A realidade de pequenos produtores de cidades do interior do Rio Grande do Norte com potencial eólico deve passar por uma transformação. Não apenas pelas mudanças geradas na paisagem, que ganhou centenas de torres com aerogeradores, mas, principalmente, pelas oportunidades que estão sendo geradas também para agricultores e demais produtores. O Sebrae no Rio Grande do Norte em parceria com quatro companhias eólicas estão desenvolvendo um projeto, denominado Desenvolvimento de Negócios e Impacto Social, para beneficiar comunidades instaladas no entorno dos parques.
Em dois anos, o projeto vai investir, a princípio, cerca de R$ 8,5 milhões em ações de capacitação, acesso a mercado, assessoria técnica e empreendedorismo para pequenos produtores. O objetivo da iniciativa é dimensionar a produção de gêneros agrícolas, abrir novas frentes de comercialização de produtos, gerar renda e, sobretudo, dar visão empreendedora a grupos comunitários. Inicialmente, o projeto conta com a participação dos grupos Brookfield Energia Renovável,CPFL Renováveis, EDP Renováveis e Voltalia Energia do Brasil, que estão apostando no potencial eólico do estado.
Juntamente com o Sebrae, essas empresas estão destinando recursos – no caso das eólicas, financiados por linhas de crédito ligadas à área de sustentabilidade e responsabilidade socioambiental do Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES), para execução das ações. A ideia central do projeto é fomentar negócios economicamente rentáveis, que, por meio de sua atividade principal – no caso a geração de energia eólica – buscam soluções para problemas sociais e ambiental de uma comunidade, utilizando mecanismos de mercado.
Toda a execução está baseada em quatro eixos, que englobam a articulação e criação do ecossistema nas áreas de impacto dos complexos eólicos, a geração da cultura da inovação e da sustentabilidade, oferta de conteúdos de curso e capacitação específicos para a realidade de cada comunidade beneficiada e estímulo a novos mercados.
A expectativa é, até o dezembro do próximo ano, ter 70 empresas inseridas na cadeia produtiva de valor e ampliar em 30% o faturamento bruto dos negócios impactados pelas ações. Além disso, espera-se aumentar em 20% a participação dos pequenos negócios nas compras governamentais das cidades onde essas comunidades estão situadas.
As operações envolvem localidades de cidades da região do Mato Grande – onde está a maior concentração de complexos eólicos em operação em solo potiguar – e outros municípios, como Areia Branca e Serra do Mel. Além disso, o projeto deve beneficiar, até o fim de 2018, comunidades de áreas de expansão com projetos de empreendimentos eólicos em fase de estudos para implantação dos parques, como na Serra de Santana, no Seridó.
“Começamos esse projeto com essas quatro companhias, mas isso não significa que está restrito apenas a essas empresas. Outras eólicas podem aderir ao projeto e, juntos, desenvolver mais ações, inclusive em novas regiões que ainda não estão cobertas pelo projeto, que não se restringe apenas ao campo mas zonas urbanas também”, explica o diretor Técnico do Sebrae-RN, João Hélio Cavalcanti.
Mato Grande, uma referência
Além de outras iniciativas que já vinham sendo desenvolvidas pelo Sebrae no Território Mato Grande em anos anteriores, o projeto está em execução nas comunidades de Arribão (Touros), Aroeira (Jandaíra), Perreiros (Parazinho) e Queimadas (João Câmara), além de associações de João Câmara. Com isso, o Sebrae espera apoiar e desenvolver iniciativas economicamente rentáveis para os empreendedores dessas localidades que estão em situação de risco social.
Cinco executivos do BNDES vieram ao Rio Grande do Norte na semana passada para visitar os projetos em execução, juntamente com diretoria e técnicos do Sebrae e das eólicas. A ideia do banco é tornar essa experiência uma referência nesse tipo de articulação e replicar em outros estados onde há projetos de financiamento do banco.
“O banco vê com muito bons olhos essa articulação em favor da inclusão produtiva, essa união de várias empresas com um objetivo em comum, como acontece no Rio Grande do Norte. Não adianta financiar um projeto aqui e outro ali, se não se consegue fazer algo estruturante de fato. O banco pretende atuar dessa forma. Internamente, estamos nos preparando para atuar com esse novo conceito”, declara o gerente do Departamento de Inclusão Produtiva do banco, Andre Luis Souto, que visitou os projetos acompanhado da gerente da área de energia do banco, Juliana Jonas, e outros três executivos, entre eles o coordenador de Serviço ligado ao gabinete da presidência do BNDEs, Ricardo Antônio Torres, e Walsiy de Assis Magalhães.
Na visão de Andre Luis Souto, o trabalho que está sendo feito pelo setor eólico no estado é muito importante e deve servir de referência para outros segmentos. Em relação ao trabalho de articulação que está sendo feito entre as empresas, o Sebrae e as comunidades, ele diz: “Isso é fundamental. Não se consegue desenvolvimento sem treinamento, sem educação. Não só educação básica, mas educação aplicada aos negócios, às tecnologias, inclusive sociais”.
Fonte: Portal Noar
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