O governo boliviano afirmou nesta sexta-feira (26) que o seguro do avião da companhia aérea boliviana LaMia, que levava o time da Chapecoense à final da Copa Sul-Americana em novembro, estava vigente quando o acidente que matou 71 pessoas ocorreu. Seis sobreviveram.
O ministro boliviano de Obras Públicas, Milton Claros, disse à imprensa que "o seguro estva vigente, as apólices estavam vigentes e a documentação estava em dia". Claros tem sob sua competência o setor aeronáutico do país e insistiu que o documento do seguro da LaMia era "válido".
A Direção Geral de Aeronáutica Civil da Bolívia (DGAC), autoridade de aviação boliviana, disse hoje, em comunicado, que a apólice tinha vigência de 10 de abril de 2016 até o mesmo dia de 2017. A DGAC também informou que nunca recebeu informação da LaMia, nem da Bisa, que a aeronave encontrava-se sem a cobertura do seguro por falta do pagamento de suas quotas.
O ministro e a autoridade de aviação bolivianas contradizem a posição da empresa boliviana Bisa Seguros e Reaseguros, que afirmou na quinta-feira (25) que a apólice de seguros para os passageiros do voo da LaMia não estava vigente.
Um dia antes, a rede de televisão CNN informou em reportagem que uma carta enviada pela Bisa aos gerentes da LaMia informava que a apólice estava suspensa por falta de pagamento desde o início de outubro. "Ou seja, o seguro não estava vigente no momento do acidente", diz a CNN.
Segundo a emissora, a apólice havia sido renovada por um ano a partir do dia 10 de abril de 2016, mas, por falta de pagamento, estava suspensa no dia do acidente e não "cobria voos com destino à Colômbia, país que aparece expressamente citado em uma cláusula de exclusão geográfica junto a muitos outros, como Peru, Afeganistão, Síria, Iraque, Iêmen e várias nações africanas".
Apesar de contradizer a versão sobre a vigência da apólice, o governo boliviano não se manifestou sobre ela não cobrir voos com destino à Colômbia, local do acidente.
O G1 tentou contato com representantes da empresa aérea boliviana quando a reportagem da CNN foi veiculada, mas não obteve sucesso até a publicação desta notícia.
Responsabilidade
Em dezembro, o governo boliviano disse que o piloto e a companhia aérea LaMia foram os responsáveis pela queda do avião.
"A primeira conclusão é que a responsabilidade direta pelo acidente é da empresa (LaMia) e o piloto (Miguel Quiroga)", disse o ministro de obras públicas da Bolívia, Milton Claros, segundo o jornal "El Deber".
Autoridades da Colômbia já haviam afirmado que o avião da Lamia estava sem nenhum combustível quando bateu contra uma montanha.
De acordo com o governo boliviano, o estado "assumiu ações contra funcionários públicos que não realizaram seu trabalho", além de medidas legais contra a empresa aérea e seus funcionários. Outra medida foi uma nova vigilância em todo o sistema aeronáutico da Bolívia para evitar acidentes.
O plano de voo previa uma rota direta entre Santa Cruz de la Sierra e Medellín. Essa opção da tripulação será objeto de apuração pelos investigadores colombianos. Isso porque a autonomia da aeronave, cerca de 3.000 km, era quase a mesma da distância entre as duas cidades. A legislação boliviana obriga um avião a ter combustível suficiente para chegar ao destino, a um aeroporto de alternativo e ainda mais 45 minutos de voo em altitude de cruzeiro.
Sobreviventes
A aeronave bateu contra o solo em uma montanha e perdeu a cauda. Depois as asas e a cabine impactaram do outro lado da montanha. O avião bateu em baixa velocidade contra a montanha, 250 km/h, o que permitiu ter havido sobreviventes --que estavam em posições diferentes da cabine de passageiros.
O avião havia sido fretado pela Chapecoense. Levava atletas, dirigentes, jornalistas e convidados para a partida contra o Atlético Nacional, pela final da Copa Sul-Americana. A a lista de mortos na tragédia inclui 19 atletas e 21 jornalistas.
Fonte: G1
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