Resultados de exames divulgados nesta sexta-feira (11) pela Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal de Mato Grosso do Sul (Iagro) e a Superintendência Federal de Agricultura no estado (SFA/MS), confirmaram a suspeita de que o botulismo provou a morte de 1,1 mil cabeças de gado entre os dias 2 e 4 de agosto no confinamento Marca 7 Pecuária, na fazenda Monica Cristina, no município de Ribas do Rio Pardo, a cerca de 45 quilômetros de Campo Grande.
Segundo nota técnica dos órgãos, exames das amostras da silagem de milho úmida que era fornecida aos animais demonstraram a presença das toxinas botulínicas tipo C e D, o que confirmou a suspeita inicial do setor de Patologia Veterinária da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS).
A nota aponta que a a presença destas toxinas no alimento dos animais, somada à investigação clínico-epidemiológica realizada na propriedade rural, "permite a conclusão do caso com o diagnóstico de botulismo".
Os órgãos ressaltam que o botulismo não é uma doença infecto-contagiosa, mas sim uma intoxicação alimentar. “Clostridium botulinum, bactéria produtora da toxina, está normalmente presente no ambiente e depende de condições favoráveis para o seu desenvolvimento, tais como matéria orgânica, alta umidade e anaerobiose, o que pode ser evitado com boas práticas e cuidados na formulação, conservação e armazenamento dos alimentos a serem fornecidos aos animais”, destaca o texto.
O diretor-presidente da Iagro, Luciano Chiochetta, disse ao G1 no início da semana que as mortes começaram a ocorrer na quarta-feira passada (2) e que na sexta-feira (4) o proprietário comunicou ao órgão, que enviou uma equipe até o local.
Chiochetta destacou que desde o início da investigação sobre as mortes a suspeita era de intoxicação por toxina botulínica, em razão dos sintomas que os animais apresentavam quando estavam morrendo como: andar cambaleante e paralisia dos membros posteriores e depois dos inferiores até que ficavam deitados no chão. Depois o quadro se agravava com a paralisia total e parada cardiorrespiratória.
Ressaltou ainda que os indícios já apontavam para que a contaminação tivesse ocorrido com a ingestação de silagem úmida de milho, que estava embolorada, o que oferecia as condições mais propícias a proliferação da bactéria que causa o botulismo.
“Outro tipo de silagem, a seca também de milho, foi oferecida além do gado a outros animais que não apresentaram sintomas da intoxicação. Além disso, logo que foi suspensa a alimentação dos animais com a ração úmida, as mortes terminaram, mas seguimos monitorando”, explicou no início da semana ao G1.
Os animais mortos foram enterrados em valas de 4 metros abertas em uma área elevada da própria propriedade.
Rebanho
Ribas do Rio Pardo, segundo a pesquisa Produção da Pecuária Municipal (PPM) divulgada no ano passado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), tem o terceiro maior rebanho bovino entre os municípios do país, com 1.101.726 cabeças. Mato Grosso do Sul tem o quarto entre os estados brasileiros.
Posição da empresa
O criador Persio Ailton Tosi divulgou no fim na terça-feira uma nota onde aponta que todos os animais da propriedade, especialmente, os do confinamento já tinham sido vacinados, atendendo em obediência ao que recomenda o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), e que logo que começaram a ocorrer as mortes de animais, foi acionada a UFMS e a Iagro e que todas as providências pertinentes foram tomadas, sendo um caso isolado, que não demanda uma preocupação com doença desconhecida ou epidemia.
O criador destacou ainda que a empresa trabalha há 42 anos na atividade pecuária e que possui cinco fazendas, assistidas por três médicos veterinários, responsáveis pela nutrição e reprodução de todo rebanho. Ressaltou ainda que logo que as mortes dos animais começaram a ocorrer que foram requisitados pesquisadores da UFMS, que coletaram amostras de materiais para a identificação das causas da ocorrência.
Confira a íntegra da nota técnica
Nota técnica divulgada pela Semagro, Iagro e SFA sobre morte de bovinos em MS (Foto: Reprodução/TV Morena)
Fonte: G1
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