Quatro pessoas morreram após o desabamento de um prédio, no início da manhã desta terça-feira (13), no bairro de Pituaçu, em Salvador. Sete pessoas de uma mesma família estavam no imóvel no momento do ocorrido, por volta das 6h, quando houve a tragédia. Os mortos são uma mãe, dois filhos de 1 e 12 anos, e o tio das crianças.
Outras três pessoas da família foram resgatadas com vida -- um outro tio das crianças, de 29 anos, a mulher dele, de 30, e a filha do casal, de 11 meses. Eles foram levados para o Hospital Geral do Estado (HGE). Segundo familiares, por volta das 16h, todos três já tinham recebido alta. no entanto, apenas a criança já estava na casa de parentes, também no Alto do São João.
O prédio, que tinha quatro pavimentos, fica na Rua Alto de São João. O desabamento aconteceu durante uma forte chuva que atingiu a capital baiana. Em cerca de três horas, três bairros de Salvador registraram um índice de precipitação quase 70% superior ao esperado para todo o mês de março.
O imóvel que desabou não fica em área de risco -- mas há a suspeita de que a construção estava irregular, segunda informações de Sosthenes Macêdo, diretor geral da Defesa Civil de Salvador.
Os mortos foram identificados como:
Rosemeire Pereira de Jesus, de 34 anos (mãe)
Robert de Jesus, de 12 anos (filho)
Artur de Jesus, 1 ano (filho)
Alan Pereira de Jesus, 31 anos (tio)
Os três resgatados com vida são Alex Pereira de Jesus; a mulher dele, Beatriz; e a filha do casal, Sabrina Menezes. Segundo Juliana Portela, da Secretaria de Promoção Social e Combate à Pobreza (Semps), os três moravam no andar de cima do prédio.
No andar de baixo moravam Alan e Rosemeire, que são irmãos de Alex, além dos dois filhos dela, que morreram.
O primeiro corpo resgatado foi o de Robert, de 12 anos, por volta das 7h30. Por volta das 11h20, foi resgatado o corpo de Alan. Ao meio dia, o corpo de Artur, de 1 ano, foi retirado dos escombros. Já o de Rosemeire, foi removido do local da tragédia por volta das 12h50.
Iara Maria Silva, de 55 anos, no momento em que reconheceu o corpo do filho, Alan Pereira, uma das vítimas do desabamento em Salvador (Foto: Alan Alves/G1 BA)
O corpo de Alan foi reconhecido pela pela mãe dele, Iara Maria Silva de Jesus, 55 anos, no carro do DPT, ainda na região da tragédia.
"Uma dor que não consigo descrever. Ele morava aí há cerca de dois anos. Morava embaixo, no térreo com a irmã Rosemeire e os sobrinhos Robert e Artur", disse Iara.
Quatro ambulâncias do Samu, unidades do Corpo de Bombeiros e um helicóptero do Graer atuaram no local do resgate.
Área onde ocorreu desabamento foi isolada pela Defesa Civil (Foto: Alan Oliveira/ G1)
"Para mim é uma emoção estar ajudando esse pessoal. Como foram eles, poderia ser qualquer um da gente. Fomos nascidos e criados junto, vizinhos, praticamente", disse o modelador naval, Thomaz Chavier, que ajudou nas buscas.
Outra mulher que não estava no prédio, Rosângela Santana de Jesus, de 30 anos, passou mal e foi encaminhada para atendimento médico pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).
Os corpos que foram removidos do local do desabamento serão periciados por equipes do Departamento de Polícia Técnica (DPT).
Construção
O prédio ficava no final de um beco estreito na Rua Alto do São João. Moradores se aglomeraram no espaço para acompanhar o resgate das vítimas, e a quantidade de pessoas no caminho chegava a atrapalhar a passagem das equipes.
O diretor-geral da Defesa Civil de Salvador, Sosthenes Macedo, informou que um dos moradores que sobreviveu disse que o prédio era dividido em quatro pavimentos: subsolo, térreo, primeiro e segundo andar. A construção teria cinco anos.
O diretor-geral afirmou, ainda, que a avaliação preliminar é de que a construção do prédio era irregular. "Somente depois da área limpa, para enxergar a fundação, a estrutura que foi construída, para fazer o levantamento da edificação. Só com o término do procedimento", detalha.
"Os engenheiros informam que muito provavelmente foi uma falha na técnica de construção da edificação, que pode ter gerado esse tipo de situação, somado com a chuva", disse Sosthenes Macedo.
De acordo com o diretor -geral da Codesal, duas casas que ficam na área superior ao local onde houve o desabamento foram condenados e começaram a ser demolidos, ainda nesta terça. Ainda conforme Sosthenes, cinco barrancos de madeira que ficam na parte de baixo do local da tragédia também foram condenados e serão removidos do local.
Os moradores foram notificados e devem deixar os imóveis. Segundo Juliana Portela, da Semps, as famílias vão receber auxílio-moradia da prefeitura.
"O auxílio-moradia é no valor de R$ 300, e o auxílio-emergência vai de um a três salarios míninos, a depender das perdas. É prudente que elas (moradores) não retornem. Elas podem rertornar para buscar pertences, acompanhados de engenheiro, a depender da avaliação desse profissional. Esses imóveis serão demolidos", disse Juliana.
Em nota, a prefeitura informou que atua na localidade no trabalho de resgate, no suporte psicológico e assistencial às famílias e na limpeza da área.
Montagem mostra o local do desabamento em Salvador (Foto: Reprodução / Google Maps / Google Street View)
Chuva em Salvador
Com as chuvas, Salvador registrou diversos pontos de alagamento e também acidentes, na manhã desta terça. Três acidentes envolvendo ônibus, micro-ônibus e van deixaram, ao menos, oito feridos.
Um poste de energia caiu em cima de, ao menos, dois carros no final de linha do bairro do Marback, em Salvador. Por conta disso, a região ficou sem energia elétrica. O caso ocorreu por volta das 4h. Moradores dizem que o equipamento já aparentava risco de cair e que acionaram a Coelba, concessionária de energia elétrica, que por sua vez teria prometido que o equipamento seria trocado nesta terça-feira.
A Defesa Civil de Salvador (Codesal) já registrou 91 solicitações até as 11h30. Entre as principais ocorrências, 24 alagamentos de imóveis; 5 alagamentos de área; 18 ameaças de desabamento; 10 ameaças de deslizamento; 4 ameaças de queda de árvores; 2 árvores caídas; um desabamento de imóvel; 15 deslizamentos de terra; um destelhamento; e uma pista rompida. A Codesal está em plantão 24 horas através do telefone 199.
Fonte: G1
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