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quinta-feira, agosto 01, 2019

Inpe diz que confia no Deter e que não teve acesso prévio ao estudo do governo com críticas ao sistema

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O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) afirmou, no fim da tarde desta quinta-feira (1º), que tem "confiança na qualidade dos dados produzidos pelo Deter", o sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real criado em 2004 para auxiliar na fiscalização e combate ao desmatamento na Amazônia.

O comunicado foi uma resposta a críticas feitas mais cedo pelo ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e pelo presidente Jair Bolsonaro à divulgação pública de dados do Deter. Segundo o Inpe, "qualquer comparação dos resultados do Deter com resultados de metodologias ou imagens distintas deve ser aprofundada, e requer uma avaliação mais completa".

No início da tarde de quinta, Bolsonaro, Salles e os ministros do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, e das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, concederam entrevista coletiva em Brasília na qual apresentaram um estudo feito pelo MMA que apontou inconsistências nos dados do Deter referentes a junho de 2019.

Ao se manifestar em meio à entrevista, Bolsonaro declarou que notícias sobre aumento de desmatamento – que ele disse não condizer "com a verdade" – prejudicam a imagem do Brasil no exterior. Ele afirmou que há "gente" dentro do Inpe interessada em denegrir a imagem do país.

O Inpe é vinculado ao Ministério da Ciência e Tecnologia (MCTIC). O ministro da pasta, Marcos Pontes, não participou da coletiva nesta quinta, mas afirmou, na noite de quarta-feira (31), que "aqueles dados, 88%, apresentados em junho, aquele dado foi utilizado de maneira incorreta". Ainda segundo ele, o Deter "não foi feito pra isso, ele foi utilizado de maneira incorreta".

Reuniões sobre o sistema Deter
No comunicado, o Inpe afirmou que dois de seus servidores participaram de duas reuniões em Brasília na quarta. Na primeira, no MCTIC, o instituto disse que apresentou a metodologia e os resultados de seu Programa de Monitoramento da Amazônia e Demais Biomas (PAMZ+), que inclui o sistema Deter.

Uma segunda reunião, diz a nota, aconteceu no MMA. Dessa vez, foi o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) que apresentou "um estudo que analisava parte dos dados de alertas gerados no Deter no mês de junho de 2019".

Nesta quinta, o próprio ministro Salles apresentou aos jornalistas dados desse material. Até a publicação desta reportagem, a pasta não havia divulgado ao G1 a íntegra da apresentação.

De acordo com o comunicado, "o Inpe esclarece que não teve acesso prévio a essa análise e que seus representantes responderam a todas as questões apontadas durante a apresentação", e que, "para uma análise completa, o Inpe solicitou ao MMA acesso ao referido estudo".

A nota não deixa claro se o documento já foi entregue ao instituto, mas o órgão diz que, "de antemão, o Inpe avalia que o estudo apresentado corrobora a metodologia do Deter, pois os alertas de desmatamento mostrados se tratavam de fato de áreas desmatadas".


"Qualquer comparação dos resultados do Deter com resultados de metodologias ou imagens distintas deve ser aprofundada, e requer uma avaliação mais completa", continuou o Inpe.
"O Inpe reafirma sua confiança na qualidade dos dados produzidos pelo Deter. Os alertas são produzidos seguindo metodologia amplamente divulgada e consistentemente aplicada desde 2004. É amplamente sabido que ela contribuiu para a redução do desmatamento na região amazônica, quando utilizada em conjunto com ações de fiscalização."

Leia a íntegra do comunicado do Inpe:

"O INPE presta esclarecimentos sobre as recentes notícias relativas aos dados gerados no projeto Desmatamento em Tempo Real (DETER) desenvolvido no âmbito de seu Programa de Monitoramento da Amazônia e Demais Biomas (PAMZ+).

O diretor substituto, Petrônio Souza, o coordenador do PAMZ+, Cláudio Almeida, e a coordenadora de Observação da Terra do INPE, Lubia Vinhas, atenderam a convocação do MCTIC para participar de duas reuniões técnicas em Brasília, no dia 31/07/2019, a fim de apresentar a metodologia e os resultados dos projetos do PAMZ+.

Uma primeira reunião aconteceu nas dependências do Ministério de Ciência, Tecnologia, Informações e Comunicações (MCTIC), com a presença do ministro Marcos Pontes, do seu Secretário Executivo, Julio Semeghini, e de outros representantes do ministério. Parte da reunião também foi acompanhada pelo ministro do Meio Ambiente (MMA) Ricardo Salles. Nessa reunião a equipe do INPE apresentou a metodologia e os resultados do DETER e, também, dos projetos PRODES e TerraClass, e respondeu a todas as dúvidas apresentadas.

Uma segunda reunião aconteceu no auditório do MMA com a presença novamente dos dois ministros e de outras autoridades. Nessa reunião, o diretor de Proteção Ambiental do IBAMA, Olivaldi Azevedo, fez uma apresentação sobre um estudo que analisava parte dos dados de alertas gerados no DETER no mês de junho de 2019. O estudo indicou "inconsistências e erros" nos dados do DETER.


O INPE esclarece que não teve acesso prévio a essa análise e que seus representantes responderam a todas as questões apontadas durante a apresentação. Para uma análise completa, o INPE solicitou ao MMA acesso ao referido estudo. De antemão, o INPE avalia que o estudo apresentado corrobora a metodologia do DETER, pois os alertas de desmatamento mostrados se tratavam de fato de áreas desmatadas. Qualquer comparação dos resultados do DETER com resultados de metodologias ou imagens distintas deve ser aprofundada, e requer uma avaliação mais completa.

A coletiva de imprensa que se seguiu após encerrada a reunião foi exclusivamente com o ministro Ricardo Salles.

O INPE reafirma sua confiança na qualidade dos dados produzidos pelo DETER. Os alertas são produzidos seguindo metodologia amplamente divulgada e consistentemente aplicada desde 2004. É amplamente sabido que ela contribuiu para a redução do desmatamento na região amazônica, quando utilizada em conjunto com ações de fiscalização.

O trabalho do INPE sempre foi norteado pelos princípios de excelência, transparência e honestidade científica. A busca pelo aperfeiçoamento e pela melhoria constante da qualidade de seu trabalho também são componentes fundamentais de sua cultura técnica e científica."

Fonte: G1

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