As declarações do diretor-geral da Polícia Federal (PF), Fernando Segovia, sobre inquérito que investiga o presidente Michel Temer repercutiram no meio político neste sábado (10). Para oposicionistas, a fala de Segovia é "lamentável" e previsível. Já aliados do peemedebista avaliam que a conduta do diretor é "correta" e "não é reprovável".
Segovia afirmou em entrevista à agência Reuters, nesta sexta-feira (9), que a tendência na corporação é recomendar o arquivamento da investigação contra o presidente Michel Temer no inquérito que apura suposto pagamento de propina em edição de decreto presidencial que beneficiou empresas do setor de Portos.
Procurado pelo G1, o Palácio do Planalto disse que não vai comentar as declarações de Fernando Segovia.
Veja o que aliados e oposicionistas disseram sobre as afirmações do diretor da PF:
Randolfe Rodrigues (Rede-AP), senador e líder do partido:
"A declaração é totalmente lamentável. Não é uma declaração à altura de quem ocupa o cargo diretor-geral da Polícia Federal. A instituição tem conquistado o respeito e confiança dos brasileiros pela sua postura, pelo seu trabalho. A declaração de Segovia ofende a instituição. Por sorte, essa declaração do diretor-geral da PF não tem validade nenhuma porque a responsabilidade de denunciar ou não quem quer que seja cabe ao Ministério Público. Neste caso, ele [Segovia] se comporta mais como advogado de defesa do senhor Michel Temer do que como diretor da instituição. Nós entendemos, dessa forma, qual a razão dos últimos encontros entre o diretor-geral e o presidente Michel Temer. Encontros na calada da noite".
Carlos Marun (PMDB-MS), ministro da Secretaria de Governo:
"Ele [Segovia] verbalizou o óbvio ululante: não tem prova, não tem indício e não há fato. É o inquérito Gasparzinho. Ele expressou a inexistência de provas e indícios a respeito de qualquer ato ilícito do presidente neste caso. Sem indícios encontrados pela investigação, o caminho natural é o arquivamento. A postura do diretor não pode ser a de bancar um inquérito sem provas apenas para incentivar a confusão por razões políticas. A postura correta é se colocar ao lado da verdade e dos fatos. Não vejo nenhum tipo de conduta reprovável".
Carlos Zarattini (PT-SP), deputado federal:
"Nenhuma surpresa com esse anúncio. A gente já esperava por isso. O objetivo de várias mudanças feitas de medidas tomadas pelo governo era resolver o problema deles. Estamos assistindo agora ao que foi plantado um ano atrás e meio atrás. É estranho, muito estranho [o Segovia dar a informação em entrevista]".
Darcísio Perondi (PMDB-RS), deputado e vice-líder do governo na Câmara:
"O presidente não cometeu irregularidade alguma no decreto e não tem nada a ver com a entrevista do diretor-geral da Polícia Federal. Se a polícia investiga e não acha nada, é melhor que o caso seja arquivado de uma vez mesmo".
Miro Teixeira (Rede-RJ), deputado federal:
"É quase inédito, nos tempos democráticos, o diretor da Polícia Federal antecipar o relatório do delegado responsável pelo caso. Eu acredito que os delegados federais não se submeterão a nenhuma ordem superior. Seria um retrocesso, uma volta aos tempos do arbítrio, da ditadura. Há uma tentativa de se intimidar o delegado que toca o inquérito [Cleyber Malta Lopes] por conta das perguntas que ele fez a Temer. Esse delegado tem que ser observado e protegido pelos cidadãos de modo geral, porque ele fez as perguntas que considera necessárias. As coisas estão incomodando o Palácio do Planalto, que demonstra que não há barreiras para evitar investigações. Isso é muito mau. Espero que os delegados resistam a esse tipo de pressão".
Mauro Pereira (PMDB-RS), deputado federal e vice-líder do partido na Câmara:
"Talvez o ideal teria sido o diretor Fernando Segovia não ter falado sobre o caso, mas como ele é uma pessoa simples, deu uma opinião sem maldade. É preciso respeitar o trabalho do diretor e da Polícia Federal. É mais do que natural que tenha o arquivamento do inquérito, porque nesse caso do porto de Santos foi comprovado que tudo ocorreu dentro da lei".
Fonte: G1
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