Investigado por atuar como médico, apesar de ser graduado em odontologia, o vereador de Ribeirão Preto (SP) Waldyr Villela (PSD) foi afastado do cargo nesta sexta-feira (11) por decisão da Justiça. Ele também está proibido de frequentar a Câmara Municipal, de manter contato com assessores e de sair do município.
Procurado pelo G1 desde a última sexta-feira (4), Villela não é encontrado na casa onde mora e nem no gabinente na Câmara, e o celular do parlamentar está desligado. Os assessores no Legislativo informam que não estão autorizados a comentar o assunto.
O pedido de afastamento foi feito pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público, que apura o caso junto com a Polícia Civil. Em nota, a Promotoria disse que Villela está atrapalhando as investigações, ocultando provas e destruindo documentos importantes.
O parlamentar é suspeito de manter uma clínica clandestina em um centro espírita, onde realizava consultas gratuitas à comunidade. Um suposto paciente de Vilella chegou a dizer que foi submetido a uma cirurgia para retirada de um nódulo nas costas, nesse ambulatório.
Clínica em centro espírita tinha farmácia com milhares de amostras grátis, antibióticos e antidepressivos (Foto: Ministério Público/Divulgação)
No local, foram apreendidos milhares de medicamentos amostras grátis, incluindo substâncias cuja compra só é possível com retenção de receita, como antibióticos e antidepressivos. A clínica funcionava sem alvará da Vigilância Sanitária.
“Durante as buscas na clínica clandestina, os armários exibiam sinais de recente retirada de material, estando esvaziados, não sendo encontrados agendas, cadernos de atendimento, fichários de pacientes, ou outras anotações típicas à atividade. Os investigadores apontam que este cenário demonstra intenção de ocultar provas”, diz o Gaeco.
Ainda em nota, a Promotoria diz que a população pode enviar denúncias sobre o caso pelo canal de comunicação do MP, que garante o sigilo da fonte: http://www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/gaecos/gaerco_ribeirao_preto
Gaeco diz que armários estavam vazios na suposta clínica clandestina de Waldyr Villela (Foto: Ministério Público/Divulgação)
Quebra de decoro
Villela retornou às atividades na Câmara nesta quarta-feira (9), depois de ficar 10 dias afastado por licença médica. Nessa data, o vereador foi notificado oficialmente de que responde a processo disciplinar no Conselho de Ética, por quebra de decoro parlamentar.
O Conselho chegou a recomendar ao vereador que se afastasse das funções na Mesa Diretora da Câmara, onde ocupa a função de primeiro vice-presidente. Nesta quinta-feira (11), durante a sessão ordinária, Villela disse que as informações são "mentirosas e inescrupulosas".
Investigação
Único parlamentar da base aliada da ex-prefeita Dárcy Vera, que está presa por suspeita de fraudes em licitações que somam R$ 203 milhões, Villela passou a ser investigado pela Polícia Civil e pelo Gaeco após a deflagração da Operação Sevandija.
O Gaeco informou ter recebido denúncia de que Villela, que é dentista por formação, atuava como médico e utilizava receituário de outros profissionais de medicina. Desde junho, o parlamentar estava sendo monitorado pela polícia.
A investigação apontou que o vereador ainda usava o carro da Câmara para se locomover de casa até o centro espírita. Um assessor dele, contratado pelo Legislativo, também é suspeito de atuar no ambulatório, no atendimento dos pacientes.
Gaeco diz que vereador de Ribeirão Preto Waldyr Villela (PSD) mantinha clínica clandestina em centro espírita (Foto: Ministério Público/Divulgação)
Três mandados de busca e apreensão foram cumpridos pelo Gaeco e a Polícia Civil, sendo um no gabinete de Villela na Câmara, outro na casa do parlamentar e o terceiro no centro espírita, no bairro Tanquinho, zona norte de Ribeirão.
A Polícia Civil informou que na porta da clínica havia um cartaz informando sobre reformas devido à falta de alvará, “dando conhecimento público que o local se trata de fato de um ambulatório e funcionava em desconformidade com a legislação municipal”, diz nota.
Villela é suspeito de praticar crimes de exercício irregular de medicina, uso de documento falso, peculato, corrupção passiva e ativa, e associação criminosa.
Cartaz na porta da clínica informa sobre reformas para se adequar às normas da Vigilância Sanitária (Foto: Ministério Público/Divulgação)
Fonte: G1
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