O Ministério Público do Rio e a Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI) da Polícia Civil detalharam, em entrevista coletiva na manhã desta segunda-feira (11), a operação que resultou na prisão de Artur Mahmoud, assessor da presidência do Fluminense, e do presidente da Raça Fla, Alesson Galvão. Outros cinco foram presos e há dois foragidos.
A Operação Limpidus investiga repasses de ingressos de partidas de futebol para torcidas organizadas — até mesmo para as que estão proibidas de entrar nos estádios. Mahmoud é apontado como braço-direito do presidente, Pedro Abad, que prestou esclarecimentos na delegacia na semana passada.
“A investigação continua, todas as pessoas citadas e chamadas na primeira fase da operação podem ser chamadas, denunciadas ou com a prisão temporária decretada”, explicou o promotor Marcos Kac, do Grupo de Atuação Especializada em Estádios (Gaedest) do Ministério Público.
No total, foram 14 mandados de prisão expedidos – 12 deles cumpridos. Cinco deles já estavam presos e sete foram presos nesta segunda.
Após os presos serem encaminhados para a Central de Garantias, eles foram levados à Polinter para dar entrada no sistema carcerário. A delegada titular da Delegacia de Repressão a Crimes de Informática.
Entre os crimes cometidos, segundo a investigação estão facilitação ao cambismo, cambismo, estelionato. Para a delegacia e o Ministério Público, é clara a participação dos quatro grandes clubes do Rio em esquemas: Flamengo, Fluminense, Botafogo e Vasco.
"A gente apurou, através de provas, de que há desvio de ingressos por dirigentes de futebol para dirigentes de torcidas organizadas, e que esses ingressos caem nas mãos de cambistas", explicou a delegada titular da Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI). Nenhum dos presos nesta segunda quis prestar depoimento. A delegacia recebeu várias denúncias a respeito do jogo de quarta-feira entre Flamengo e Independiente, na final da Copa Sul-Americana. "Estamos apurando", limitou-se a dizer Daniela.
Foram presos nesta segunda:
Artur Mahmoud, assessor da presidência do Fluminense
Filipe Ferreira Dias, gerente de Arenas do Fluminense
Alesson Galvão de Souza, presidente da torcida organizada Raça Fla
Cláudio Tavares Lima, funcionário do Flamengo
Monique Patricio dos Santos Gomes, funcionária da empresa Imply, responsável pela confecção de ingressos do Flamengo
Leandro Schilling, funcionário da Imply
Vinicius Carvalho, funcionário da Imply
Estão foragidos:
Rodrigo Granja dos Santos (Batata)
Edmilson José da Silva (Tubarão), segurança do Vasco
O desvio de ingressos de meia entrada para jogos do Campeonato Brasileiro, Libertadores e Copa Sul Americana também será investigado: muitos dos bilhetes apreendidos na primeira fase possuíam o benefício.
“São dois crimes. O primeiro seria facilitação ao cambismo e o segundo seria estelionato, fornecer ingressos de meia entrada a quem não é merecedor desse benefício”, explicou Marcos Kac.
Clube que dá ingresso, fomenta violência, diz delegada
É a segunda fase da operação, deflagrada pela Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI) da Polícia Civil.
"Os dirigentes (dos clubes) forneciam ingressos para dirigentes de torcidas organizadas, que caíam muitas vezes nas mãos de cambistas", afirma a delegada Daniela Terra, da DRCI.
Na semana passada, três integrantes de torcidas organizadas do Fluminense foram presos. Eles são acusados de receber ingressos da diretoria do clube e revendê-los a cambistas. Dirigentes e membros de torcidas do Vasco, Fluminense, Botafogo e Flamengo também foram conduzidos coercitivamente (quando alguém é levado para depor).
De acordo com a polícia, os integrantes de torcidas organizadas, mesmo as suspensas de frequentar os estádios, recebiam ingressos com frequência.
"Essa é a grande questão: um clube fomenta a violência na medida em que fornece ingresso descumprindo decisão judicial entregando para torcidas organizadas afastadas por motivos de violência, diz Terra.
O que dizem os suspeitos
A Imply afirma que todos os ingressos do Flamengo eram entregues diretamente ao clube e documentados pela empresa. "A Imply não compactua e não tolera qualquer ato que comprometa os valores éticos estritamente seguidos desde a fundação da empresa, há 15 anos".
Em nota, o Fluminense afirmou que acredita na correção de seus funcionários. O clube disse ainda que considera as prisões "arbitrárias e desnecessárias". (leia a nota na íntegra)
"O Fluminense Football Club afirma que confia na correção dos seus funcionários Filipe Dias, gerente de Operações de Jogos e Arenas, e Artur Mahmoud, assessor de imprensa da presidência. Eles já prestaram todos os esclarecimentos quando chamados a depor como testemunhas. O clube considera as prisões desnecessárias e arbitrárias, e reafirma que vai seguir auxiliando nas investigações da Polícia Civil e do Ministério Público."
O Flamengo negou participação no esquema e afirmou que sempre colaborou com as investigações. O Vasco, o Botafogo, a Raça Fla e a Fiel Tricolor ainda não foram encontradas.
Todos os denunciados
Manoel Oliveira Meneses
Carlos Torres Junior
Carlos Roberto de Almeida
Ricardo Alexandre Alves Gomes
Arthur Machado Mahmoud
Filipe Ferreira Dias
Luís Fonseca da Silva
Alesson Galvão de Souza
Leandro Shilling
Cláudio Tavares de Lima
Vinicius Carvalho
Monique Patrício dos Santos Gomes
Sávio Agra Sassi
Rodrigo Granja Coutinho dos Santos
Edimilson José da Silva
Fonte: G1
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