A Justiça estadual acatou, nesta terça-feira (26), a denúncia do Ministério Público do Estado e decretou a prisão preventiva de 15 policiais, sendo 13 militares de dois civis, envolvidos no caso que ficou conhecido como "Chacina de Pau D'Arco", em que 10 trabalhadores foram mortos durante operação policial realizada na fazenda Santa Lúcia, no município de Pau D’Arco, sudeste do estado.
O crime ocorreu no dia 24 de maio. Um grupo de policiais civis e militares foi até a fazenda para dar cumprimento a mandados de prisão de suspeitos de envolvimento na morte de Marcos Batista Ramos Montenegro, um segurança da fazenda que foi assassinado no dia 30 de abril.
Um grupo de 13 policiais já havia cumprido prisão temporária de 30 dias, mas foi solto em agosto porque a Justiça entendeu que não havia necessidade dos investigados ficarem presos. Com a denúncia do MPPA, foi decretada a prisão preventiva de 15 policiais suspeitos de envolvimento com a chacina de Pau D'arco.
Segundo a perícia da Polícia Federal, ao menos seis armas usadas por policiais foram disparadas durante a ação de reintegração de posse em Pau D'arco. A principal linha de investigação é de que não houve confronto e sim execução. Os policiais teriam atirado contra os trabalhadores rurais em uma ação planejada.
A chacina
De acordo com a investigação da PF, os policiais foram divididos em grupos: um seguiu a pé e os outros em carros. Ao perceber a presença da polícia, os posseiros fugiram para um ponto no interior da fazenda. Como chovia no local, os policias encontraram os posseiros abrigados em baixo de uma lona e dispararam. Quatro pessoas foram atingidas. Os demais trabalhadores rurais foram rendidos e, em seguida, houve outra sequência de disparos. No total, dez agricultores foram mortos. Nenhum policial foi atingido.
Seis das armas dos 29 policiais civis e militares que participaram da ação efetivaram disparos. De acordo com a perícia, não há indícios de que os trabalhadores rurais tenham atirado. Embora cápsulas de armas dos agricultores tenham sido encontradas no local, há depoimentos de testemunhas que indicam que tais armas foram usadas pelos policiais contra as vítimas.
A perícia feita nos corpos concluiu que nove posseiros foram baleados no peito e uma mulher atingida na cabeça com um tiro à queima-roupa. Ainda segundo os peritos, não havia marcas de bala nos coletes dos policiais.
"Tudo indica que houve uma execução sumária", diz o secretário da Segup, Jeannot Jansen.
Parentes enterram vítimas de massacre no Pará (Foto: Lunae Parracho/Reuters)
Versões
De acordo com a polícia, os assentados tinham um arsenal de armas de fogo e reagiram à presença dos policiais. Houve troca de tiros, que resultou nas mortes. Mas, familiares das vítimas e sobreviventes alegam que a ocupação da fazenda era pacífica, que os policiais chegaram de forma truculenta e atiraram sem provocação.
Segundo a Comissão de Direitos Humanos da Alepa, no dia em que os posseiros foram mortos, policiais envolvidos na operação retiraram os corpos antes que perícia fosse realizada.
Dias após a chacina, a Segup, que inicialmente divulgou que o caso fora um confronto com troca de tiros, retificou a informação. No dia 12 de julho, o secretário da Segup, Jeannot Jansen, confirmou em uma entrevista coletiva que as mortes dos dez trabalhadores rurais na chacina da fazenda Santa Lúcia, em Pau D'arco, tinham características de execução.
Fonte: G1
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