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quinta-feira, abril 13, 2017

Ajudar parentes emprestando o nome pode terminar em prejuízo para os dois lados


Quando o nome fica sujo por uma dívida de juros altos demais, você tende a ficar frustrado pela falta de pesquisa sobre o custo ou por ter assumido um compromisso financeiro no momento errado. Pior do que isso é quando você percebe o seu nome negativado por responsabilidade de outra pessoa. Pesquisa feita pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) mostrou que dois a cada dez inadimplentes ficaram com o nome sujo por emprestarem o nome. A pesquisa foi feita com 602 pessoas de diversas regiões do País. 

O grande problema desse tipo de situação não é somente o dano financeiro. Nesse tipo de empréstimo, as decisões são claramente mais pautadas pela emoção do que pela razão. O pior de tudo é que além do desfecho negativo - do nome negativado - a relação entre as duas partes também costuma ficar desgastada. Segundo a pesquisa, em 33% dos casos a justificativa dada para não devolver a quantia emprestada foi falta de dinheiro. Em 19% das situações, a pessoa desaparece e não tem como ser cobrada. Em geral, em 69% dos casos o relacionamento ficou abalado. 

Mesmo com todos os transtornos de emprestar o nome para amigos e parentes, a pesquisa mostrou ainda que 24% dos entrevistados emprestaram o nome novamente. Em 11% das situações, o novo empréstimo acontece para que mágoas sejam evitadas, ainda de acordo com o levantamento. 

Existe um ditado que prega que dinheiro emprestado, na verdade, é dinheiro dado. O grande problema desses casos, no entanto, é que os prejuízos nessas situações vão além do calote financeiro. Com o nome sujo, há uma série de desdobramentos que precisam ser considerados. A pessoa inadimplente fica impossibilitada de fazer financiamento de carro ou imóvel, tomar empréstimo, contratar serviços e pedir cartão de crédito.  

Se a situação se agravar a ponto dos credores acionarem a Justiça, é você que também precisará responder judicialmente pela dívida que outra pessoa tomou em seu nome. Vale lembrar ainda que estamos ainda vivendo um momento de instabilidade econômica. O nível de emprego ainda não voltou a um patamar razoável - em fevereiro, o IBGE apurou cerca de 13,5 milhões de brasileiros sem emprego, maior número desde 2012. Além disso, a atividade econômica ainda está se recuperando lentamente. Isso significa que o momento ainda é de cautela e todo dinheiro extra é bem-vindo para fortalecer o fundo de emergências. 

Em um contexto como esse, emprestar o nome representa um risco a mais, tendo em vista que a conjuntura é desfavorável para que o amigo ou parente consiga lhe devolver a quantia que tomou emprestado a curto prazo - assim como você também pode passar por um imprevisto e precisar do dinheiro que emprestou, ou da credibilidade do seu nome limpo. 

Para contrabalancear os fatores emocionais que vão afetar sua decisão, é importante que você faça algumas perguntas a si mesmo antes de emprestar seu nome. Você terá facilidade e abertura para cobrar essa pessoa? As chances do seu nome ficar sujo são grandes? Você pode precisar pedir um empréstimo ou fazer um financiamento em breve? O empréstimo a essa pessoa é um risco muito grande para os planos que você tem em um futuro próximo? O motivo pelo qual essa pessoa está lhe pedindo o nome emprestado é justo?

Questionar-se antes de emprestar o nome é uma forma de garantir tranquilidade até mesmo emocional. Se o empréstimo não for coberto ou você passar por transtornos com o nome sujo, certamente isso trará um grande prejuízo para a relação com o amigo ou parente. Se você dispuser de recursos de sobra e for uma situação em que sua ajuda será crucial, é mais prudente emprestar o dinheiro em espécie e não contar com o retorno dele a curto prazo. Assim, você segue com seus planos sem contar com aquela quantia e não corre o risco de ficar negativado por assumir a dívida de outra pessoa. 

Fonte: G1

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