Jacob Zuma renunciou nesta quarta-feira (14) à presidência da África do Sul em um pronunciamento na TV estatal, acatando o ultimato de seu próprio partido, o Congresso Nacional Africano (ANC, na sigla em inglês).
Em um discurso de despedida à nação que durou 30 minutos, Zuma, de 75 anos, afirmou que não concordou com a forma como o ANC o forçou a renunciar depois da eleição de Cyril Ramaphosa como presidente do partido em dezembro. Mas afirmou que tem que "aceitar que se meu partido e meus compatriotas desejam que eu saia, eles têm que exercer esse direito e fazer isso da maneira prescrita na Constituição". Também disse que não tinha medo de uma moção de censura ou de um processo de impeachment.
Presidente da África do Sul, Jacob Zuma, faz pronunciamento nesta quarta-feira (14), em Pretoria (Foto: AP Photo/Themba Hadebe)
"Servi ao povo da África do Sul ao máximo de minha habilidade. Sou eternamente grato que confiaram em mim", disse.
"Cheguei à decisão de renunciar como presidente da República com efeito imediato" afirmou. "Apesar de eu discordar da decisão da liderança da minha organização, sempre fui um membro disciplinado do ANC", acrescentou.
"Nenhuma vida deve ser perdida em meu nome. E o ANC não deve ficar dividido em meu nome", afirmou ao final de seu discurso.
Figura importante da luta anti-Apartheid nos anos 60, 70 e 80, Zuma ficou preso por 10 anos e ficou mais 15 anos no exílio antes de dar voltar ao seu país para empreender carreira política. Foi vice-presidente do país entre 1999 e 2005. Assumiu como presidente em maio de 2009.
Ele é alvo de mais de 800 acusações por corrupção relativa a contratos de armas do final dos anos 1990 e é investigado por supostamente ter usado o Estado para favorecer empresários com concessões públicas milionárias.
Os diversos escândalos de corrupção em que está envolvido levaram o país a uma séria crise política.
A direção do ANC tem o poder de solicitar a saída de seus membros que estejam em função governamental, como aconteceu em 2008 no caso do presidente Thabo Mbeki, que cumpriu a decisão e renunciou.
Caso não renunciasse, Zuma poderia ser destituído por meio de uma moção no Parlamento nos próximos dias. Até então, Zuma se recusava a obedecer as ordens de seu partido.
Substituto
O primeiro na fila para ocupar o cargo vago é o vice-presidente Cyril Ramaphosa, um líder sindical e advogado, que é também líder do CNA desde dezembro do ano passado, ao derrotar a ex-esposa de Zuma, Nkosazana Dlamini-Zumae. Ramaphosa foi o principal impulsor das manobras para buscar a renúncia do ex-mandatário.
Cyril Ramaphosa, possível substituto de Zuma na presidência (Foto: Reuters/Mike Hutchings)
Grave crise
A crise que agita o ANC, no poder desde o fim do regime de Apartheid em 1994, tem perturbado o funcionamento do Estado sul-africano.
Partidários de Ramaphosa queriam que Zuma deixasse o poder o mais rápido possível por causa das eleições gerais de 2019. Os seguidores do agora ex-presidente, no entanto, insistiam que ele deveria seguir no cargo até o final de seu segundo mandato.
Fonte: G1
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