se manifestar.
Em nota, o Ministério Público Federal afirma que as condutas do colaborador justificam o rompimento do contrato. Caso isso aconteça, o delator perde direito a todos os benefícios.
Os procuradores defendem ainda que o ex-subsecretário de Saúde responda pelo crime de obstrução de Justiça.
Romero 'lembrou' novos fatos 8 meses após delação
Em novembro de 2017, oito meses após a delação, Romero já havia intrigado os procuradores da Lava-Jato adicionando informações à colaboração premiada que tinham sido "esquecidos", segundo ele.
Na ocasião, os advogados apresentaram ao Ministério Público Federal (MPF) um novo termo de colaboração complementar, com fatos novos que foram anexados ao processo.
Romero se lembrou, naquele termo, de um contrato que rendeu R$ 2 milhões em propina ao grupo de Carlos Miranda, operador financeiro da organização criminosa chefiada por Sérgio Cabral.
Num outro esforço de memória, o ex-subsecretário de saúde também falou sobre um esquema na compra de capa para caixas d'água com verba do combate à dengue. Segundo Cesar Romero, 10% dos contratos eram acertados com Carlos Miranda.
César Romero foi preso em prédio no Centro — Foto: Arthur Guimarães/TV Globo
A delação de Romero relaciona políticos e empresários a desvios na saúde, em um processo que envolve o ex-governador Sérgio Cabral. A delação foi homologada pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal.
Realizada em abril de 2017, a Operação Fatura Exposta desvendou um esquema de corrupção na Secretaria Estadual de Saúde.
Miguel Iskin e Gustavo Estellita, sócios de uma fornecedora de materiais hospitalares para a Secretaria Estadual de Saúde, foram presos na ocasião, assim como o ex-secretário estadual de Saúde Sérgio Côrtes.
Em 2018, a defesa dos empresários Miguel Iskin e Gustavo Estellita pediu a anulação da delação premiada de Romero.
As defesas alegam que uma perícia feita pela Polícia Federal no telefone do delator mostrou que ele teria mentido durante o depoimento e quebrou o acordo com o Ministério Público Federal.
Fonte: G1
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