segunda-feira, outubro 30, 2017

Ex-chefe de campanha de Trump é acusado de conspiração e se entrega ao FBI

Paul Manafort, ex-chefe da campanha presidencial de Donald Trump, se entregou a autoridades federais americanas nesta segunda-feira (30). Ele e seu ex-sócio Rick Gates, que também se entregou, foram indiciados por 12 acusações, incluindo conspiração contra os Estados Unidos, lavagem de dinheiro e falso testemunho, na investigação sobre os laços da campanha do atual presidente dos Estados Unidos com russos.
Os dois se declararam não culpados em todas as acusações perante à juíza A. Robinson da Corte do Distrito de Columbia.
No Twitter, Trump se manifestou dizendo que as acusações datam de anos antes da campanha.
As acusações contra Manafort e Gates não mencionam Trump ou a corrida eleitoral, segundo o jornal "The New York Times", mas descrevem em detalhes o trabalho de lobby de Manafort na Ucrânia. Também detalham o que os promotores dizem ser um esquema para esconder do fisco americano o dinheiro ganho com a atividade.
As autoridades afirmam que Manafort lavou mais de US$ 18 milhões no exterior. "Manafort usou sua riqueza oculta no exterior para desfrutar de um estilo de vida luxuoso nos Estados Unidos sem pagar impostos sobre essa renda", diz a acusação. Gates é acusado de transferir mais de US$ 3 milhões de contas externas.

Paul Manafort ao lado de Trump durante a Convenção Republicana em 21 de julho de 2016 (Foto: Rick Wilking/Reuters)
Paul Manafort ao lado de Trump durante a Convenção Republicana em 21 de julho de 2016 (Foto: Rick Wilking/Reuters)

O chefe da campanha presidencial de Trump, Paul Manafort (esquerda), deixa sua casa para se entregar ao FBI (Foto: Andrew Harnik/AP)
O chefe da campanha presidencial de Trump, Paul Manafort (esquerda), deixa sua casa para se entregar ao FBI (Foto: Andrew Harnik/AP)

O chefe da campanha presidencial de Trump, Paul Manafort (esquerda), deixa sua casa para se entregar ao FBI (Foto: Andrew Harnik/AP)
O chefe da campanha presidencial de Trump, Paul Manafort (esquerda), deixa sua casa para se entregar ao FBI (Foto: Andrew Harnik/AP)

Também nesta segunda, George Papadopoulos, um assessor da campanha de Trump, se declarou culpado por mentir sobre suas relações com a Rússia, anunciou o procurador especial, Robert Mueller, que investiga uma possível interferência russa nas eleições presidenciais americanas (veja mais abaixo).
"Através de suas falsas declarações e omissões, o acusado Papadopoulos impediu a investigação em curso do FBI sobre a existência de vínculos ou coordenação entre indivíduos associados com a campanha e os esforços do governo russo para interferir nas eleições presidenciais de 2016", diz a acusação assinada por Mueller.
A denúncia
Manafort e Gates foram indiciados por um grande júri federal na sexta (27), no distrito de Columbia, segundo o Departamento de Justiça dos EUA (o equivalente ao Ministério da Justiça no Brasil), e o caso teve o sigilo retirado após os réus terem permissão para se entregar à custódia do FBI.
As outras acusações são por não se registrar como agente de um país estrangeiro nos EUA, por falso testemunho sobre seu papel como agente estrangeiro e falha na apresentação de relatórios de contas bancárias e financeiras estrangeiras (pela qual foram acusados sete vezes).
Manafort mantém diversas relações comerciais com parceiros russos, participou de reuniões com empresários do país durante e depois da eleição e trabalhou para o ex-presidente ucraniano Viktor Yanukovych, ligado ao governo russo.
Ele renunciou ao posto de chefe da campanha em agosto de 2016, antes da eleição de Trump, quando surgiram as primeiras suspeitas de que ele teria recebido milhões de dólares na Ucrânia. O nome de Gates aparece em documentos ligados a empresas de Manafort abertas no Chipre para receber pagamentos de políticos e empresários da Europa Oriental, segundo o "New York Times".

Rick Gates, ex-sócio de Manafort que também trabalhou na campanha de Trump, em foto de 21 de julho de 2016 (Foto: Evan Vucci/AP)
Rick Gates, ex-sócio de Manafort que também trabalhou na campanha de Trump, em foto de 21 de julho de 2016 (Foto: Evan Vucci/AP)

Trump reage
O presidente americano usou sua conta no Twitter para se manifestar sobre o caso de Manafort. Em duas mensagens, Trump afirmou que as acusações contra seu ex-chefe de campanha são de antes da corrida presidencial e reclamou, mais uma vez, de irregularidades da campanha da sua rival, Hillary Clinton.
"Me desculpe, mas isso foi anos atrás, antes de Paul Manafort ser parte da campanha Trump. Mas por que Hillary e os Democratas não são o foco [das investigações]?", escreveu. "... Além disso, não há conclusão."

No domingo, Trump, havia voltado a chamar a investigação de "caça às bruxas" e pediu que "algo seja feito" contra as irregularidades que, segundo ele, sua rival Hillary Clinton cometeu nas eleições de 2016.
"Toda essa história de 'Rússia' justo quando republicanos estão fazendo uma histórica reforma de corte de impostos. É uma coincidência? NÃO!", escreveu o presidente americano.
A investigação
As acusações contra dois importantes membros da campanha de Trump apontam para uma nova fase da investigação e lançam uma sombra sobre Trump.
A CNN divulgou na sexta (27) que o júri federal em Washington tinha aprovado as primeiras acusações na investigação, que é liderada pelo procurador especial Robert Mueller.
Nomeado pelo Departamento de Justiça dos EUA para liderar a investigação, Mueller assumiu o cargo em maio, por indicação do vice-procurador-geral Rod Rosenstein, após Trump demitir o então diretor do FBI, James Comey.
Mueller também é ex-diretor do FBI. Ele entrou para a Polícia Federal americana em 2001, no governo de George W. Bush, e permaneceu no cargo até 2013, quando foi substituído por Comey na gestão de Barack Obama.
Casa Branca
Na coletiva de imprensa da Casa Branca desta segunda, a secretária de Imprensa Sarah Huckabee distanciou o governo de Manafort e Papadopoulos, e chegou a afirmar que o presidente Donald Trump não teve uma forte reação ao caso porque “isso não tem a ver conosco”.

Segundo Huckabee, George Papadopoulos era apenas um voluntário na campanha, sem laços oficiais e sem grande relevância. Ao ser questionada sobre fotos em que ele aparece ao lado de Trump, ela disse que o presidente costuma posar com muita gente e que isso não significa que eles tenham sido próximos.
Quanto a Manafort, a secretária afirmou não ter questionado diretamente o presidente sobre seus pensamentos a respeito das acusações do FBI, mas ressaltou que elas não estão ligadas ao período em que ele trabalhou na campanha presidencial.

Fonte: G1

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