Uma nova declaração do presidente Jair Bolsonaro sobre as queimadas na Amazônia voltou a provocar críticas e reações na imprensa internacional. Bolsonaro acusou o ator americano e ambientalista Leonardo DiCaprio e a ONG WWF de financiarem queimadas criminosas no Brasil.
Foi na saída do Palácio da Alvorada. O presidente falou cercado por apoiadores.
"Quando eu falei que há suspeitas de ONGs, o que a imprensa fez comigo? Agora, o Leonardo DiCaprio é um cara legal, não é? Dando dinheiro para tacar fogo na Amazônia", disse.
O presidente já havia feito referência ao ator, ao vivo, em rede social, ontem.
"O pessoal da ONG, o que eles fizeram? O que é mais fácil? Botar fogo no mato. Tira foto, filma, a ONG faz campanha contra o Brasil, entra em contato com o Leonardo DiCaprio, e o Leonardo DiCaprio doa 500 mil dólares para essa ONG. Uma parte foi para o pessoal que estava tocando fogo, tá certo? Leonardo DiCaprio tá colaborando aí com a queimada na Amazônia, assim não dá."
Bolsonaro se referia aos quatro brigadistas, da região de Alter do Chão, no Pará, que foram presos, depois de apontados pela Polícia Civil como suspeitos de atear fogo na floresta para obter doações. As prisões geraram críticas.
As entidades mantenedoras das atividades desses brigadistas protestaram contra as acusações.
O Ministério Público disse que não há indícios do envolvimento deles e investiga a ação de grileiros em Alter do Chão.
O governador Elder Barbalho, do MDB, interferiu. Afastou o chefe da investigação, delegado Fabio Amaral, e a Justiça mandou soltar os brigadistas.
Brigadistas deixam a prisão em Santarém, Pará — Foto: Sílvia Vieira/G1
O pedido de prisão se baseava numa conversa gravada, de um dirigente de ONG, que até hoje não foi apresentada, como indício de envolvimento dos brigadistas nos incêndios. Eles negam as acusações.
A referência do presidente Bolsonaro ao ator Leonardo DiCaprio também se baseia nessa investigação que aponta o ator como doador de US$ 500 mil para ONGs. Segundo a polícia, os brigadistas provocaram incêndios e venderam imagens - que teriam sido usadas pela ONG WWF para conseguir doações como a do ator.
As declarações de Bolsonaro repercutiram fora do país.
Os jornais americanos "Washington Post" e "New York Times" destacaram que o presidente do Brasil criticou DiCaprio por incêndios na Amazônia e afirmaram que Bolsonaro não ofereceu nenhuma prova.
O britânico "The Guardian" diz que Bolsonaro acusou falsamente o ator de ter pago pelos incêndios.
O WWF declarou em nota que os recursos enviados à brigada Alter do Chão não incluíram doações do ator Leonardo DiCaprio, que não comprou fotos da brigada Alter do Chão nem pôs fogo na Amazônia. A ONG afirmou que, ao contrário, mobilizou recursos para fortalecer organizações locais que se dedicam a proteger a floresta de desmatamento e queimadas, e lamentou que o Presidente da República insista em divulgar inverdades.
Fonte: G1
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