O Comitê Olímpico Internacional (COI) confirmou oficialmente nesta quarta-feira, no primeiro dia do seu Congresso em Lima, no Peru, o que o mundo já sabia há algum tempo: Paris será a sede dos Jogos em 2024, e Los Angeles ficará com a competição em 2028. O chamado acordo tripartite foi assinado pelas cidades e pela entidade que, para fechar o tratado, deu uma compensação aos americanos – que também queriam inicialmente a disputa em 2024 - de US$ 1,8 bilhão (cerca de R$ 5,76 bilhões) para a organização da competição. O discurso é de cooperação mútua e desafios comuns, de usar a demonstração das cidades como trampolim para uma nova era de candidaturas e o caminho para um novo formato menos vulnerável à corrupção. A decisão foi por unanimidade.
- Com as candidaturas de Paris e Los Angeles, temos uma oportunidade histórica. Duas cidades com grande história olímpica e que promoverão o espírito olímpico de uma forma fantástica. Gostaria de agradecer por isso. É difícil imaginar uma situação melhor. Assegurar a estabilidade dos Jogos pelos próximos 11 anos. Então é um prazer anunciar hoje que o acordo foi atingido. Hoje é a oportunidade para as duas cidades de apresentar seus projetos ao mundo - discursou Bach.
Mas o processo de seleção não foi tão tranquilo quanto pode parecer pelos sorrisos e apertos de mão do momento. Várias cidades desistiram do processo por pressão popular, algo que ligou o sinal de alerta no COI. Foi o caso de Budapeste (Hungria) e Hamburgo (Alemanha), além de Montreal (Canadá) e Boston (Estados Unidos), que consultaram seus cidadãos e desistiram antes mesmo de entrar na disputa. Roma (Itália) foi um caso à parte, se recusando a aceitar as imposições fiscais feitas pela entidade internacional.
Neymar em vídeo
Paris e Los Angeles tiveram 25 minutos cada para apresentar em Lima seus projetos finais aos membros do COI. Na apresentação francesa, um breve tempero brasileiro: Neymar, astro do PSG, apareceu no clipe de apresentação da cidade. Já os americanos tiveram o discurso da nadadora Janet Evans e outros campeões olímpicos.
Emmanuel Macron, presidente da França, também se fez presente em mensagem de vídeo gravada para o Congresso.
- Serão Jogos por mais equilíbrio, por uma sociedade mais inclusiva. Estou muito orgulhoso do que conseguimos fazer juntos.
Anne Hidalgo, prefeita de Paris, prometeu Jogos sustentáveis:
- A Agenda 2020 nos permitiu propor Jogos sustentáveis, que vão acelerar o desenvolvimento das nossas cidades. Uma sincera ambição de passar às gerações futuras um planeta mais saudável, um mundo melhor. Nossas cidades sabem que hoje o maior desafio que enfrentamos é o aquecimento global.
Em seguida, o prefeito de Los Angeles, Eric Garcetti, discursou para os membros do COI celebrando o entendimento com os franceses:
- Quero começar parabenizando minha irmã prefeita, Anne Hidalgo, e todo o time francês. Quem imaginaria esse cenário? Nós certamente não imaginamos. Mas o objetivo era fazer o certo para o movimento olímpico. Por nossa cidade, quero dizer que o trabalho foi bem feito.
Após os discuros, os prefeitos então subiram ao palco ao lado do presidente do COI, que pediu para os membros presentes a favor da escolha simultânea das duas cidades levantarem os braços. Sem oposição, Bach então anunciou oficialmente a decisão por unanimidade.
Antes das apresentações de Paris e Los Angeles, também foi ouvido o relatório do vice-presidente John Coates sobre os andamentos dos trabalhos para a Olimpíada de Tóquio, em 2020. No início da sessão foi aprovada a minuta do último Congresso, realizado no Rio de Janeiro.
Nove membros do COI não compareceram ao Congresso: Nita Ambani, Sheikh Ahmad Al-Fahad Al-Sabah, Amir Sheikh Tamim Bin Hamad Al-Thani, Frank Fredericks, Patrick Hickey, Nat Indrapana, Yelena Isinbaeva, Kun-Hee Lee e Yang Yang.
O nome de Carlos Arthur Nuzman, presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB), não aparece na lista oficial de ausências por ser somente membro honorário. Ele não compareceu ao Congresso por ter sido proibido pela Justiça de deixar o país enquanto é investigado por suspeita de participação em esquema de compra de votos para a escolha do Rio de Janeiro como sede olímpica em 2016. O único representante brasileiro em Lima é Bernard Rajzman.
Veja trechos da coletiva de imprensa
Segurança nos Jogos
Thomas Bach: "É uma prioridade. Quem pode dizer agora como será a situação de segurança em sete anos? Ninguém. O importante é que os comitês estão conscientes dos desafios e lidarão com isso à sua maneira. Mas daqui a sete anos, 11 anos, quem sabe? Talvez por alguma razão de segurança não devamos ter grandes eventos. Isso seria a vitória do terrorismo. Estamos mostrando que estamos unidos. Não nos entregaremos. Nós defendemos a tolerância, a inclusão, a união. Estamos aqui, todos juntos. Não nos entregaremos ao terrorismo".
Custos dos Jogos
Eric Garcetti (prefeito de Los Angeles): "Me disseram que seria um COI totalmente inflexível, encontrei uma flexibilidade enorme. Me disseram que demandariam demais, mas foram muito colaborativos. Posso entender por que, esse país fez investimentos enormes usando Olimpíadas como desculpa. Não finjam fazer coisas que não têm nada a ver com Olimpíadas para depois colocar na conta dos Jogos. As cidades podem construir o que precisam, mas deviam chamar pelo nome correto, que é obras de infra-estrutura. Estamos muito seguros quanto ao nosso orçamento".
Anne Hidalgo (prefeita de Paris): "Temos 95% das arenas prontas, temos transporte, hoteis, e estamos muito confiantes na nossa habilidade de trabalhar e dar uma grande celebração em 2024".
Fonte: Globo Esporte
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