O Ministério Público Federal (MPF) incluiu novos documentos no processo que apura se o Grupo OAS pagou propina ao ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva por meio da reserva e reforma do triplex em Guarujá.
A informação foi divulgada neste sábado (22), pelo jornal O Globo, que também revelou que o ex-presidente da OAS, José Aldemário Pinheiro, o Léo Pinheiro, vai apresentar documentos que comprovam o que ele disse no depoimento ao juiz federal Sérgio Moro, na quinta-feira (20).
São informações como registros na agenda de Léo Pinheiro dos encontros pessoais entre ele e Lula, além de telefonemas e contatos para tratar da reforma do imóvel.
No interrogatório, Léo Pinheiro foi questionado sobre um dos encontros, no triplex. Ele respondeu ao procurador que o "o presidente e a dona Marisa estiveram no triplex em fevereiro de 2014".
Viagens
Um relatório do MPF, incluído na ação no dia 11 de abril, mostra seis viagens, entre 2012 e 2014, de dois carros registrados em nome do Instituto Lula na empresa de cobrança automática de pedágio.
De acordo com o documento, os percursos começaram em São Bernardo do Campo, onde Lula mora, e tiveram como destino provável o litoral de São Paulo.
Em 2014, foram duas viagens, passando pela rodovia SP-055, em fevereiro e em agosto, próximo ao triplex. No interrogatório, Léo Pinheiro falou que esteve no triplex com Lula e a mulher, em fevereiro; e, em agosto, com dona Marisa Letícia.
Outras provas também já foram juntadas ao processo. Os procuradores conseguiram, com empresas telefônicas, registros de ligações entre Léo Pinheiro e pessoas ligadas ao Instituto Lula.
O relatório mostra que, entre 2012 e 2014, foram 192 telefonemas entre Léo Pinheiro e Paulo Okamoto, presidente do instituto, e uma das pessoas mais próximas a Lula.
Ligações e e-mails
Há também 31 ligações para a funcionária do instituto Clara Levin Ant; e 24 ligações entre o ex-presidente da OAS e o tesoureiro da campanha de Dilma Rousseff em 2010, José di Filippi.
No interrogatório, na quinta-feira (20), Léo Pinheiro disse ter ouvido de Lula, em 2014, um pedido para que destruísse registros de repasses ao PT.
E-mails do instituto Lula, anexados no processo, mostram a agenda de encontros do ex-presidente Lula. No dia 3 de junho de 2014, há o registro do horário reservado para Léo Pinheiro, às 17h.
Os dois tiveram mais quatro encontros em 2014 registrados na agenda de Lula; o último, em 10 de novembro. Quatro dias depois, Léo Pinheiro foi preso, na 7ª fase da Operação Lava Jato.
O outro lado
O Instituto Lula afirmou que o ex-presidente fez palestras para a empresa OAS no exterior e que telefonemas para diretores do instituto e uma agenda de reuniões não indicam o assunto conversado e não servem como prova.
Sobre o deslocamento de carros nos pedágios, o instituto declarou que o documento não quer dizer nada em relação ao triplex.
A defesa de Lula declarou que Léo Pinheiro aceitou fabricar uma mentira para acusar o ex-presidente em troca de uma delação premiada e a possível saída da prisão.
A defesa afirmou, ainda, que a versão de Léo Pinheiro é incompatível com depoimentos prestados por 73 testemunhas, inclusive funcionários da OAS e que a certidão do cartório mostra a OAS como proprietária do imóvel.
José di Filippi afirmou que manteve, principalmente em 2012, diversas ligações com Léo Pinheiro para tratar de um seminário internacional, quando era vice-presidente de uma comissão da Câmara dos Deputados, e que os e-mails e registros na câmara comprovam esse fato.
A defesa de Léo Pinheiro não quis comentar o assunto.
Fonte: G1
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