O corpo de Valdir Pereira da Rocha, de 36 anos, suspeito de envolvimento com o Estado Islâmico e investigado na Operação Hashtag, da Polícia Federal, deve
ser levado para o município de Vila Bela da Santíssima Trindade, 562 km de Cuiabá, segundo os parentes dele. Valdir teve morte cerebral na sexta-feira (14) após ser espancado por detentos dentro da Cadeia Pública de Várzea Grande, região metropolitana da capital, de acordo com a Secretaria Estadual de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh).
Segundo Zaime El Kadre, mãe adotiva de Valdir, o corpo dele deve ser encaminhado para Vila Bela da Santíssima Trindade, município onde a mulher e os dois filhos da vítima moram.
“É o desejo dela. A mulher dele quer enterrá-lo onde os filhos deles nasceram”, afirmou, explicando, no entanto, que há uma burocracia para o translado. “Ele estava sem documentação. Então, estamos tentando conseguir algum documento para fazer a liberação do corpo e enterrá-lo”, completou. O G1 tentou, mas não conseguiu contato com o Instituto Médico Legal (IML).
A Operação Hashtag foi deflagrada pela Polícia Federal em julho deste ano visando deter um grupo suspeito de planejar um ataque terrorista durante a Olimpíada do Rio de Janeiro. Valdir Pereira da Rocha foi um dos dois presos em Mato Grosso. Ele se entregou à polícia no dia 22 de julho e foi encaminhado para o presídio federal de Campo Grande, assim como os outros presos na operação.
No dia 16 de setembro, a Justiça Federal determinou que Valdir, que não foi denunciado na operação, fosse solto com o uso de tornozeleira. Porém, segundo a Corregedoria da Penitenciária Federal de Campo Grande, havia uma ordem de regressão de pena contra Valdir, determinada pela Justiça de Mato Grosso, por conta de outro crime que ele já havia cometido e pelo qual havia sido condenado. Valdir, então, foi transferido para a Cadeia Pública de Várzea Grande no dia 13 deste mês, onde sofreu a agressão.
Valdir Pereira estava preso na Cadeia Pública de Várzea Grande (Foto: Divulgação/Sejudh)
Por volta das 12h [horário de Mato Grosso] de sexta-feira (14), o detento teria sido cercado e espancado por outros presos dentro da própria cela. Conforme a secretaria, a agressão foi contida pelos próprios agentes penitenciários.
Para Zaime, Valdir foi vítima de perseguição. “Ele nem foi denunciado na operação. Não tinha nenhuma prova contra ele. No hospital, após ser agredido, ele sorria quando falávamos com ele”, afirmou. Valdir nasceu em Tocantins, mas morava em Vila Bela da Santíssima Trindade com a família. Ele deixa esposa e dois filhos.
Operação Hashtag
A chamada Operação Hashtag pela Polícia Federal, resultou na prisão de pelo menos 12 pessoas em oito estados, segundo o Ministério da Justiça. Foram as primeiras prisões no Brasil com base na recente lei antiterrorismo, sancionada em março pela ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
Também foram as primeiras detenções por suspeita de ligação com o grupo terrorista Estado Islâmico, que atua no Oriente Médio, mas tem cometido atentados em várias partes do mundo.
Em setembro deste ano, o Ministério Público Federal (MPF) ofereceu denúncia contra oito dos investigados na operação por crimes como promoção de organização terrorista, associação criminosa, corrupção de menores e recrutamento para organização terrorista. A denúncia foi aceita pela Justiça Federal e esta é a primeira ação penal por terrorismo no Brasil.
Fonte: G1
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