O Secretário de Segurança Pública do Pará, Jeannot Jansen, confirmou em uma entrevista coletiva nesta quarta-feira (12) que as mortes dos dez trabalhadores rurais na chacina da fazenda Santa Lúcia, em Pau D'arco, têm características de execução. Com esta declaração, pela primeira vez o governo do estado refuta, de forma oficial, a alegação inicial de que houve confronto entre os policiais e posseiros na fazenda.
"Há fortíssimos indícios que houve execução. Não foi legítima defesa", disse o Secretário de Segurança Pública do Pará, Jeannot Jansen.
A declaração do secretário foi durante a entrevista coletiva em que foram apresentados os laudos das perícias feitas nas 53 armas de fogo utilizadas pelos policiais e nas que teriam sido apreendidas com as vítimas.
Segundo o Centro de Perícias Científicas Renato Chaves, dois trabalhadores rurais foram mortos com disparos originados nas armas de um policial civil, um morreu com disparos da arma de um policial militar e cinco pessoas foram mortas por tiros disparados de uma arma não identificada. "Esta arma não se encontra dentro de toda armas encaminhadas para perícia", disse o diretor do CPC, Renato Gouvêa.
As demais vítimas não puderam ter a arma usada nos crimes identificadas. Em um dos casos os disparos atravessaram o corpo, não deixando projéteis para análise. No outro, os projéteis obtidos do corpo estavam bastante deteriorados e não puderam ser usados para comparação.
"Pelas provas técnicas que temos hoje, não houve confronto", disse o delegado geral Rilmar Firmino. "Quando você começa a cruzar informações que tem, está desconstituída qualquer ação que foi falada inicialmente", explica.
Ainda de acordo com o delegado, o planejamento da missão que previa o cumprimento de mandados de prisão não envolvia a morte dos trabalhadores rurais. "É importante frisar que a missão foi planejada. O desfecho, o desastre, não tem a chancela do estado", disse.
A chacina
A chacina de Pau D’Arco aconteceu no dia 24 de maio, na fazenda Santa Lúcia. Um grupo de policiais civis e militares foi até a fazenda para dar cumprimento a mandados de prisão de suspeitos de envolvimento na morte de Marcos Batista Ramos Montenegro, um segurança da fazenda que foi assassinado no dia 30 de abril.
De acordo com a versão inicial contada pelos policiais, os assentados tinham um arsenal de armas de fogo e reagiram à abordagem. Mas familiares das vítimas e sobreviventes alegam que a ocupação da fazenda era pacífica, que os policiais chegaram de forma truculenta e atiraram sem provocação.
Prisões
Treze policiais estão presos em Belém, sendo 11 policiais militares e dois civis. A justiça determinou a prisão dos policiais por 30 dias para evitar que eles pudessem ameaçar testemunhas e atrapalhar as investigações. Segundo as investigações, há indícios de manipulação de provas para encobrir uma execução planejada. Os corpos das vítimas foram retirados do local antes da chegada da perícia.
Outra morte
Na sexta-feira (7), o agricultor Rosenilton Pereira de Almeida foi assassinado no município de Rio Maria, no sul do Pará. A Polícia Civil disse que investiga se o assassinato de Rosenilton tem ligação com as mortes dos dez posseiros na fazenda Santa Lucia.
Segundo a Comissão Pastoral da Terra, Rosenilton liderava um grupo de camponeses que voltou a ocupar a fazenda há quinze dias. Testemunhas disseram que dois homens em uma moto abordaram Rosenilton quando ele saía desta igreja. Ele foi assassinado com quatro tiros.
Fonte: G1
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