O presidente Michel Temer disse que apenas “parte da Igreja Católica” faz críticas às reformas trabalhista e previdenciária que estão sendo tocadas por seu governo. Segundo ele, as críticas públicas feitas por alguns integrantes da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) não representam a posição da entidade, mas a histórica posição da igreja em “proteger os pobres”.
A declaração foi feita em entrevista concedida ontem (4) à Rede TV News. “Não é bem a Igreja Católica [que faz essa oposição]. Você sabe que é uma parte da igreja Católica. Melhor me expressando, é talvez uma parte da CNBB e nada mais do que isso”, disse o presidente. “E o que está acontecendo com uma parte da CNBB, não é que eles estejam contra, é que eles fazem uma coisa que a Igreja sempre fez, que é proteger os pobres”, acrescentou.
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) publicou nota no mês passado, em conjunto com o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e o Conselho Federal de Economia (Cofecon), contra a reforma da Previdência. Em nota, as três entidades disseram que é necessário que a sociedade brasileira esteja atenta às “ameaças de retrocessos”. Em março, após reunião de três dias, os dirigentes da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) já haviam se manifestado em relação ao tema, afirmando que a Proposta de Emenda à Constituição 287/2016 reduz a Previdência a uma questão econômica e “escolhe o caminho da exclusão social”.
Temer disse ter se encontrado com o presidente da CNBB, Dom Sérgio, a quem esclareceu muitos pontos da reforma. “Eu expliquei a verdade sobre a Previdência. Eu já tinha falado com Dom Odilo, com Dom Cláudio Hummes, depois falei com o Dom Damasceno. Combinamos que eu mandaria uma correspondência para os 78 ou 80 bispos que fazem parte de um núcleo principal da CNBB, esclarecendo as questões da Previdência”, disse o presidente.
“Como essas informações não chegaram por completo e não chegaram por inteiro a todos os setores da Igreja Católica, há um ou outro setor que se opõe, até publicamente [às reformas]. Eu acho que, muito brevemente, pelas medidas todas que nós estamos tomando, nós vamos conseguir, revelando a verdade, fazer com que a Igreja também partilhe dessa verdade”, acrescentou.
Ainda durante a entrevista, Temer disse que após a aprovação das reformas trabalhista e previdenciária, dedicará esforços às reformas política e tributária. “Você sabe que nós vamos fazê-las, logo depois que encerrar esse primeiro ciclo [de reformas]. Vamos para duas outras reformas. Uma delas não será exatamente uma reforma, mas uma simplificação que significa desburocratização dos meios de pagamento dos tributos”, disse ele.
“Já estamos fazendo isso nos chamados despachos aduaneiros. Fizemos isso na área da agricultura, e vamos fazer em toda área tributária. Como o Congresso quer fazer uma reforma política, eu creio que esta é também fundamental para o País. Portanto, vamos caminhar para a reforma política, auxiliando o Congresso [a fazê-la], porque essa é uma tarefa do Congresso”, acrescentou.
Financiamento de campanha
Temer manifestou preocupação com a possibilidade de o Supremo Tribunal Federal decidir que, nas eleições de 2018, empresas privadas sejam proibidas de financiar campanhas eleitorais. “Espero que isso [decisão do STF] não seja levado às últimas consequências, porque será muito ruim. Quem for candidato agora em 2018, sem financiamento privado, vai ter dificuldade extraordinária”.
“Sempre fui a favor da contribuição de pessoa jurídica a candidatos, desde que fosse para um candidato. Porque você, quando você faz uma contribuição, eu pessoa física, contribuo para sua candidatura, é porque eu acredito em você. O que aconteceu no Brasil foi que, ao longo do tempo, as pessoas jurídicas contribuíam indistintamente”, argumentou.
Ainda sobre o STF, Temer disse não acreditar que a decisão de soltar presos provisórios como o ex-ministro José Dirceu abra precedentes que possam representar derrota para a Lava Jato. “Derrota? Meu Deus do Céu, o País, o Judiciário é feito de instâncias. Tem o primeiro grau de jurisdição, segundo grau de jurisdição, terceiro grau de jurisdição e o STF. É por instâncias, não há derrota. Há, muitas vezes, revisão”, disse. “O que não pode haver é briga entre as instâncias, porque são instâncias diversas”, acrescentou.
Fonte: Agência Brasil
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