O El Niño, responsável pela seca de sete anos no Rio Grande do Norte, pode voltar no final deste ano e início de 2019. É o que apontam a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) e o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). A probabilidade é de 60% disso acontecer. Já o Centro de Previsão Climática do NOAH (Administração Oceânica de Atmosfera Nacional) dos Estados Unidos publicou que a possibilidade do El Niño neste período é de até 70%. O El Niño castigou o Rio Grande do Norte de 2012 a 2017.
Fenômeno “El Niño” diz respeito ao aquecimento de águas do pacífico. Secas dos últimos sete anos foram causadas por fenômeno
Mesmo com os indicadores apontando para sua volta em dezembro e janeiro e fevereiro de 2019, o meteorologista da Empresa de Pesquisa Agropecuário do Rio Grande do Norte (Emparn), Gilmar Bristot, prefere esperar pela configuração dos indicadores de clima de setembro para confirmar a ocorrência do fenômeno.
Evento climático de grandes proporções, El Niño ocorre no Oceano Pacífico e quando isso acontece, explica o meteorologista, causa confusão no clima de algumas áreas do planeta, como no Nordeste brasileiro.
Mas quando ele está em atividade no Brasil não afeta apenas o Nordeste. Nas regiões Sul e Sudeste costuma causar chuvas fortes, e no Norte, concentra precipitações principalmente no Acre, que fica próximo ao litoral do Pacífico.
“Estamos em uma situação de anomalias com águas mais quentes que o normal (no Pacífico)”, pontua o meteorologista. De acordo com ele, isso pode trazer como consequência um afloramento do El Niño entre os meses de novembro e dezembro, com auge entre janeiro de fevereiro. “O que poderia comprometer o período chuvoso de 2019”.
Com a atuação do fenômeno, a partir do auge pode haver uma tendência de resfriamento do Pacífico mas não é possível dizer as consequências dessa atuação para a formação de chuvas por enquanto, afirma Gilmar Bristot. “Eu gosto de começar a conversar sobre previsão climática a partir de meados de outubro”, aponta.
Em outubro, esclarece Bristot, é possível ter algumas informações do comportamento dos oceanos, tanto do Pacífico quanto do Atlântico, com os dados de setembro, mês significativo para se obter dados para se chegar a conclusões sobre o clima.
O Atlântico Norte atinge a temperatura máxima setembro, e o Atlântico Sul, a mínima, enquanto o Pacífico mostra uma melhor tendência aumento. “Existe a possibilidade nas análises, nos dados, de esquentar e isso está muito evidente”, diz Bristot.
Mas evidências não são dados concretos para dimensionar os resultados dessa elevação de temperatura do Pacífico para 2019 com os indicadores atuais, complementa o meteorologista.
“Há um alerta de aumento (da temperatura) no final de 2018 e início de 2019”, diz Bristot. Mas ele diz ser preciso mais informações para quantificar o alerta. Se vai realmente acontecer ou se vai chegar ao auge que normalmente começa em dezembro e depois reduzir sua atividade.
De acordo com o padrão histórico do El Niño depois de uma ocorrência muito forte, como foi o caso de 2015/2016 no Rio Grande do Norte, dificilmente haverá uma ocorrência forte nos próximos dois ou três anos, afirma Bristot.
Dados mostram, no momento, que haverá atividade do dele nos períodos apontados mas Gilmar Bristot prefere cautela, e emitir uma opinião mais técnica somente em outubro com base na dinâmica de setembro.
Chuvas de dezembro
É difícil dizer se as chuvas de dezembro que costumam cair na região Oeste do Estado na chamada de pré-estação chuvosa podem receber influência do El Niño, assinala Bristot.
A pré-estação de dezembro depende da expansão da umidade que vem da região Amazônica em direção ao Leste do Nordeste em dezembro e janeiro. “Mas é difícil fazer previsão para a pré-estação chuvosa porque são sistemas anômalos que atuam sobre o Nordeste como vórtices cliclônicos e frentes frias”. São sistemas de previsibilidade e alta frequência, portanto, não há condições de se dimensionar sua atuação.
Em janeiro e fevereiro de 2004, a atuação do vórtice cliclônico foi responsável por um grande volume de chuvas no Rio Grande do Norte mas as precipitações cessaram.
Gilmar Bristot explica que não tem não tem capacidade técnica para fazer previsão climática entre um e dois meses. Somente com até oito dias.
Estado de emergência
Pela décima primeira vez consecutiva o governo do Estado publicou o decreto de situação de emergência para 152 dos 167 municípios do Rio Grande do Norte em razão das consequências da seca que atinge o semiárido potiguar desde 2012. A agropecuária do estado sofreu uma perda de R$ 4,3 bilhões, uma perda de 50% da contribuição do setor para o PIB estadual.
Nas razões 16 razões que o governo aponta para a renovação do decreto decreto de emergência (28.325 de 12 de setembro de 2018) estão a escassez hídrica por seis anos contínuos e o impacto socioeconômico que o fenômeno El Niño causou à agropecuária potiguar.
As irregularidades pluviométricas, aponta o decreto, esvaziaram os reservatórios públicos e privados de água bem como foram responsáveis pela baixa recarga dos lençóis freáticos, apesar das chuvas do primeiro semestre de 2018 terem sido consideradas normais na maioria dos municípios.
Por causa da escassez hídrica a oferta de água foi reduzida para consumo humano e também para o cultivo irrigado. Este ano, segundo a Emparn, em 84 municípios as chuvas foram de normal a muito chuvoso.
Pelo menos 33 municípios foram classificados como secos e 21, muito secos, e 29 ficaram sem informações pluviométricas, de acordo com o decreto de emergência. Houve perdas estimadas em mais de R$ 2,4 milhões, sendo R$ 1,7 milhões de prejuízos para a lavoura e R$ 721 mil na pecuária.
Fonte: Tribuna do Norte
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