Criança, recém-nascida, está internada na Santa Casa de Rio Preto (Foto: Reprodução)
Uma semana após passar por um procedimento médico que precisou de transfusão de sangue, o recém-nascido de uma família que segue a religião Testemunha de Jeová continua internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da Santa Casa de São José do Rio Preto (SP).
De acordo com a assessoria de imprensa do hospital, o estado de saúde do bebê é considerado estável e sem previsão de alta. Segundo a Santa Casa, o menino tinha hemorragia no estômago e quadro grave de anemia.
O procedimento foi realizado pela equipe médica da Santa Casa após uma determinação da Justiça, já que a religião da bebê proíbe a transfusão de sangue.
O G1 tentou entrar em contato com os pais da criança, mas ninguém quis comentar o caso.
Advogados da Santa Casa disseram no pedido à Justiça que estado de saúde é gravíssimo (Foto: Reprodução)
O bebê nasceu na Santa Casa no dia 14 de abril, sem qualquer problema de saúde, e recebeu alta no dia 17.
No entanto, no dia seguinte, retornou ao hospital para a realização do teste do pezinho, quando os médicos constataram que o recém-nascido estava desidratado e hipoativo - com sonolência fora do normal e falta de movimentação.
O menino foi internado, mas o quadro clínico se agravou. Ele foi então para a UTI, onde apresentou distúrbio de coagulação, sangramento digestivo e anemia.
No pedido da Santa Casa à Justiça, o advogado do hospital explicou a gravidade do quadro clínico.
“Seu estado de saúde é gravíssimo, sendo que o corpo médico, diante da situação apresentada, conclui que é indispensável a realização, em caráter de urgência, de transfusão de sangue no recém-nascido da requerida. Pois todos os tratamentos alternativos não apresentaram condições de reverter a piora de seu quadro clínico. A realização da transfusão de sangue é indispensável para preservação da vida do recém-nascido”, escreveu.
Mãe chegou a escrever carta dizendo que sabia do risco de vida que o filho corria, mas mesmo assim não autorizava a transfusão (Foto: Reprodução)
Carta da mãe
A mãe chegou até a redigir uma carta dizendo que tinha sido orientada pela equipe médica sobre a gravidade do quadro de saúde do bebê e que estava ciente de que ele poderia morrer se não fosse feita a transfusão.
"Mesmo assim, sabendo de todos os riscos e gravidade, não autorizo as transfusões", escreveu a mãe.
O juiz acatou o pedido da Santa Casa e concedeu tutela antecipada, destacando que a demora natural dos trâmites do processo poderia trazer dano irreversível ou de difícil reparação para o bebê.
"Preservada a garantia constitucional do direito à crença e culto religioso, o direito à vida é de ser tutelado em primeiro lugar pelo Estado, dada ordem de grandeza que envolve um e outro direito, evidenciando a presença do fumus boni juris", afirmou o juiz Lavínio Donizetti Paschoalão.
Trecho da decisão que garantiu à Santa Casa de Rio Preto o direito de fazer transfusão de sangue em um bebê de família Testemunha de Jeová (Foto: Reprodução)
Fonte: G1
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