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quinta-feira, janeiro 11, 2018

Operação Têmis prende 5 suspeitos de fraudes judiciais de R$ 100 milhões

Cinco pessoas foram presas nesta quinta-feira (11) durante a Operação Têmis, que investiga advogados de Ribeirão Preto (SP) suspeitos de fraudes judiciais. A Polícia Civil estima que o golpe tenha causado prejuízo de R$ 100 milhões a instituições bancárias.

Ao todo, sete mandados de prisão preventiva e 20 de busca e apreensão foram expedidos pela Justiça. A operação foi realizada pela Delegacia Seccional de Ribeirão, em conjunto com o Ministério Público e o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). Foram presos:

Renato Rosin Vidal, advogado do escritório "Lodoli, Caropreso, Bazo & Vidal Sociedade"
Klaus Philipp Lodoli, advogado do escritório "Lodoli, Caropreso, Bazo & Vidal Sociedade"
Ângelo Luiz Feijó Bazo, advogado do escritório "Lodoli, Caropreso, Bazo & Vidal Sociedade"
Ramzy Khuri da Silveira, proprietário da associação "Pode Mais, Limpe Seu Nome"
Luiz Felipe Naves Lima, funcionário da associação "Eu vou trabalhar"
Os suspeitos foram encaminhados ao Centro de Detenção Provisória. Dois mandados de prisão não foram cumpridos. São considerados foragidos:

Gustavo Caropreso Soares de Oliveira, advogado do escritório "Lodoli, Caropreso, Bazo & Vidal Sociedade"
Ruy Rodrigues Neto, proprietário da associação "Eu vou Trabalhar"

Documentos foram apreendidos em escritórios e nas residências dos investigados pela Operação Têmis em Ribeirão Preto (Foto: Reprodução/EPTV)
Documentos foram apreendidos em escritórios e nas residências dos investigados pela Operação Têmis em Ribeirão Preto (Foto: Reprodução/EPTV)

Em nota, a Polícia Civil informou que, após um ano de investigações, identificou uma organização criminosa - composta por advogados - que praticava fraudes processuais, exigindo na Justiça supostas diferenças de expurgos inflacionários decorrentes dos planos Collor, Verão e Bresser.

Os beneficiários seriam correntistas do extinto banco Nossa Caixa, incorporado pelo Banco do Brasil. Entretanto, a investigação identificou que os autores dos processos - todos estão sob sigilo de Justiça - têm nomes comuns, inclusive homônimos.

"Verificou-se que os supostos autores das ações possuem nomes comuns, com diversos homônimos, não guardando vínculo pessoal ou profissional com o domicílio das contas, ou as comarcas onde foram distribuídas as ações e, na verdade, apurou-se que não eram os verdadeiros correntistas", diz o comunicado.

Operação Têmis cumpriu 13 mandados de busca e apreensão em Ribeirão Preto (Foto: Reprodução/EPTV)
Operação Têmis cumpriu 13 mandados de busca e apreensão em Ribeirão Preto (Foto: Reprodução/EPTV)

O esquema
Segundo o Ministério Público, os suspeitos conseguiam ilegalmente o cadastro de clientes de bancos e entravam com ações judiciais sem que as pessoas soubessem que os nomes delas eram usados. A suspeita de que funcionários das instituições financeiras estejam envolvidos na fraude não está descartada.

Com a relação de correntistas em mãos, assim como os números das contas bancárias e os respectivos valores depositados na década de 1990, os investigados saíam à procura de homônimos residentes em Ribeirão e região para usá-los nas fraudes.

As vítimas assinavam procurações em meio a outros documentos, sem nenhum conhecimento. Inadimplente, a maioria dessas pessoas era abordada pelos advogados ou por intermediários deles, com a promessa de conseguirem quitar as dívidas.

O MP informou que os suspeitos também usavam uma associação para atrair inadimplementes, prometendo "limpar os nomes sujos". A empresa, localizada na Avenida Costábile Romano, ficava a 150 metros de dois escritórios de advocacia que também são alvos da Operação Têmis.

Escritório de advocacia é alvo da Operação Têmis em Ribeirão Preto (Foto: Reprodução/EPTV)
Escritório de advocacia é alvo da Operação Têmis em Ribeirão Preto (Foto: Reprodução/EPTV)

Investigação
Ainda de acordo com a polícia, o caso passou a ser investigado após a identificação de inúmeras ações judiciais cíveis para cumprimento de sentença em diversas comarcas paulistas, sempre com o mesmo teor: pagamento de diferenças de expurgos inflacionários do "Plano Verão".

"Com isso, a fraude processual baseada em quebra de sigilo bancário e subsequente captação de clientela induziu a erro o poder judiciário e poderia ocasionar um prejuízo estimado aos bancos em torno de cem milhões de reais", diz a nota.

A operação foi batizada de Têmis, divindade grega que representa a Justiça e é representada com uma balança equilibrada na mão esquerda e uma espada, na direita. Além disso, Têmis carrega as tábuas da lei e tem os olhos vendados, o que significa que é imparcial.

Empresas
Empresas "Eu vou trabalhar" e "Associação Pode Mais" são alvos da Operação Têmis em Ribeirão Preto (Foto: Reprodução/EPTV)

O que dizem os investigados:
Ângelo Luiz Feijó: negou as acusações, mas não quis comentar o caso. "Por hora, não. Por favor, agora não pretendo dar nenhuma entrevista. Por hora, nada. Nem tenho conhecimento do que está ocorrendo", afirmou.
Renato Vidal: negou participação nas supostas fraudes judiciais. "O que eu tenho a dizer é que o Ministério Público está fazendo o papel dele, de investigar as irregularidades que eles suspeitam. O Ministério Público vai poder verificar que não houve nada. A associação é parceira do escritório, eles fazem um trabalho junto à população de baixa renda, e, quando não resolvem a situação através da associação, eles nos procuram para ajudar a solucionar o problema", disse.
Klaus Philipp Lodoli: afirmou que as acusações são mentirosas. "Isso é mentira e vai ser provado no processo. Inclusive, foi cedido o servidor de maneira integral, inclusive com senha. Toda a documentação do escritório foi cedida para eles e vai ser feita a verificação. O que existe por parte do poder judiciário é uma rechaça com relação à atividade do escritório propriamente dita, e nós não vamos deixar de atender aos interesses dos nossos clientes", afirmou.
Ramzy Khuri da Silveira: não se manifestou sobre as acusações.

O advogado Ângelo Luiz Feijó, preso na Operação Têmis em Ribeirão Preto (Foto: Reprodução/EPTV)
O advogado Ângelo Luiz Feijó, preso na Operação Têmis em Ribeirão Preto (Foto: Reprodução/EPTV)

O advogado Renato Vidal, preso na Operação Têmis em Ribeirão Preto (Foto: Reprodução/EPTV)
O advogado Renato Vidal, preso na Operação Têmis em Ribeirão Preto (Foto: Reprodução/EPTV)

O advogado Klaus Philipp Lodoli, preso na Operação Têmis em Ribeirão Preto (Foto: Reprodução/EPTV)
O advogado Klaus Philipp Lodoli, preso na Operação Têmis em Ribeirão Preto (Foto: Reprodução/EPTV)

O advogado Ramzy Khuri da Silveira, preso na Operação Têmis em Ribeirão Preto (Foto: Reprodução/EPTV)
O advogado Ramzy Khuri da Silveira, preso na Operação Têmis em Ribeirão Preto (Foto: Reprodução/EPTV)

Fonte: G1

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