O ex-diretor-presidente global da BRF Brasil Foods Pedro de Andrade Faria foi solto após ter a prisão temporária revogada nesta sexta-feira (9) pela Justiça Federal. Ele foi preso na manhã de segunda-feira (5), em São Paulo, na 3ª fase da Operação Carne Fraca.
Na segunda, 11 mandados de prisão temporária relacionados a funcionários e ex-funcionários da BRF foram cumpridos. A prisão temporária tem validade de cinco dias, sendo que o prazo terminava nesta sexta.
Além de Faria, outras seis pessoas foram soltas pela Polícia Federal (PF) nesta sexta, entre elas o ex-diretor e ex-vice-presidente Hélio Rubens Mendes dos Santos Júnior.
Os funcionários e ex-funcionários soltos estão proibidos de frequentarem qualquer unidade da BRF, assim como exercer atividade remunerada com qualquer empresa do grupo.
Trapaça
Conforme a PF e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), as quatro fábricas fraudavam laudos relacionados à presença de salmonela em alimentos para exportação a 12 países que exigem requisitos sanitários específicos de controle da bactéria do tipo salmonela spp.
Os alvos da nova fase da operação foram quatro unidades da BRF: em Carambeí (PR) e Rio Verde (GO), que produzem frango; em Mineiros (GO), que produz peru; e em Chapecó (SC), que produz ração.
Além de ex-executivos da BRF, o esquema envolveu funcionários e técnicos de cinco laboratórios. Eles são suspeitos de preencher, com dados fictícios, os laudos fornecidos ao Serviço de Inspeção Federal (SIF/Mapa) a fim de driblar a fiscalização.
Por esse motivo, a operação foi batizada de Trapaça. A suposta irregularidade foi denunciada pela ex-funcionária da BRF, Adriana Marques de Carvalho, que já tinha ido à Justiça trabalhista contra a empresa.
Em nota, a BRF afirmou que segue normas de qualidade e que vai colaborar com as investigações “para esclarecimento dos fatos”.
A empresa é dona de marcas como Sadia e Perdigão e é a maior exportadora de carne de frango do mundo, com vendas em cerca de 150 países.
'Não há risco à saúde'
O coordenador-geral do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Dipoa), do Mapa, Alexandre Campos Silva, disse que, apesar da fraude, a produção de frangos para consumo interno não foi afetada e que não há risco para a saúde pública.
Ele explicou que a bactéria salmonela apresenta mais de 2 mil sorovares (variedades dentro da mesma espécie), mas apenas dois oferecem risco à saúde pública (tifimurium e enteritidis) e outros dois representam risco à saúde animal (pullorum e gallinarum).
Impacto
Na segunda-feira, por causa da operação, a companhia perdeu mais de R$ 4 bilhões em valor de mercado em poucas horas, segundo levantamento da provedora de informações financeiras Economatica.
Fonte: G1
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